you make me so strong

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(você me torna tão forte)

Rio de Janeiro, 01 de março de 2024

[JADE]

Os últimos dois dias tinham sido uns dos mais difíceis até aqui. Amamentar a Maya estava sendo um sacrifício, mesmo com os cuidados que estávamos tendo intercalando as mamadas no peito e no copinho. Mas essa noite eu me sentia um pouco melhor e sentia que o meu corpo estava respondendo aos nossos cuidados. Estou aqui olhando para ela, dormindo tranquilamente ao meu lado na cama. A próxima mamada seria no copo, mas eu me mantive acordada para que eu pudesse fazer isso. Sei que não me acordariam para dar de mamar, e eu estou disposta a parar esse revezamento. Ainda é madrugada e acho que ela leva um tempinho para despertar, então me levanto da cama para ir ao banheiro e dou um sorriso ao ver o PA dormindo com o PAzinho no colchão ao lado. 

Volto para cama e me sento recostada na cabeceira, esperando o tempo passar. Fico alguns minutos com o pensamento longe, pensando em diversas coisas e tentando colocar em ordem os sentimentos que ainda estavam bem bagunçados dentro de mim. Vejo a Maya se mexer e balançar a cabeça querendo despertar. Antes que ela chore, eu dou um sorriso e a pego da cama. Esse era o meu momento. Beijo sua cabeça e a aninho em meu colo.

"Agora somos só nós duas, pequenininha." - eu digo baixinho em seu ouvido e me levanto, saindo devagar do quarto em busca de um lugar onde não seriamos interrompidas. Vou até a sala de cinema e me acomodo em uma das poltronas, nos cobrindo com uma das cobertas. A Maya continua quietinha e sei que preciso aproveitar enquanto ela está calma - "Acho que podemos tentar no outro, né?" - eu falo para ela e para mim mesma, abaixando a alça da minha camiseta e abrindo o sutiã. Tomei coragem para tentar o peito que há dois dias não dava, por estar mais machucado, mas que agora estava bem melhor - "Com calma, meu amor."

Me inclino um pouco para ajudá-la e levo seu corpo em direção ao meu seio. Sem muita pressa ela começa a mamar e eu respiro fundo ao sentir uma pontada de dor. Mantenho ela bem grudada em mim e me recosto na poltrona, sentindo uma onda de alívio. Doía, mas nem de longe era a dor que eu sentia há dois dias, sendo totalmente suportável.

"Nós vamos conseguir." - abaixo minha cabeça para observá-la, e seus olhinhos atentos se prendem aos meus. Não consigo mensurar o amor que sinto por esse pedacinho de gente que chegou para virar minha vida do avesso, mostrando que eu não tenho e não preciso ter o controle de tudo. Dou um sorriso emocionado e acaricio sua bochecha em movimento a cada sugada, apaixonada por cada detalhe dela. - "Você me faz forte bebezinha. Eu nunca desistiria de você..." - relaxo na cadeira e meu corpo inteiro parece mais leve. Ainda havia muitas questões dentro de mim, mas eu não quero pensar nelas. Não agora. A aconchego ainda mais em meu colo e me perco em nosso momento de pura superação e amor.

*

[PA]

Acordo meio desorientado, sentindo um pouco de claridade no quarto. Me desvencilho do meu filho que dorme pesado ao meu lado e levanto do colchão, me dando conta que o dia despontava lá fora. Na cama, nem a Jade e nem a Maya estavam. Provavelmente não percebi a pequena chorar e a Jade deve ter ido atrás da mãe para ajudá-la, assim espero. Vou ao banheiro e em seguida caminho até o quarto da pequena, que estava vazio. Vou até o quarto de hóspedes, abro a porta devagar e estranho a Mônica dormindo e o bercinho onde a Maya dormia com ela, vazio. Faço o mesmo no quarto da Nina, que também dormia.

"Onde a Jade se meteu?" - me pergunto descendo as escadas e buscando pelas duas pela casa, começando a ficar um pouco nervoso. Procuro pela sala, passo pela varanda, piscina, cozinha e até me certifico de que o carro está na garagem. Subo novamente e passo em seu escritório e no outro quarto. Só resta a sala de cinema e é pra lá que vou, parando na porta entreaberta e sorrindo aliviado com o que eu vejo. 

Meant To Be - JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora