CAPÍTULO 4

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Gente, me perdoem pela demora.
Tive alguns problemas que minha cabeça estava cheia demais e me enrolei.

Boa leitura!

ANA

— Já sabia do falecimento dona Dora, então imaginava que fosse uma de vocês que tivesse me contactado. Meus sentimentos pela perda de vocês. A mãe de vocês era uma mulher rara. – O investigador Davi Pinheiros parecia o clichê do que você esperava de um investigador de filme de mistério ou suspense.

Até mesmo um sobretudo e um chapéu na cabeça o homem tinha.

— Nós agradecemos suas condolências, mas o senhor sabe o motivo de estar aqui. – Minha irmã diz.

Apesar dos pesares, ela estava se mostrando forte diante de todas as informações. Estávamos uma mostrando apoio para a outra.

Estávamos todos na sala, eu no sofá com a minha irmã e o investigador sentado na poltrona da frente.

Davi balança a cabeça concordando e alcança dentro do sobretudo para tirar um envelope.

— A sua história você já deve saber, não é, Sara? Se quiser podemos ver com um advogado sobre seus direitos, apesar que a mãe de vocês já deixou tudo no nome das duas mesmo. Agora sobre você, Ana, fiquei mais e mais focado, e finalmente achei uma pista.

Ele abre o envelope e tira um saquinho, um caderninho bem surrado, e um pano que já havia visto dias melhores.

— Quando percebi que havia encontrado nada, resolvi voltar meus passos e fui no Orfanato conversar de novo com as freiras. Dessa vez, elas tinham feito uma obra e mexeram em algumas coisas que estavam guardadas e encontraram alguns objetos antigos, e dentre esses objetos, estava a manta que você estava enrolada que tinha algo junto.

Ele me entrega e toco aquilo tudo sentindo meu coração bater tão forte que pensei que fosse possível todos escurarem.

Ao tocar o pano, podia ser louco isso, mas podia jurar que ouvi um choro de bebê e um acalento ao mesmo tempo.

Ao pegar o caderninho, senti minha mão suada e um arrepio no corpo todo. Era como se o que eu fosse encontrar ali iria mudar tudo.

De novo isso. De novo esse sentimento de que nada seria como antes.

E talvez realmente não seja.

Só bastava saber se isso era bom ou não.

Agora o colar estava em um saquinho e quando vi, percebi que não era um simples colar, era um relicário. Bem antigo, arranhado, mas era lindo. Era de prata, em formato oval cheio de arabescos na parte da frente e de trás. A corrente era simples e atrás tinha um pequeno DDL parecendo riscado grosseiramente. Ele não tinha nada dentro dele, apenas novamente DDL riscado e ADC.

O relicário queimava na minha mão. Pude sentir meus olhos se enchendo de lágrimas enquanto encarava ele.

Tinha alguma coisa estranhamente triste e bonita nele.

— Posso ver? Eu só peguei tudo que elas me deram sem olhar com calma. – O investigador pede e por um momento ergo meus olhos para ele e penso em negar.

Não!

O relicário queimava na palma da minha mão como se fundisse comigo mesma. Era meu. Eu sabia disso.

Mas não entendia direito o por que.

Mesmo a contragosto, entrego o relicário para ele que encarava minuciosamente.

— Hmmm, essa forma de arabescos, essas inicias gravadas... – Ele divaga antes que algo pareça iluminar suas feições. — Tenho uma pista que pode ser interessante, por isso queria saber se posso levar o colar comigo?

— Não. – Falo mais rápido do que queria. Me endireito antes de voltar a falar. — Perdão, mas é que não gostaria de me separar das únicas coisas que me ligam a minha história, entende?

Davi me olha com compaixão como se entendesse meu dilema.

— Sem problemas! Vou apenas então tirar algumas boas fotos e levar a uma loja antiga, especializada em joias e artefatos valiosos.

Minha irmã aperta a minha mão.

— O que o senhor acha? Que talvez o relicário seja algo valioso?

O investigador torce os lábios como se estivesse pensativo.

— Esses arabescos e essa inicial não me são estranhas, e acho que isso pode ser uma pista. É um colar rústico, como se fosse um protótipo antes de novos surgirem. Não sei direito a ligação de tudo isso, mas uma coisa tenho certeza, prometi a mãe de vocês que desvendaria tudo isso. A mãe de vocês foi uma mulher incrível e que amava e queria proteger sua pequena família a todo custo.

Nós duas nos emocionamos a ouvir as palavras do investigador. Nossa mãe era assim mesmo. Uma leoa capaz de nos proteger de tudo e ao mesmo tempo querer botar o mundo aos nossos pés.

Ficamos mais um tempo conversando e ele também tirou foto de tudo, mas minha mente não estava mais ali.

Foi muita coisa, muita informação, muito tudo.

Pedi licença a todos e resolvi deitar. Podia sentir o início de uma dor de cabeça chegando,  e aproveitei para tomar logo um remédio.  Minha irmã se sentia da mesma forma. Acho que ambas queríamos tirar a noite para pensarmos nisso tudo.

Depois de um banho quente, fiz minha rotina noturna e deitei na minha cama encarando meus novos pertences na minha mesa de cabeceira.

Quando a doença da minha mãe piorou, eu tirei uma licença do trabalho e minha irmã teve que contratar mais pessoas para ficarem no seu lugar na sua loja.

Meu quarto que já teve as paredes pintadas de roxo, agora era todo branco com uma parede marrom com desenhos feitos à mão em branco. Traços delicados que harmonizavam meu quarto. Uma mesa espaçosa encostada nessa parede com meu notebook e luminária.

Um armário encostado na outra parede, minha cama king no meio e uma TV de quarenta polegadas pendurada na parede acima da minha mesa. Era tudo de madeira rústica, até minha luminária. A maior coisa moderna ali era a minha cadeira com encosto apropriado para ficar horas trabalhando ou estudando.

As janelas agora estavam fechadas, e os blecautes de cor creme cobriam as luzes da lua da fora. Apenas a luz fraquinha da minha luminária de cabeceira me permitia ver o pano que depois entendi que era uma manta, o relicário e o caderninho.

Ainda não havia tido coragem para ler tudo o que iria encontrar ali.

Podia ali ter as respostas para tudo que acreditei não ter respostas, e o quando as tivesse, o que faria com isso?

Minha mente estava tão cansada que bocejo alto antes de acabar pegando no sono com a mente ainda lotada de pensamentos.

Mas então o sono vem e o improvável acontece. Tudo silencia e consigo dormir em paz.

Bem, é isso que penso que acontece até que eu começo a sonhar.

Ou melhor, lembrar.

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ENFIM, LIBERTAOnde histórias criam vida. Descubra agora