and who's gonna kiss you when I'm gone?

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(e quem vai te beijar quando eu tiver partido?)

Rio de Janeiro, 03 de março de 2025

[JADE]

Entro em casa apressada e vejo a Lu com a Maya no colo andando em frente a piscina. Antes que eu chegue até ela, minha mãe me assusta saindo da cozinha e eu tenho certeza que a minha expressão é a mesma de uma adolescente que acabara de aprontar e é pega no flagra. Não que eu tenha feito algo errado, mas o frio na minha barriga é semelhante.

"Namorando no portão, mocinha?" - minha mãe brinca e dá um sorriso em seguida, me fazendo sorrir envergonhada - "Não precisava ter entrado agora, ela não está reclamando. Peguei até uma mamadeira." 

"Não, vamos com calma." - eu digo e tento logo mudar de assunto - "Não era pra você estar acordada mãe, chegou tem pouco tempo." - digo enquanto começo a tirar a minha bota dos pés.

"Consegui dormir um pouquinho. Já são quase 8h, Jade." - ela me alerta e eu dou um sorriso sem graça. Acho que perdi um pouco a noção do tempo lá fora. - "Maya acordou deve ter uns 20 minutos, e a Lu disse que ela nem abriu os olhos essa noite."

"Ela sabe quando eu preciso aproveitar um pouquinho" - digo orgulhosa da minha bebê - "Vou aproveitar que ela está de boa e tomar banho. Arriscado eu ir lá dá um beijinho nela antes?"

"Com certeza. Sobe logo..." - eu me viro em direção as escadas - "Filha..." - eu olho para trás - "Tô muito feliz de ver esse sorriso leve no seu rosto." - ela diz, piscando pra mim e eu pisco de volta, deixando um beijo no ar.

Eu realmente me sinto leve. Por estar me permitindo retomar o rumo da minha vida por completo. Se eu disser que está sendo fácil, é mentira. Por muitos instantes ainda queria deitar na minha cama e esquecer que o mundo existe. Mas eles estão cada vez mais raros na minha rotina. E hoje foi um dia em que me senti inteiramente a Jade Picon que eu sempre fui, agora com um pacotinho de amor que só completa a minha vida. 

Tiro o excesso de maquiagem e faço um coque no cabelo antes de entrar no chuveiro, quando a água cai sobre o meu corpo sinto uma onda de arrepio ao me lembrar da pegação em frente ao meu portão e não consigo conter o riso. Me pergunto como eu resisti ao Alan por tantas vezes que tivemos oportunidade de ficarmos? Ele era um verdadeiro gentleman, lindo e com um beijo maravilhoso. Eu só consigo pensar que quero repetir a dose mais tarde, na segunda noite de carnaval e dane-se o que venham a pensar.

Estou terminando de colocar o short do pijama quando a minha mãe entra no quarto com a Maya choramingando. Eu tenho absoluta certeza que essa menina sente o meu cheiro a quilômetros de distância. Ela se vira no colo da avó e me encara, e seu chorinho dá lugar a um sorriso de olhos molhados e dengoso.

"Bom dia, bebêzinha." - eu me derreto e vou ao seu encontro, a pegando no colo. A Maya se agarra ao meu pescoço e deita o rosto no meu ombro. Enquanto acaricio suas costas, encaro minha mãe que se recosta na minha cama - "Ela tomou a mamadeira?"

"Claro que não." - nós duas rimos. Essa era uma missão impossível das manhãs - "Você bebeu muito?" - minha mãe questiona e eu nego.

"Dois drinks só, e parei antes das 3h." - eu respondo, consciente. Coloco meu telefone para carregar, na mesa ao lado da cama e procuro a minha garrafa de água. 

"Mamãe...esse." - a Maya vira o rosto o escondendo na curva do meu pescoço e sua mão procura o meu cabelo e eu solto, deixando ela enrolar seus dedinhos nele. 

"Filha, vai com a vovó para a mamãe pegar água." - me aproximo tentando passá-la pro colo da minha mãe, mas suas perninhas apertam a minha cintura, me fazendo rir.

Meant To Be - JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora