ANA
Quando eu finalmente consegui falar com o Dante, eu já estava prestes a implorar que minha irmã dirigisse até a mansão.
Era estranho, mas em tão pouco tempo nossa conexão era tão intensa que foi como se eu pudesse sentir o que ele sentia. A dor que ele sentia. A dor que ambos sentiam. Dois seres que eram preciosos para mim estavam sofrendo e eu sabia disso.
Ele me atendeu nervoso e com a fala ansiosa. Me explicou que a mãe tinha caído e não tinha notícias do estado dela. Perguntei da Maya e ele disse que estava com a dona Cristine enquanto ele ia pro hospital. Nesse momento, com o coração dividido querendo confortar os dois, decido ir até o Dante, querendo ou não, Maya estava em boas mãos. Todos da mansão a amavam. Dante estava tendo que lidar com as notícias da mãe sozinho.
Desligamos e eu esqueci completamente que iríamos viajar. Dei de ombros e procurei minha irmã para pedir que me levasse até o hospital da cidade.
Só peguei minha bolsa e saímos dali.
A minha apreensão só crescia enquanto o carro passava pelas belas paisagens da região.
Rosa perguntou se eu queria ela comigo e eu disse que não precisava, que qualquer coisa Dante voltaria comigo. Fora que também nem sabia quanto tempo eu ficaria ali.
Cheguei na recepção e expliquei que estava com a família, mas tive que mentir sobre como eu estava com a família para ela. Mostrei uma foto minha e o do Dante e disse que era noiva dele.
Era errado mentir? Com certeza. Mas acreditava que pequenas mentiras eram justificáveis quando não prejudicavam ninguém.
O elevador parecia também que demoraria séculos, mas quando finalmente me vi no sexto andar à procura do Dante, acho que muitos cenários se passaram na minha cabeça, mas não o mesmo que eu tinha visto dias anteontem.
Dante abraçado com a ex.
Ele parecendo confortável demais abraçando ela.
Ele está passando por um momento difícil. A mãe se acidentou na frente da filha... não posso esganar a vida fora dele por estar abraçando a ex novamente em tão pouco tempo. Ou posso?
Estava pensando nisso quando eles se afastaram e Dante novamente percebeu minha presença.
Talvez eu que não tenha escondido bem minha expressão, porque Dante mesmo parecendo abatido, me olhou de forma conciliadora.
— Oi. – Ele disse ao chegar perto.
— Oi. – Eu disse em resposta.
Fiquei encarando ele enquanto pensava que talvez não fosse ser importante brigar agora. Não precisávamos disso.
Talvez não agora.
Cheguei mais perto e o abracei apertado. Seu corpo estava tenso, mas ao passar meus braços em volta dele, pude sentir ele ficando relaxado, como se estivesse aliviado, e me abraça apertado de volta.
— Obrigado por ter vindo, eu precisava de você aqui. – Ele sussurra.
E é assim que eu decido deixar pra lá qualquer possível birra que viria a ter. Ele precisava de mim e era só isso que importava.
— Sempre que precisar. – respondo de volta fazendo carinho nas costas dele.
Nos soltamos, mas ele entrelaça nossas mãos e andamos até a Cora, que ainda continua me dando um sentimento incômodo.
Nunca fui uma daquelas mulheres que aflora competitividade feminina ou fica com ciúmes de qualquer uma, mas tem alguma coisa na Cora. É como se eu a conhecesse...
E talvez eu conhecesse. Pensando amargamente.
— Que bom que conseguiu chegar a tempo, Ana. Estávamos todos tão preocupados com a situação a Marina que nem me ocorreu em te avisar.
Imaginei.
— Não tem problema. O importante é que depois de uns possíveis mal-entendidos, consegui chegar para dar apoio pro meu namorado.
Ela me direciona um sorriso que eu sei que é falso e acena antes de pedir licença.
Dante e eu sentamos em uma cadeiras dispostas no corredor, esperando por notícias da dona Marina.
— Você conseguiu avisar o seu pai?
Dante balançou a cabeça.
— Cora avisou.
Pelo menos pra alguém ela avisou.
Sabia que não deveria revirar os olhos, mas essa era a minha vontade.
Passaram-se mais uns longos minutos até que um médico viesse e nos atualizasse do estado de saúde da dona Marina.
— A queda foi feia, ela vai usar gesso na perna por um tempo e ter alguns hematomas pelo corpo, mas fora isso, ela está fora de perigo. Mesmo tendo já idade, ela está em forma e saudável pelos resultados dos exames.
Pude sentir Dante aliviado ao meu lado e eu também. Dona Marina era tão gentil e legal comigo, queria que nada de ruim tivesse acontecido.
— Da pra saber o que levou a queda de fato? Eu achei que ela estivesse brincando com a minha filha, mas...
— Olha, achamos que ela pode ter escorregado e perdido o equilíbrio de alguma forma enquanto provavelmente brincava com a sua filha. Recomendo tomar cuidado depois dessa.
Ouvimos com atenção depois todas as recomendações que teríamos que ter com ela. Já pensamos em colocá-la no primeiro andar, então depois dessa conversa, Dante ou eu mandaria uma mensagem para o pessoal da casa fazer as mudanças antes que voltássemos com a dona Marina que provavelmente só seria liberada amanhã.
O médico nos liberou para ir para casa e deixar dona Marina descansar depois da dose de remédios que deram para ela descansar.
Dante e eu acabamos por nos despedir do médico, agradecer por tudo e voltar amanhã para buscar minha sogra.
— Me desculpa que não conseguimos seguir com nossos planos, mas prometo que assim que der, vamos dar nossa escapada pra bem longe daqui.
Sorri para ele.
Acreditando realmente que conseguiríamos escapar dessa confusão.
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Não sei quantas vezes eu ando pedindo desculpas pra vocês kk, mas é que realmente anda tudo uma loucura e eu não consigo ter tempo pra pensar em escrever, mas estou tentando ao máximo adiantar mais capítulos pra vocês aqui. Hoje postei esse e o de semana que vem também já está pronto.
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ENFIM, LIBERTA
RomanceSINOPSE: Ana sempre sentiu um vazio, uma desconexão com o mundo desde criança. Ela foi abandonada quando bebê na porta de um orfanato e adotada aos doze junto com sua irmã de coração. Mesmo assim, ela se sentia estranha. Esse vazio só aumenta quando...