48. Ossos do passado

2 1 0
                                    

-Espera, o meu Jake? - pergunto ainda tentando processar a informação- O meu Jake Kan? - digo e ele assente.

-Olha eu sei que é difícil mais preciso que me escute, se eu tivesse descobrido isso antes eu juro, que ele nunca se aproximaria de você. - responde ele.

-Nathaniel, eu estou quase parindo não me assuste agora. Não é um bom momento para discutir assunto macabro. - digo agoniada e me levanto andando de um lado para o outro.

-Eu preciso que me escute Ruby. - pede ele e eu o encaro.

-É Lidy. - respondo fria, o que diabos eles sabia?

-Tudo bem, mais preciso que se sente. É uma longa história.

* * *

Quando nos conhecemos, Jake me contou que estava gostando de uma garota. Ela não era uma garota qualquer mas tinha suas melhores qualidades: linda, delicada, gentil, amável, pobre mas trabalhadora. Havia um bar em que íamos juntos antes de eu ir para a tripulação, eu não me lembrava da garota, não até eu ver a sua foto acidentalmente. Seu nome era Lidy Chopper, uma garota loira e era garçonete daquele estabelecimento, por isso íamos sempre naquele mesmo lugar. Talvez por causa de eu estar cheio com a papelada de licença e essas coisas, eu não percebi que Jake e Lidy estavam apaixonados, ou melhor, já estavam arrumando planos para fugirem dos pais rigorosos da menina.
Eu não tive muito acesso a história deles, escutei rumores que nunca acreditei que eram verdades. Se bem, que uma parte era inegável.

* * *

-Vai me deixar curiosa? Já não basta me deixar aflita? - digo e ele ri- O que você ouviu?

-Eles acabaram se casando, mas não saiu como esperado. Ouvi rumores que depois de fugirem, ele teve um ataque de raiva e matou a pobre garota. Desde então procura uma igual ou Aparecida. - diz ele e eu penso.

-Mais eu não sou igual, sou... Descolada? - falo pensando e o mesmo ri.

-Bem isso não podemos negar, mais sim, mas deixe-me perguntar, você chegou bem frágil no vilarejo não foi?

-Nathan você sabe que um pouco sim. - digo desconfortável.

Aquela época foi muito tenebrosa para mim, Mike estava em todo canto e isso me assustava.

-Você mudou seus hábitos depois de ter o Wen. - disse ele e eu ri.

-Claro que não! - falo rindo.

-Óbvio que sim, queis ver? - fala ele já sabendo a resposta- Você usa vestido. - argumenta ele.

-Tá mas é muito mais confortável agora na gravidez. - digo e ele nega.

-Não, não, não, antes mesmo de engravidar denovo você usava vestidos. Se tornou mais simpática, "agradável". Ganhou o mesmo nome que a falecida... - continua ele argumentando até eu dizer "pare" num tom suficiente para ficar só no quarto.

-Até onde você que chegar com isso?! - digo e ele se levanta acariciando os meus ombros até a curva do cotovelo.

-Temo que ele possa estar envolvido no assasinato das moças. - disse ele- Diziam que depois da ex-falecida ele achava outras e acontecia a mesma coisa.

-Ele não vai fazer isso. - rebato.

-Como pode ter tanta certeza? - pergunta.

-Porque... porque... - repito tentando argumentar- Quer saber?! Eu não me importo, se ele quiser me matar eu não ligo! Morrer pra mim seria um alívio! - surto e ele se assusta com as últimas palavras- Você acha que eu tenho medo de morrer? Dessa caça idiota? Eu passei os últimos meses com medo e muita dor! E ninguém, absolutamente ninguém estava comigo nessa! - continuo pondo toda a minha raiva para fora- Quem eu queria que estivesse no meu lado naquele momento difícil estava MORTO! morto! - digo e logo me sento na cadeira balanço perto da janela me aguentando para não chorar.

-Eu... eu sinto muito. - diz ele.

-Não, não sente. Você estava bem aliás, era isso que você queria o tempo todo não foi? Ser capitão. - debochei.

-Eu nunca fiz isso! Tudo bem que a gente podia discordar mais não pode me culpar por isso, eu também sofri e muito! Você acha que eles me ouviam?! Você era a única que eles escutavam! - berra ele e eu presto atenção no seu rosto enfurecido- O único que eu tinha apoio era o cabeção do Haruki, o pivete pelo menos me escuta até hoje. Demorou muito para conseguir ter o respeito que você teve, e quando estava perto eles atacaram. Mataram, assassinaram, torturaram, basicamente fizeram uma festa de sangue e tortura. Os que resistiam eram poucos, a maioria morria ou era possuída num exército sem fim.

-Você disse exército? - pergunto e ele para tentando entender o porquê da pergunta.

-Sim, eles se renegeram depois do 3° mês. Espera, você lutou com eles? - pergunta confuso.

-Eh, eu acho que eu já disse isso Nathaniel. - digo confusa.

No mesmo instante ouvimos um barulho grande na cozinha. Nós encaramos com medo, podia ser o nosso inimigo. Nathan abriu a porta e eu fui atrás de si, gestante não é fácil. Mas o medo acabou sendo em vão quando vemos que era apenas Kan batendo as panelas um na outra com um pano de louça no ombro e Wen atrás com frigideira fazendo a mesma coisa.

-Aparecem inofensivos mais é. -digo e Nathaniel ri comigo enquanto apreciamos a cena deles se divertindo.

-Preciso ir, Hikari me mata se eu não ficar com a bebê. - diz quase saindo.

-Espera, bebê? - pergunto e ele volta desconfiado.

-Sim, a nossa bebê. Nasceu há um mês atrás Lidy, não se lembra? - pergunta e penso.

-Não...

-Bom, é uma menina. O nome dela é Anne, linda demais! Aliás, acho que você deve ter bebido algo pesado no dia, porque ela nasceu na tua sala de estar... - diz e eu o olho como: serio isso?

-Ok, ok, me poupe esses detalhes. -digo o empurrando para fora- De um beijo na Anne por mim, um oi para Hikari e te cuida papai respondão! - brinco e ele sai gargalhando até alguns minutos a outra cabana.

Eu realmente devo estar doidinha da cabeça, fecho a porta e fecho que a brincadeira continua. Rio da palhaçada e chego perto deles.

-Quero brincar também! - falo animada e eles me recebem com um sorriso de orelha á orelha.

A Capitã e o pirata [Volume 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora