don't be afraid to love

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(não tenha medo de amar)

Rio de Janeiro, 14 de outubro de 2023

[PA]

Já é noite, quando ando pelos corredores do hospital feito um raio até encontrar o quarto onde ela estava. A Nina e a Mônica estavam sentadas do lado de fora e se levantaram assim que me viram se aproximar. Minha sogra se apressou em me dar um abraço apertado, fazendo com que eu desacelerasse um pouco a minha inquietação.

"Que bom que você conseguiu vir, querido." - a Mônica se separa e segura minhas mãos - "Tenha calma..."

"Cadê ela?" - eu pergunto nervoso olhando para a porta fechada do quarto - "Nani, como você está?"

"Estou bem, só um pouco dolorida." - abraço a Nina que parece cansada ao meu lado - "Ela está dormindo. Estava muito agitada, nervosa e a médica deu um remédio para que conseguisse se acalmar."

"Você vai querer dormir com ela, né?" - eu afirmo rapidamente - "Vou levar a Nina pra casa, ela também precisa descansar. E volto para trazer algumas coisas pra ela."

"Peguei um carro no aeroporto, pode ir com ele'" - entrego a chave do carro a ela - "Quando você vier trazer as coisas dela pego minha mochila que está nele. Descansa, Nina. Você deve estar assustada."

"Um pouco. Mas ela está mais. E se culpando... ela precisa de você." - sua voz é baixa e não nos prolongamos ali, porque tudo o que eu quero é entrar nesse quarto e olhar para ela. Nos despedimos e elas vão em direção ao elevador, enquanto eu abro a porta e entro no quarto frio e escuro.

Higienizo as mãos e me aproximo da cama, onde a Jade dorme de costas para a porta. Dou a volta na cama e meu coração acelera ao vê-la com uma mão na barriga e a outra apoiando o seu rosto. Embora dormindo, sua expressão era triste e eu sabia que havia chorado por muito tempo. Levo minha mão à sua testa, onde um curativo tampava o corte no alto da sua testa, e me abaixo para beijar sua bochecha. Ela ressona, ainda adormecida e eu deixo um carinho ali. Puxo com cuidado a poltrona ao lado e me sento de frente para ela. Com uma mão faço carinhos leves em seus cabelos e a outra se entrelaça a sua sobre a sua barriga. E nesse momento, eu abaixo a minha cabeça e deixo um choro preso sair.

Tenho sido o lado forte de tudo o que temos vivido, mas nesse momento eu sinto como se tivesse perdido todas as minhas forças. Eu precisei ser o chão para a Jade todo esse tempo, e eu não estou reclamando. Mas agora, eu também preciso ser sustentado. Quando recebi a ligação da minha sogra, no final da tarde, fui tomado por um desespero e uma sensação de impotência que quase me deixaram louco. Levanto minha cabeça e me demoro olhando para o seu rosto, onde a mulher forte que sempre conheci, há algum tempo havia dado lugar ao rosto frágil de uma menina amedrontada. Sinto que meu coração vai explodir de tanto amor que eu sinto por ela. Eu não fazia ideia de que poderia amar tanto alguém em tão pouco tempo, como eu a amo. Tenho certeza que ela é a mulher da minha vida e nada nem ninguém me convenceria do contrário. Eu só quero cuidar dela, só quero protegê-la de tudo, e sinto como se eu tivesse falhado agora.

Abaixo minha cabeça novamente, com o choro mais controlado e oro baixo para que ela fique, mentalmente, bem. Não sei o que esperar quando ela acordar e confesso que agora, eu também tenho medo. Acaricio sua mão entrelaçada a minha sobre a sua barriga e não consigo segurar uma nova onda de lágrimas em meu rosto. Tento imaginar o que se passa na cabeça dela, e sei o quanto deve estar se sentindo culpada. Isso era o que eu mais temia desde que soube da gravidez e me deparei com a sua rejeição. Eu cuidava para que ela não fizesse nada que pudesse se arrepender, inclusive dos próprios sentimentos, e outra vez sinto ter falhado.

Meant To Be - JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora