MERCILESS HEART

CAPÍTULO 9

POV VICENZO

Às alianças finalmente foram seladas e começamos a atacar Bratva o mais breve possível. Aurora estava deslumbrante em seu vestido e estava recebendo olhares cujo não me agradavam. Quando ela riu sobre algo que Hendrick falou para ela, um sentimento de possesividade me tomou, andei na direção deles e a puxei para mim. Mas quando perguntei o motivo da graça, ela evitou responder o máximo possível, acabando totalmente com meu humor.

Após dançarmos por um período de tempo, olho para meu relógio e vejo que já está perto da meia-noite e já estava na hora de partir. Puxando ela na direção da porta, aviso:

— Estamos indo embora.

Ela me dá um olhar agitado mas apenas acente.

— Para onde estamos indo? — pergunta com a voz meio trêmula.

— Vamos pegar o meu jatinho e iremos para Palermo, onde você irá morar.

— Não deveríamos passar a noite em um hotel?

— De acordo com a tradição, sim, mas como estamos em uma situação de pré-guerra optei por irmos para casa, preciso ir planejar as coisas.

Ela apenas acente.

Quando chego no local onde está o jatinho, saio do carro e vou em direção a porta do passageiro. Abro para Aurora e quando ela sai passo um braço protetor envolta de sua cintura. Guio-a até entrarmos e decolár-mos para Palermo.

Após alguns minutos de vôo, Aurora adormece ao meu lado  e eu pego meu notebook para começar a planejar uma rota de fuga para os soldados que atacaram a Bratva.

Quando pousamos, dei uma cutucada suave na mulher adormecida ao meu lado, mas ela nem se mexeu. Dei outra mais forte e chamei:

— Aurora, acorde. Já chegamos.

Ela começa a despertar e abre os olhos.

— Hmmm. — murmura, a voz rouca de sono.

— Já chegamos, vamos.

Ela levanta meio grogue de sono e caninha em direção a saída, me posiciono ao lado dela quando saímos e vamos em direção ao carro. Ela passa o caminho todo em silêncio e quando chegamos em casa, já é mais de uma hora da manhã. Eu levo-a direto para o quarto e digo:

— Já está tarde, você pode tomar um banho e ir dormir. — digo a ela, mostrando o banheiro conjugado à suíte. — Amanhã mostrarei a casa à você, por hoje, descanse.

Ela olha para mim e pergunta:

— Você não vai dormir agora?

— Não, tenho muito trabalho para fazer.

Ela me olha confusa mas apenas concorda e entra dentro do banheiro.

Se ela espera que eu faça algo com ela hoje ou nos próximos dias ela está muito enganada, só tocarei nela quando tiver que ter um herdeiro. Não é porquê ela não é desejável, ela é, e muito, mas se eu cruzar essa linha estarei jogando um jogo perigoso. Saio do quarto e caminho em direção ao meu escritório.

Começo a trabalhar em minha mesa, listando os pontos fracos da Bratva – seus líderes, estruturas de poder e rotinas de segurança –, ideias para desestabilizá-los, como distrações e assassinatos estratégicos, testo técnicas de guerrilha urbana para atacar seus pontos vulneráveis, como seus centros de operação ou armazéns de armas...

Procurando por uma pasta para arquivar os meus esforços dessa noite, abro uma das últimas gavetas da minha mesa e juro que meu as foi tirado de mim.

Largando meus papéis, forço minhas mãos pegarem a fotografia que a tanto estava escondida nessa gaveta, não havia outro lugar para estar, dói demais.

Seus cabelos negros selvagens estavam espalhados para todos os lados, sua pele bronzeada brilhava sob o sol escaldante da praia na qual estava, seus olhos escuros exalavam calor e vida, mas era seu sorriso que me dilacerava, tão brilhante e feliz. Largo a foto sobre a minha mesa como ela me queimasse, mas sem tirar os olhos dela nem por um segundo.

Às memórias de seus últimos meses de vida passaram como um filme em minha cabeça até chegar em seu último suspiro. A dor. O sofrimento. A perda...

Muita coisa foi perdida naqueles últimos meses.

Muita coisa nela.

Mas principalmente, muita coisa dentro de mim.