CAPÍTULO 5

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POV AURORA

Sentindo-me tonta e com uma dor dilacerante percorrendo meu corpo, abro os olhos um pouco assustada. Praquejando, franzo o cenho ao ver minha coxa envolta de uma gaze, os lençóis brancos da cama, agora vermelhos e eu vestida com um vestido preto rasgado na altura das coxas. Com as lembranças da festa de noivado invadindo minha mente, sinto como se tivesse levado um balde de água fria na cabeça. Eu levei um tiro... Vicenzo me salvou...

O resto está meio nublado em minha memória.

Nervosa para saber o que aconteceu com minha família, me forço a levantar da cama. Ignorando toda dor que sinto, vou me escorando nas paredes para andar pela propriedade. Minha casa está um caos, ao passo que há vários soldados correndo de um lado para o outro, médicos atendendo feridos pelos corredores e salas à fora e algumas pessoas conversando baixinho. Levando em consideração que todos ainda estão em seus trajes de festa, a tragédia ocorreu a pouco tempo.

Escuto uma voz familiar e ao olhar para o hall de entrada no andar de baixo, sinto o fôlego me escapar, Celeste está sentada no chão chorando ao lado de um Hendrick baleado que está levando pontos no estômago. Descendo as escadas o mais rápido que minha perna machucada permite, vou em direção a minha irmã e cunhado.

— Rory, o que faz aqui? — Celeste questiona abruptamente ao me ver, seus olhos cheios de preocupação. - Você devia estar no seu quarto.

— Você está bem? — retruco, sem prestar atenção em suas palavras.

— Sim. — ela bufa, sabendo que tentar me repreender não adiantaria de nada.

— E você Hendrick? — giro para olhar o homem no chão.

— Foi só um tiro no estômago, podia ter morrido mas passo bem. — ele riu e ser curvou de dor ao fazer isso. — Relaxa, não atingiu nenhum órgão, foi de raspão.

Me sentindo bem mais aliviada, começo a focar em outras pessoas, agora tendo que achar Noemi, minha mãe e meu pai.

Deixando o casal para trás, começo a vagar pela residência, procurando por um rosto familiar em meio a multidão. Olhando feridos e pensando sobre como a noite se desenrolou, me sinto triste e desolada, uma noite de festa e comemoração onde adultos e crianças estavam se divertindo se transformou em um pesadelo por causa dos russos. Eu não sei muito sobre essa aliança com a Cosa Nostra mas sei que tem algo a ver com a Bratva, a Camorra perdeu muitos soldados por causa deles.

Indo em direção ao quarto de Noemi, pensando que provavelmente ela vai estar lá, escuto um som abafado. Olhando em volta confusa, percebo que o som está vindo de trás de uma porta, mas não qualquer porta, é a porta. A porta que por toda a minha vida esteve trancada, a porta que eu sempre tive curiosidade e quis entrar.

Essa porta.

E agora um som está saindo dessa sala trancada.

Movida por uma curiosidade nutrida ao longo de 18 anos, vou em direção a porta, hesitando por um breve segundo, pressiono minha mão contra a maçaneta e... está aberta. A felicidade que me toma logo vai embora ao reconhecer o som que está vindo de vários degraus que se seguem de uma escuridão.

Gritos.

Gritos desesperados ecoam pelas paredes até o topo das escadas ao qual me encontro. Com as pessoas no corredor ficando curiosas por conta do som estranho, em um ato de impulso, entro na sala e fecho a porta. Os sons que ouço são aterrorizantes e me fazem tremer da cabeça aos pés.

Em meio ao breu, enxergo uma luz fraca no final de um corredor escuro. Deus, isso parece um filme de terror, choramingo mentalmente. Com as pernas trêmulas vou descendo degrau por degrau, minha ansiedade e medo aumentando conforme a dor continuava a me acompanhar.

MERCILESS HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora