ANA
Já tinha adiantado toda a minha parte para amanhã. Agora precisava ir para os quartos. Vasculhar as coisas.
O problema era... não fazia ideia de qual quarto era de quem. Só conhecia a cozinha, o escritório da dona Marina, o quarto da Maya e um dos banheiros.
Aqui tinha uma imensidão de cômodos.
Ai caramba.
O jeito era improvisar.
Abro a porta do quarto da pequena e olho os lados, conferindo se não tinha ninguém antes de sair silenciosamente.
No pior cenário, eu falo que me perdi e desmaio.
Ando na ponta dos pés pelas portas da casa. Testando as maçanetas e torcendo pra não ter ninguém nos quartos.
O andar de cima mais tinha quartos do que outras coisas. Acho que os pais dele moravam com ele, o que me deu curiosidade sobre o pai de Dante que ainda não conheci e nem foi mencionado na história.
O quarto dos pais dele parecia bem simples, com porta-retratos da neta, do Dante mais novo e deles dois mais novos.
Não me demorei muito lá porque se fosse pra achar alguma coisa, acho que só nos escritórios mesmo.
Passei por mais alguns quartos e até o mesmo quarto do Dante vi. Ali eu me demorei menos ainda, porque só de estar perto da cama daquele homem, já me sentia meio zonza. Conseguia nem pensar na ideia com clareza.
Desci na certeza que os escritórios seriam o melhor lugar. Sei que só tinham dois aqui.
Pelo que entendi, o pai de Dante ainda era o sócio majoritário da empresa. Dante era o designer chefe, que criava peças belíssimas que eu e minha irmã vimos no site. Tinha até mesmo uma coleção toda intimada de Maya. Era uma graça.
O primeiro escritório que entrei, foi da dona Marina. Já sabia onde ficava e como era por dentro.
Comecei pelas gavetas, estando crente que não teria nada lá. Até que em uma das gavetas eu bati em algo com a mão.
Era oco... um fundo falso! Havia uma fundo falso na gaveta e isso me deu um certo medo e ao mesmo tempo uma adrenalina louca.
Havia um extrator de grampo na mesa e utilizei para abrir o fundo falso. Ali estavam alguns papéis e um saquinho marrom antigo.
Peguei rapidamente os papéis, já tirando foto de tudo sem olhar direito. Não havia tempo para isso, alguém podia aparecer a qualquer momento e eu precisava ser rápida.
Estava prestes a pegar o saquinho marrom de aparência antiga até ouvir um barulho se aproximando.
Droga!
Guardei tudo o mais rápido possível e botei no lugar o extrator.
Me levantei, procurando uma saída.
As vozes foram se aproximando...
Merda, merda, merda.
Olhei desesperada a minha volta, procurando uma saída e encontrando a única: a janela.
Que bom que o escritório ficava no primeiro andar.
Sem pensar muito na loucura que estava cometendo, me apoiei no parapeito e pulei direto nas flores plantadas ali no canteiro.
Era cada humilhação...
Ignorei cada músculo doendo e me agachei ali, esperando ouvir quem entraria.
— Claro que você é bem-vinda aqui, Cora! Não sei quem disse que seria o contrário... – Era a voz da dona Marina falando com alguém.
Mais uns segundos passam e ela volta a falar.
— Tenho certeza que Dante vai adorar rever você! Esses dias mesmo havíamos falado de como vocês cresceram juntos e tiveram uma juventude tão bonita...
Cresceram juntos? Cora? Quem é Cora?
— Vocês dois são pessoas completamente diferentes agora. Anos se passaram e você foi a última mulher que Dante teve algo sério. Ele nunca mais conseguiu se ligar a ninguém depois de você e tenho certeza que foi porque o vocês tiveram era forte demais.
Anos????
Última mulher que ele teve algo sério?
Essa Cora era uma ex do Dante?
E ela viria pra cá? Por que ela viria pra cá?
Meu coração começa a bater descompassado e sinto a garganta seca. O que era isso? Um infarto? Um quase derrame?
Era possível ter tudo isso só com uma notícia ruim? Ou eu estava apenas magoada com a situação?
Alguns minutos se passaram da conversa até eu ouvir despedidas e a porta do escritório dela voltar a abrir e fechar.
Ela foi para o escritório para conversar com essa tal de Cora sobre ela visitar a mansão. Pra que? Por que?
Se essa pessoa era tão bem-vinda assim, era claro que ela podia ter falado com ela em qualquer canto da casa.
A não ser...
A não ser que seja uma surpresa.É isso! A vinda dessa mulher é uma surpresa que tenho certeza que Dante não sabe. Será que ela é mesmo bem-vinda? Será que ela é mesmo tão importante para o Dante?
E o mais crucial de tudo: será que ela era mesmo tão importante assim pra ele?
E caramba, por que isso era da minha conta? Aquele homem intragável podia ficar com quem ele bem entendesse! Ele não era da minha conta.
Ele não era da minha conta.
Tinha que repetir essa frase como um mantra na minha mente quantas vezes fossem necessárias até a ficha cair.
Levanto dali quando percebo que a barra estava limpa. Me alonguei e senti tudo doer. Provavelmente tinha planta até no cabelo, por isso balancei o cabelo e fiz um coque rápido e bati a terra da minha roupa da melhor forma que pude.
Estava dando a volta para entrar pela cozinha, quando ouço.
— Ana! Veio brincar com a gente? – A voz da pequena Maya me alcança junto com seu sorriso de orelha a orelha.
Atrás dela estava Dante, com um cenho franzido enquanto me encarava.
E é aí que eu percebo que ele deve estar pensando de onde eu vim.
Droga.
Acho que esta na hora do desmaio.
E essa é a última coisa sensata que penso antes de fechar os olhos e cair.
_______________________________________________________
VOTEM! COMENTEM!
Será que ela fingiu mesmo ou foi real? Hahahahaha
VOCÊ ESTÁ LENDO
ENFIM, LIBERTA
RomanceSINOPSE: Ana sempre sentiu um vazio, uma desconexão com o mundo desde criança. Ela foi abandonada quando bebê na porta de um orfanato e adotada aos doze junto com sua irmã de coração. Mesmo assim, ela se sentia estranha. Esse vazio só aumenta quando...