MERCILESS HEART

CAPÍTULO 7

POV AURORA

"Esse assunto me pertence, ela me pertence", após ouvir essas palavras saírem de sua boca, meu coração palpita, mas sei que essa atitude é apenas a famosa possesividade mafiosa.

Papai olha para mim e fala:

— Cuidaremos disso mais tarde!

Antes que ele pudesse sair do quarto, Vicenzo segura seu braço novamente e diz:

— Se você tocar em um fio de cabelo dela se quer,  eu te mato, isso é uma promessa. Nem essa maldita aliança poderá te salvar. Estamos entendidos?

— Sim, Bertocchi. — diz meu pai e sai do quarto.

Meus olhos estão focados em Vicenzo, ele olha para mim ao profirir:

— Devido ao incidente que aconteceu ao nosso noivado e outros demais fatores, o nosso casamento será adiantado para o dia 13 de agosto.

Assinto com a cabeça e ele apenas sai do quarto sem dizer nada. Eu nunca ousei desafiar meu pai, mas quando ele veio ao meu quarto e nem se quer falou da morte da minha mãe, o ódio me tomou. Minha mãe aguentava tudo calada, ela morreu sem ter tido a chance de ser feliz. Eu explodi, não aguentei. Apesar de saber das consequências de desafiá-lo. Por isso quando Vicenzo entrou em meu quarto e em defendeu, fiquei surpresa. Ninguém nunca ousou falar desse jeito com meu pai.

Só ele.

O nosso casamento foi adiantado, e agora sem minha mãe para me auxiliar, não sei o que fazer. Não sei como irei contar para Noemi, e não sei como protegê-la de meu pai. Começo a chorar por tudo o que aconteceu. Choro descontroladamente até ouvir uma batida na porta.

Noemi adentra o quarto e, por um momento, me permito sentir alívio por ela estar sem nenhum arranhão. Seus olhos verdes brilham com lágrimas, seu rosto está vermelho e seus cabelos dourados estão presos em um perfeito coque baixo. Parada ao lado da porta vestida com sua enorme camisola de dormir, ela parece tão pequena e tão frágil quanto uma criança de 10 anos pode parecer.

— A mamãe... — ela soluça.

— Eu sei. — recebo-a quando ela enlaça seus pequenos braços por meu pescoço, chorando contra mim.

— Eu vi tudo, a mamãe morreu na minha frente. — ela choraminga.

Meu coração ameaça sair pela boca ao ouvir essas palavras. Ela viu... na frente dela. Sentido uma das piores dores que já senti em toda a minha existência, não consigo imaginar como deve estar sendo para ela. Perder a mãe diante de seus olhos de uma forma tão brutal.

— Hendrick me salvou, ele levou eu e Celeste para meu quarto e depois voltou para o jardim. — ela continua a contar.

Como posso dizê-la que daqui a um mês irei embora?

"Você nunca estará sozinha Noemi, isso é uma promessa!" sinto raiva ao lembrar de minhas palavras, não vou cumprir minha promessa. Agora, sem minha mãe, ela estará sozinha. Por conta própria com ele.

Só me livrei de uma surra de papai hoje por causa de Vicenzo, mas minha irmãzinha não tem ninguém para protegê-la, e agora que nossa mãe morreu, toda a fúria de nosso pai será direcionada à ela.

— Noemi, preciso te contar uma coisa. — falo com a voz fragilizada enquanto afago seu cabelo sedoso. Ela me encara com seus enormes olhos de corça, brilhantes por conta das lágrimas, em expectativa. — O casamento foi adiantado para o mês que vem.

Essas palavras custaram muito para sair da minha boca, e sua reação só me provou o quanto eu estava certa em hesitar. Vejo uma guerra ocorrer dento dela, raiva e tristeza conflitando em seus olhos verdes.

— Você não pode me deixar. — sua voz sai em um sussurro, ela sai da cama de supetão e, por um momento, parece completamente perdida. — Você não pode...

— Noemi...

— Não! Você vai me abandonar, você falou que eu nunca iria estar sozinha. — ela enxuga o rosto de forma desesperada. — Eu estou sozinha.

Ela cambaleia para o lado e suas mãos vão para o pescoço, como se estivesse com falta de ar.

Vou em direção a garota que parece estar tendo uma crise de ansiedade. Assustada por nunca tê-la visto assim antes, envolvo meus braços ao seu redor enquanto vejo-a lutar por ar.

— Shhh. Calma, vai ficar tudo bem. — tento mentir, sua atual situação me apavorando. Seus soluços estão misturados com seus engasgos em uma tentativa de puxar o oxigênio para dentro de seus pulmões enquanto ela treme da cabeça aos pés. — Vai ficar tudo bem, Noemi. — afago seu cabelo. — Olhe para mim.

Ela levanta seu olhar para mim.

— Agora tente puxar o ar e soltar bem devagar. — ela faz isso até sua respiração normalizar e quando isso acontece eu a abraço. — Eu vou fazer todo o possível para te proteger, isso é uma promessa, está me ouvindo?

— Sim, eu não quero te perder como a mamãe.

— Você não vai, eu prometo.