If it's meant to be, it'll be.
Tantos sentimentos desencontrados.
Tantos medos e inseguranças.
Tantas lembranças guardadas e sonhos nunca esquecidos.
Tantos "e se" perdidos pelo caminho...
Mas talvez isso seja amor.
E se estiver destinado para ser...
(não há outra mulher que possa tomar seu lugar, meu amor)
Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2023
[PA]
De outubro até aqui minha vida foi transitar entre Vila Velha - Rio - SP, me dividindo entre treinar, trabalhos e estar ao lado da Jade, e eu fazia de tudo para não ficar muitos dias sem vê-la. Seu humor ainda oscilava muito entre estar bem e estrar triste, e por mais que não tivesse a ver com a bebezinha, ainda pesava muito para ela o estar grávida. Tem sido uma força tarefa das nossas famílias para dar o apoio que ela precisa, e a Nina tem se desdobrado ao máximo para mantê-la animada com sua rotina de publicidades, exercícios, estudos e Jade². A bichinha parecia uma máquina e não era difícil ver a mim ou a mãe dela tentando freá-la.
Ando pelo corredor da sua casa até parar em frente a porta onde uma única borboleta em metal dourado ocupava o meio. Desde que esse quarto ficou pronto, é o cômodo preferido da Jade, principalmente quando está mais pensativa. Abro devagar e a vejo sentada na poltrona com as pernas dobradas e um caderno e caneta nas mãos.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ela levantou o rosto e sorriu para mim, fechando o caderno e me encarando.
"Tô vendo a fumacinha saindo aí..." - brinco, apontando para a cabeça dela que nega, sorrindo. Puxo o puff para mais perto da poltrona e me sento de frente para ela - "Tudo bem?"
"Sim. Tava aqui pensando..." - seguro sua mão e beijo, ela apoia o rosto em uma mão e continua - "Quando eu ia imaginar que o primeiro cômodo definitivamente arrumado dessa casa seria o de uma criança?"
"A vida é meio louca né?" - ela afirma rindo e depois suspira olhando ao seu redor - "Não vejo a hora de ter a minha jadezinha aqui..."
Nos olhamos emocionados. A ansiedade tem sido nossa companheira nessa reta final. Com quase 30 semanas, faltava muito pouco para termos a nossa bebêzinha conosco, e se eu achava que o tempo estava voando, para a Jade o tempo passava arrastado.
"Ainda falta tanto..." - ela reclama e respira fundo, tirando o pé que estava sentada sobre e colocando as duas pernas em meu colo - "Olha meus pés..."
"Passou o dia todo em pé arrumando seu closet. Vou fazer uma massagem antes de dormir." - eu digo massageando o seu pé direito, levemente inchado - "Falta pouco meu amor, logo logo essa fase vai passar e você vai curtir muito a bebezinha."
"Espero que sim. Não aguento mais me sentir estranha assim." - sua fala é sincera e eu espero que continue - "Você sabe que o que mais quero é ter a nossa filha comigo, mas... não consigo me sentir bem estando grávida."
"Vai valer a pena, eu te prometo." - eu digo tentando encorajá-la.
"Eu acredito." - ela desvia o olhar para a minha mão em seus pés - "Sei que a chegada dela é uma recompensa maravilhosa e não vejo a hora de colocar pra fora o que sinto por ela. Mas enquanto isso eu só consigo me sentir frustrada ou que estou perdendo alguma coisa da minha vida, entende?"
