MERCILESS HEART

CAPÍTULO 35

POV AURORA

Não sei o que Vicenzo está armando, ele está muito estranho. Como assim ele saiu mais cedo do trabalho? O homem que voltava tarde para casa só para ir direto para o escritório?

Algo me diz que isso não está certo.

Nunca saímos antes de Noemi, então, por que agora?

Por que logo agora? Justo quando não estou hormonalmente estável para lidar com ele.

Quando eu disse que estava indisposta, era verdade. No caminho para casa, uma tontura tomou conta de mim que fiquei surpresa por não desmaiar no carro.

Quero me manter o mais longe possível dele, se Vicenzo descobrir sobre a gravidez, será um desastre.

Eu sei que uma hora isso vai acontecer mas... não sei, acho que meu tolo coração ainda tem uma pequena esperança de que ele se apaixone por mim.

Burrice.

Me arrumo rapidamente e desço ao encontro dele.

— Vamos? — chamo.

Andando até o carro, tento ignorar o fato de Vicenzo estar extremamente lindo. Ele abre a porta do carro para mim e segundos depois está ao meu lado, no banco do motorista.

— Você está diferente. — ele diz, e me remexo no meu lugar.

Encolho os ombros.

— Como assim?

— Não sei, parece que você está brilhando.

Franzo o cenho.

— Han?

— Você entendeu, é como se você estivesse, não sei, mais brilhante.

Chegamos ao restaurante, e quando começo a abrir a porta do carro, me assusto no momento em que Vicenzo se joga em cima de mim para fechá-la.

— O quê...? — não tenho tempo de terminar até ele sair apressado para poder abrir a minha porta.

— Sua mão. — ele pede, estendendo a sua.

Se eu estivesse um pouco melhor, teria forças para lutar contra ele, mas sua mão segurando a minha é uma estabilidade necessária para mim.

Posso ver sua surpresa mal disfarçada ao me ver aceitando sua mão.

Ele me guia para dentro do restaurante e somos levados para um lugar mais reservado. O local tinha pouca iluminação e uma vista deslumbrante para a cidade à noite.

Depois de de fazermos nossos pedidos, olho para a parede de vidro, observando a bela cidade. Palermo é linda, tanto de dia quanto de noite.

— Podemos conversar? — Vicenzo pede. — Acho que há muitas coisas entre nós que precisam ser esclarecidas.

Olho para ele, seu olhar quase preto sob a pouca iluminação.

Sem forças – ou vontade – para discutir com ele, mantenho a voz baixa:

— Há algo a ser dito? Acho que já está tudo muito óbvio.

— Não. Nós nem conversamos sobre o que aconteceu...

— Você gritou comigo, Vicenzo! Se isso não é uma mensagem clara, o que é?

Ele suspira cansado. Tirando algo do bolso, vejo-o com uma pedrinha brilhante na mão. Um brinco. Meu brinco.

Ele passa para mim na mesa.

— Obrigada, achei que tinha perdido. — falo ao pegar a jóia.

— Me desculpa. — ele pede, de repente. — Eu estava de cabeça quente naquela hora, não devia tê-la tratado daquele jeito, não deveria ter gritado com você. Não soube lidar com as emoções depois que vi aquela caixa.

— Se você quiser ter um futuro comigo, Vicenzo, vai ter que deixar o passado para trás.

Ele acena com a cabeça, pensativo.

Cansada da discussão e sentindo que o assunto havia terminado, decido ir ao banheiro.

— Vou ao banheiro.

Quando me levanto, minha visão de torna embaçada e sinto minha cabeça girar. Tropeçando, sinto braços fortes me segurarem, mantendo-me firme.

— Aurora. — ouço a voz, cheia de preocupação, de Vicenzo. Tocando meu rosto com suavidade, ele detém toda a minha atenção. — Você está bem?

Tentando me afastar de seu toque quente, falo:

— Estou bem, foi só uma tontura.

— Vamos, vou te levar para o hospital.

Arregalo os olhos.

— Não, por favor, não há necessidade. Foi só um mal estar repentino.

Ele ainda me observa, olhos em alerta.

— Eu me sentiria melhor se você fizesse uma checagem, só para ter certeza.

— Bom, aí eu não me sentiria bem. Só preciso descansar, tenho certeza que amanhã estarei muito melhor.

Vicenzo parece querer me arrastar para um hospital de qualquer jeito, mas se contém. Provavelmente não querendo me estressar.

— Então, vamos para casa.