A Capitã e o pirata [Volume 1]

52. Uma explicação?

~Antes de encontra-lo.

-Pode conversar comigo por favor? -pergunta Kan, aparecia exausto depois de subir tanto.

-Cale a boca e me ajude a procurar-lo. -respondo fria-Wen! Responde a mamãe querido, eu estou aqui! Não precisa ter medo, eu estou aqui. -grito e sinto meu coração despedaçar por não obter respostas.

-Olha Lidy eu... - ele tenta conversar comigo me pegando pelo braço mas eu desvio e pela primeira vez olho em seus olhos, ele sentia pena, medo e compaixão e eu o oposto disso.

-Agora não, se não for ajudar desça o morro. - respondo e ele suspira.

-Faz três horas que estamos aqui e este é o seu quase centésimo grito, ele não está aqui. - diz ele e eu me viro.

-Faça oque quiser, eu não vou sair daqui sem ele. -digo e continuo andando, logo ouço seus passos se movimentar pelas folhas secas só que eles não aumentavam, eles iam subindo gradativamente.

Deixo uma lágrima escorrer sobre meu rosto e vou me desmontando no chão, até estar sentada de joelhos. E então sinto algo pousar no meu nariz, era a mesma borboleta, sorrio e seco minhas lágrimas, estendo as costas da minha mão esquerda e ela pousa ali. Portanto não demorou muito para ela desmostrar que queria me mostrar algo.

-Agora não, estou procurando uma criança de cabelos marrons e olhos verdes, mais ou menos dessa altura. -desmostro o tamanho dele-Você o viu? - e em resposta ela voa até uma certa direção e me espera que eu a acompanhe.

Não me restava nada, apenas fé e esperança. Saí andando em sua direção, percebo que quando mais eu a acompanho mais fundo eu entro, começando a questionar o local ao olhar o redor quando eu olho para frente novamente vejo uma criança brincando com os gravetos.

-Wen?! -pergunto deixando cair mais lágrimas rolarem pelo meu rosto e vou até ele, sim é ele.

-Oi mãe, estou tentando fazer uma fortaleza olha! -mostra ele o pequeno forte de madeira com os gravetos.

-Uau querido, como você fez isso? -pergunto me sentando ao seu lado.

-Ele me ensinou. - disse Wen arrumando o forte.

-Ele quem querido? - pergunto desconfiada-Ele te fez algum mau? -continuo e a criança nega com a cabeça.

-Eu te vi saindo para tia Hikari e não voltar depois de vir aqui, pensei que poderia te encontrar mas acabei me perdendo aqui e então ele me acalmou, me ensinou a fazer um forte para um menino forte. Viu mamãe? Eu sou um menino forte. -conta ele e não posso deixar de sorrir.

-E quem era ele? -pergunto e Wen para o que estava fazendo para pensar.

-Eu não sei, eu só conheci-o hoje. Aparecia ser um anjo caído do céu.- diz ele e rio.

-Anjos não existe querido, deve ser delírio seu. - digo.

-Mas ele existe! Eu o vi e agora somos amigos, eu tenho um amigo mamãe! -rebate ele e eu fico triste pela situação.

-Eu sei que você se sente sozinho meu amor, mas não pode confiar em qualquer um entende? -digo acariciando seu rosto.

-Mãe, ele não para de te olhar, acho que... - nao deixo ele terminar de falar, ajudo a se levantar e tirar a poeira, logo dou minha mao a ele e o insentivo a ir comigo. Eu havia decorado um pouco do caminho até aqui.

Wen olha para trás como se estivesse se despedindo de alguém enquanto finjo ignorar isso, aquilo me dava arrepios. Olhei para trás preocupada, mas logo segui em frente. E se fosse ele? Eu não estou preparada para isso Mike, ainda não. Penso e suspiro, aquela foi a ultima vez que olhei para tras. Se fosse verdade agora, será que estaria decepcionado? Sera que era um inimigo? Eu devia confiar em quem? No meu proprio filho ou em Hikari?

Continuo rodando os pensamentos de questionamentos, até que finalmente saimos da floresta da montanha e lá de baixo do morro havia Nathaniel, Haruki, Hikari, Soraya e as duas cabecinhas ruivas. Wen solta minha mão para descer animado até o restante, a medida que eu chego perto percebo que faltava uma figura: Jake Kan.

-Onde ele está? -pergunto ao chegar perto demais deles.

Ninguém sabia oque responder.

-Lidy eu sei que é difícil digerir tudo isso agora mas por favor, alimente-os. -implora Soraya e entrega o meu ruivinho enquanto Hikari segura a minha menina, suspiro pesado e vejo como Nathaniel segura sua propria filha.

Eles perceberam e Soraya e Hikari se entre olharam preocupadas enquanto pego o meu ruivo partindo para dentro, elas me acompanham.

-Está tudo bem entre vocês Lidy? -pergunta Soraya.

-Tudo, porque não estaria? -digo firme, eu não iria desabar ali.

-Kan veio arrasado, partiu para a floresta perto das muralhas. Aquela onde te encontramos. -informa Soraya e sinto os seus olhares de pensar em mim.

Sorrio, isso era tão estúpido.

-Ele é grande o suficiente para cuidar de si sozinho, eu não vou busca-lo tão cedo assim. -respondo- Quem sabe assim não pensa melhor? -emendo e logo troco os bebês para alimentar a menina desta vez.

-Lidy, eu estou com medo. -Hikari fala me fazendo gelar, olho em seus olhos procurando algum motivo e entao sorrio como forma de conforto-Ele estava incontrolável. -finaliza tirando o sorriso do meu rosto, entendo no mesmo momento oque significa.

Termino de dar de mama para as crianças, me ajeito e entro na casa. As duas logo vem atrás com os bebês atrás enquanto eu abro a porta do meu quarto, ponho um banquinho perto do guarda-roupa velho, alcanço o alto do mesmo e retiro de lá uma espingarda. Refaço os mesmo passos para descer e guardo o banquinho enquanto elas me olham assustadas.

-Isto é para os ursos, cuidem das crianças. - digo apontando para a arma, no mesmo instante pego uma calça e uma camisa, elas saiem para eu trocar e saio com fúria escondida por um sorriso para cumprimentar alguns dos moradores e quando me perguntam o motivo da arma falo que vou caçar os ursos.

Mas havia algo aí. Se Jake realmente matou a ex-esposa, não faria diferente com as crianças se o encontrassem. Sigo essa linha de raciocínio e vou entrando floresta adentro, até a casinha do menino que mora com o irmão. Chamo seu nome mais não há resposta, abro a porta e vejo que nenhum dos dois estão ali. Merda. Digo e corro em qualquer direção a procura deles, até que vejo pegadas de lama.

-Ethan! Ethan! -grito sem resposta até que ouço um rosnando.