Capítulo 48

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Dilema

E

lá estava Yeonjun, sentado no telhado da escola, observando o céu parcialmente nublado sobre si. Anotou mentalmente: nunca mais iria ficar em um lugar como aquele para pensar de novo. Ficar olhando o céu cinzento por si só já era algo depressivo.

O motivo de pensar isso? Estava tendo uma longa tarde de reflexão sobre o que Yeji havia dito a ele no dia anterior. Não que quisesse pensar sobre o assunto, mas suas palavras simplesmente não saíam de sua cabeça. E para piorar, ainda faziam ele se sentir pior do que já estava.

Não queria admitir que ela estava certa. Isso passava longe de sua cabeça no momento. Como sempre, deixava o orgulho falar mais alto.

Toda aquela situação o deixava pra baixo, inevitavelmente. O Bang, o fato de não poder usar seus poderes... Tentava ao máximo conter esses sentimentos, não com pensamentos positivos, mas com o contrário.

Tentava ser o mais realista possível, exatamente para não ter suas esperanças despedaçadas caso as coisas não dessem certas. E se tratando de um meio demônio preso ao seu corpo, já era difícil ter algum tipo de esperança.

Yeji seria a única coisa que conseguiria o fazer melhorar, mesmo que pouco, mas agora ele estava preso em um dilema de não falar com ela ou falar e ter de admitir que se sentia mal. E essa segunda opção com certeza era descartável.

Sua linha de pensamento é cortada ao notar uma aproximação repentina. Virou o rosto para trás, notando uma figura conhecida surgir na porta que dava acesso às escadas. De imediato sua feição fechou.

— Olha só quem está aqui... — Ela comentou mostrando desânimo antes que ele fosse capaz de dizer algo.

— O que está fazendo aqui, Wonyoung?

— Eu é que pergunto. Achei que vocês, mocinhos, não ficassem cabulando aula.

Ele bufou.

— Eu não sou o mocinho.

— Jura? — O tom era habitualmente indiferente, porém dessa vez era possível notar uma leve curiosidade.

De fato, Yeonjun não era mais vilão, mas ainda havia algo que o impedisse de se ver um herói, ou mocinho, como Wonyoung dizia. Se era a falta de reconhecimento dos outros cidadãos, ou até mesmo o Bang, não sabia. Apenas se sentia assim.

— E aí? — Ele falou, observando-a pelo canto do olho enquanto ela recostava sobre a parede e começava a dedilhar no celular que havia tirado do bolso. — Não vai sair não? Eu tô aqui.

— E daí? — Falou sem tirar os olhos do aparelho.

— "E daí" que eu cheguei aqui primeiro! Cai fora, garota! — Gritou impacientemente.

— Iiiiih, está mal-humorado hoje, Tijolo? — Zombou ela, fazendo o rapaz bufar novamente. Um sorriso brincou em seus lábios. — Deixa eu adivinhar... brigou com a namorada?

— A Yeji não é a minha namorada! — Disse rapidamente.

— Eu não havia dito que era Yeji, mas se a carapuca serviu...

Yeonjun arregalou os olhos, escondendo por trás dos joelhos a face avermelhada. Como gostaria de ter motivos para chutá-la daquele telhado naquele momento.

Wonyoung soltou uma risada forçada.

— Mas como eu dizia... parece que eu estava certa. Realmente, não é mais tão difícil ler você depois que começou a andar com aquelas garotas.

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