CAPÍTULO 12

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POV AURORA

Vicenzo saiu de casa logo após o café da manhã e agora que já se passava das onze da noite e nada dele. A ansiedade de saber qualquer notícia sobre ele estava me consumindo e eu me sentia a beira de um ataque. 

Sabendo o que meu marido faz da vida, não tem como não ficar. Mesmo que esse casamento tenha como base um jogo político de poder, ele ainda é meu marido, e não quero imaginá-lo machucado.

Ou até pior...

Passando a tarde inteira sentada em uma poltrona no hall da mansão, eu estava lendo um livro, esperando ele chegar. Mas o tempo foi passando e a leitura foi avançando, eu comecei, terminei o livro, e Vicenzo ainda não havia chegado.

Só Deus sabe o que está acontecendo com ele.

***

Pulo de susto ao ouvir a porta da mansão sendo aberta e percebo que acabei caindo no sono no local que passei a tarde inteira. Vendo uma silhueta alta e musculosa se movendo pelas sombras da casa escura, me retraio um pouco, mas ao ouvi-lo, não há dúvidas de quem seja.

— O que faz aqui? Você deveria estar dormindo.

— Não consegui. — não sei o que responder.

— Não consegue dormir na cama mas consegue em uma poltrona?

Dou de ombros, insegura.

— Estava lendo um livro.

Um segundo de silêncio se segue até que ele manda:

— Vá para o quarto.

— Você não vem?

— Daqui a pouco.

Acendo o abajur na mesinha ao lado da poltrona e tapo minha boca com a mão ao ver Vicenzo coberto de sangue da cabeça aos pés, e pior, machucado. Sendo levemente iluminado pelo brilho do abajur, vejo o quão rígido ele está, me observando com cautela.

Levantando de supetão, dou alguns passos em sua direção quando ele diz:

— Não era para você ver isso.

— Você está machucado. — me engasgo com minha respiração.

— Estou bem, agora vá para o quarto, irei logo depois.

— O que vai fazer?

Ele cerra os olhos como se estivesse confuso com a pergunta.

— Vou tomar banho.

— Só?

— Sim.

— Não, você precisa cuidar desses machucados, e se infeccionar?

— Não vai. — ele garante, seu tom sempre estando sério e distante.

— Onde está o kit de primeiros socorros? — questiono, ignorando suas tentativas de me afastar.

Escuto ele suspirar cansado e saio em direção ao nosso quarto, esperando que ele me seguisse e trouxesse o kit consigo. Quando o vi banhado em sangue e com aquele corte na bochecha, um frio passou pela minha espinha, anos de abuso por parte do meu pai sendo trazidos à tona. O rosto de Celeste me veio a cabeça. O rosto de mamãe me veio a cabeça. O rosto de Noemi me veio a cabeça. Meu próprio rosto refletido no espelho me veio a cabeça.

— Você toma banho enquanto eu me preparo para fazer um curativo. — digo, e, incrivelmente, ele me obedece em silêncio. Talvez esteja muito cansado depois de fazer o que fez, seja lá o que for.

MERCILESS HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora