Meant To Be - Jadré

a part of you'll always love a part from me

(uma parte de você sempre amará uma parte de mim)

Rio de Janeiro, 11 de setembro de 2024

[JADE]

Fico parada por alguns minutos no portão da minha casa, depois de ver o carro do PA se afastar. Ele e a Mary vieram buscar a Maya para passar a noite com o pai. Me despedi da minha bebêzinha com lágrimas nos olhos enquanto ela sorria sem nem entender o que estava acontecendo. 

"Jade, você ainda está aí?" - a Nina surge atrás de mim e eu permaneço imóvel, em silêncio - "A gorda vai ficar bem, é só uma noite. Não é a primeira que você passa longe dela..." - ela me abraça por trás e eu demoro alguns segundos para reagir, me desvencilhando do seu abraço e me virando para encará-la.

"As poucas vezes que dormi sem ela, eu estava com o pai dela, Nina." - eu digo com a voz embargada e não consigo controlar o choro alto que vem em seguida. Eu não consigo falar mais nada e a Nina me puxa para dentro de casa, fechando o portão e me abraçando em seguida, em silêncio. Ela sabia que eu precisava chorar e colocar pra fora todos esses dias que eu estava tentando ser forte.

"Vamos entrar." - ela me leva pela mão para dentro de casa, onde estamos só nós duas. Minha mãe havia ido para São Paulo buscar suas coisas para a nossa viagem no final de semana e retorna amanhã. Eu me jogo no sofá da sala, chorando sem parar e a Nina se senta ao meu lado, mexendo nos meus cabelos - "Jade, sem que tem muita coisa acontecendo e que você ainda está tentando arrumar essa bagunça aí dentro. Você não precisa ser forte o tempo inteiro. Se está certa da sua decisão, se permita sofrer por ela, mas não se permita cair."

"Eu não sei se estou certa, Nina." - eu confesso, me sentindo completamente perdida - "Ver a Maya saindo no carro com ele me machucou muito. É uma realidade que não passava por minha cabeça viver."

"Sei que não deve ser fácil, mas você precisa entender, que se forem ficar separados, vai ser assim." - ela é sincera e eu afirmo - "Mas se você não tem certeza, porque não chama ele pra conversar de verdade, sem brigarem. A gente sabe que ele não vai dar esse passo, Jade."

"Eu também não vou. Tô cansada de sempre ser a que tenta resolver." - eu assumo, cansada - "Talvez ele tenha certeza que tentar não vale a pena."

"Duvido. Ele só não tem coragem mesmo de vir atrás." - a Nina diz com toda segurança - "Se acalma, dê tempo ao tempo, deixa essa mágoa passar, tenta deixar o orgulho de lado...se achar que deve ir atrás, você vai...eu sei que vai." - ela dá um sorriso de canto e eu nego, acertando um tapa em seu braço.

"Isso é algo que está bem decidido em mim, Nina. Eu não vou." - levo as duas mãos ao meu rosto contendo o choro e respirando fundo.

"Será mesmo, amiga?" - ela me pergunta com tranquilidade e eu a encaro um pouco perdida - "Bom, você vai ter um tempo pra perceber o que realmente seu coração quer. Agora para de chorar..."

"Ela vai sentir minha falta?" - eu volto a cair no choro ao falar da minha filha.

"Claro que vai, Jade!" - a Nina ri do meu drama em relação a Maya - "O PA vai ter trabalho pra dar conta da baby marrentinha dele. Você sabe que por todas as vezes que você esteve fora, ela dava um trabalhinho pra dormir e...principalmente, na hora de acordar."

"É nosso denguinho da manhã, Nina.." - eu digo chorosa - "Ela foi dando risada, não vai nem lembrar de mim." - eu continuo.

"Deixa de drama, vai?" - ela ri e me chacoalha - "A menina está a 10 minutos daqui. Tem leite, colo de pai, de vó e uma noite de sono pela frente. Deixa o PA aproveitar a Jadezinha dele, vai ficar um tempão longe."