CAPÍTULO 34

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POV VICENZO

Aurora me trata com uma frieza desconcertante, isso é o equivalente a levar um tiro. Eu não esperava que fosse sentir tanta falta dela, mas porra, é como se ela tivesse me dado a vida e depois tirado-a de mim.

Não sinto falta apenas no quesito físico, sinto falta de seu sorriso, suas conversas bobas, como ela me agarrava durante o sono como se eu fosse seu maldito porto seguro...

O sentimento de culpa me corrói por dentro.

Agora, é minha vez de reconquistá-la.

Porra, eu preciso da minha mulher de volta.

Além da distância da minha esposa, Aurora em si está muito estranha, está indo todos os dias na casa da minha irmã, tem dormido muito, comido pouco... chego a suar frio só de pensar nela doente.

Mesmo vendo-a assim, decidi dar-lhe distância. Ela precisa disso, esfriar a cabeça.

Mas isso não quer dizer que vou ficar quieto.

— Aonde você vai? — Frederico questiona, ao me ver passar por ele.

— Embora.

— No meio do trabalho?

— Você pode cuidar do resto.

Já indo em direção ao carro, ouço-o perguntar um "Está doente?", mas não me dou ao trabalho de responder.

Dirijo até a casa de Carlotta e Lorenzo. Ao bater na porta, uma empregada me conduz para a sala de estar principal, onde meu cunhado está sentado, ninando sua filha.

Um sorriso alarga meus lábios ao ver a garotinha.

— Silêncio, pelo amor de Deus. — Lorenzo faz com a boca.

Rio da sua aparência de pai cansado.

— Daqui à pouco é você. — ele continua, sem emitir um som.

Cacete, eu espero, penso.

— Aurora? — questiono.

— Andar de cima. Conversando, sabe-se lá Deus, o que, com minha esposa. — sorri.

Faço uma pausa antes de perguntar:

— Ela está bem? Normal?

Ele franze o cenho.

— Um pouco triste, mas normal. Caralho, cara, você é o marido dela, está me perguntando isso por quê?

Porra, a cada segundo eu só fico mais irritado.

A verdade.

Ouço risadas risadas se aproximando, e sinto meu coração inflar. Aurora está rindo. E está vindo.

De repente, Francesca começa a chorar,  provavelmente por causa das risadas.

— Ah não, Cesca. — Lorenzo geme.

Não olho para trás ao sair da sala e ir em direção às escadas, de onde as risadas – e uma conversa animada – estava vindo.

A visão de Aurora é capaz de roubar o meu fôlego, e tenho que ajeitar meu pau, que está crescendo contra a calça. Se acalme, caralho.

Minha esposa está em um lindo vestido floral longo, os cabelos soltos brilhando como se fosse o próprio sol, e os olhos divertidos enquanto conversa com minha irmã.

Ela desde as escadas, com várias sacolas nos braços e um sorriso no rosto. Um sorriso que vai embora assim que ela me vê.

— Vicenzo? — Carlotta me chama, ao ver o repentino estado de choque Aurora, e olhar na direção que minha esposa encarava. — O que faz aqui? Achei que estaria trabalhando.

— Saí mais cedo.

Vejo o horror mal disfarçado em seus rostos. Eu sei, não sou assim.

— Você está bem? — Carlotta pergunta.

— Sim, só vim buscar minha esposa. Vamos sair hoje.

As duas fazem a mesma expressão confusa, como se fossem gêmeas.

— Vamos? — Aurora fala, pela primeira vez.

Assinto, deixando óbvio que ela não tem escolha. Posso estar parecendo um maldito ditador, mas vou fazer tudo para estar perto dela.

Mesmo que seje contra a sua vontade.

Ela olha para os lados, procurando uma saída inexistente para meu pedido, e logo desiste.

Não tente lutar, amor, penso.

— Vamos para casa. — forço-a um pouco mais.

Ela deixa as sacolas com minha irmã, fazendo-me franzir o cenho, antes de passar reto por mim em direção à porta da frente.

***

— Arrume-se. — falo, ao chegarmos em casa.

— Vamos mesmo sair? — ela pergunta.

Dou de ombros.

— É claro, por que mais eu teria dito que sairiamos se não fosse verdade?

— Não estou com vontade de sair.

— Pena que vontade não rege nada.

— Estou me sentindo indisposta, também.

Sorrio.

— Você está é com falta de criatividade para me arranjar desculpas.

— Sou obrigada a ir?

— Não fale como se eu estivesse levando-a para uma sessão de tortura, é um jantar.

Ela suspira.

— Por que está fazendo isso?

— Porque você é minha esposa.

— Seriamente? — seu tom é sarcástico.

— Seriamente. Agora suba e se arrume.

MERCILESS HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora