how'd we end up this way?

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(como chegamos a esse ponto?)

Rio de Janeiro, 04 de setembro de 2024

[JADE]

Quando os primeiros raios de sol surgem no céu, eu me dou conta de que mal preguei o olho essa noite. Minha cabeça está pesada e os meus pensamentos confusos. Olho para a Maya dormindo ao meu lado e tenho vontade de chorar, como se isso não fosse o que eu mais tivesse feito desde que o Paulo André saiu por aquela porta. Passei a noite tentando entender o que havia acontecido entre nós dois e como toda a nossa sintonia parecia se findar em pequenos embates que se acumularam e resultaram nesse turbilhão que nos tirou dos eixos.

Passo a mão pelo meu rosto tentando organizar a minha mente, mas tudo o que consigo pensar é que não faço a mínima do que fazer. Resolvo levantar para tentar meditar um pouco antes que a Maya acorde, mesmo sabendo que talvez isso seja impossível nesse momento. Vou até o banheiro e me assusto com a imagem no espelho. Eu estou um caos de exaustão e  tristeza. Minha barriga se pronuncia me lembrando que minha última refeição foi feita em São Paulo antes de embarcar.  Quando volto ao quarto, dou um sorriso de canto ao ver a Maya virada de bruços, me procurando pela cama como uma tartaruguinha, e me dou por vencida, voltando a me deitar ao seu lado. Ela abre um sorriso ao me ver, e aquece meu coração a forma doce e apaixonante com que ela me dá bom dia todos as manhãs.

"Bom dia bebêzinha!" - aproximo meu rosto do seu a enchendo de beijos. Sua mão segura meu rosto e ela se encolhe manhosa. Esse era nosso momento sagrado de todas as manhãs: vamos nos acordando com muitos beijos, carinho e mamázinho. 

Enquanto mama, sua mãozinha continua procurando o meu rosto e eu me abaixo para receber seu carinho. Eu posso jurar que ela sente o que está acontecendo. Passou a noite inteira me procurando, mais do que o normal, e agora seus olhinhos não saem de mim, fazendo com que os meus não consigam segurar lágrimas silenciosas. Perco a noção do tempo ali, sendo confortada pelo meu pedacinho de gente que nunca mais deixou que eu me sentisse sozinha desde a sua chegada.

Quando ela termina, se apoia em mim tentando se sentar e eu ajudo, mas logo percebo que ela se joga sobre o meu corpo, me fazendo abraçá-la apertado e encher seu pescoço de beijos.

"Que bom dia mais gostoso, filha." - eu acaricio seu rosto e ela sorri, agarrada a mim. Me viro na cama e a sento sobre a minha barriga, flexionando minhas pernas para que ela se recoste ali. Seguro seus pés enquanto ela se ocupa de 'comer' as mãozinhas - "Hoje somo só nós duas nessa casa e vamos aproveitar bem juntinhas."

Meu telefone apita ao meu lado e eu o pego, vendo que era uma mensagem da Lu perguntando se eu realmente não queria que ela viesse. Penso por alguns minutos, mas mantenho a folga que dei pra ela depois de ter largado tudo para me ajudar em São Paulo. Deito a Maya ao meu lado e me estico para pegar as coisas dela na mesa do outro lado da cama.

"Vamos trocar essa fralda, descer para a mamãe tomar café e depois nós vamos tomar um banho de piscina bem gostoso." - eu toco seu nariz e ela me responde com grunhidos e risadas.

Desço com a Maya alguns minutos depois, já trocadas, até a cozinha, onde a coloco no cadeirão enquanto vou tomar meu café. Estou morrendo de fome e levo um tempo comendo e distraindo a bebê à minha frente. Ainda é cedo e agradeço por não estar um sol forte hoje, então coloco uma música para tocar e vou em direção a beira da piscina com ela. Decido registrar esse momento em que entro com ela na piscina. Não era a primeira vez que ela entrava na água, mas ainda sim vou com delicadeza para que se acostume. Hoje esse simples momento significava tanto para mim.

"Você gosta né sua safada?" - eu digo enquanto caminho com ela observando os pézinhos batendo debaixo da água e o sorriso largo em seu rosto. - "Tá uma delícia mesmo..." - me refiro a água morna e o sol leve batendo em nós duas - "Será que você vai ser uma peixinha como a mamãe?  Tem algo ainda melhor que essa piscina e eu tô louca pra te levar. Sei que vai amar o mar, assim como eu..." - beijo seu rosto e ela se encolhe em meu colo deitando o rosto em meu ombro. Ajeito o chapéu e acaricio suas costas, fechando os meus olhos e aproveitando aquele momento tão gostoso entre nós duas.

Meant To Be - JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora