Meant To Be - Jadré

do we еven have what it takes?

(nós ainda temos o que é preciso?)

Nova York,  13 de outubro de 2024

[JADE]

"Pronto. Tudo no lugar." - eu digo assim que volto para a sala do quarto em que estamos hospedados aqui em Nova York. Chegamos há algumas horas, deixamos as coisas no hotel e fomos ao Whole Foods comprar algumas coisas para deixar aqui. Olho satisfeita ao meu redor, onde tudo está em seu devido lugar. A sala confortável com vista para o Central Park, uma pequena cozinha e dois quartos aconchegantes para passarmos os próximos 8 dias na cidade.

"Agora sossega aí, não descansou um segundo desde que chegamos. O que vamos pedir para jantar? - o PA chama minha atenção. Deitado no tapete, ele estava com a Maya sentada à sua frente e distraída com alguns brinquedos. Eu sento, um pouco tensa.

Não sei muito bem como estou me sentindo com essa viagem. Embora ela já estivesse nos meus planos, não era bem assim que eu esperava que acontecesse, tendo o PA apenas como o pai da Maya me dando assistência. O clima entre nós dois era amigável, mas eu tenho medo de que ele comece a confundir as coisas. Tenho medo até de eu mesma estar confusa, porque há algum tempo comecei a ter dúvidas sobre a minha decisão. Não sei se a ida dele para Paris amoleceu meu coração, se vê-lo com a Maya me deixava culpada ou me deixava apaixonada, se o tempo conseguiu me fazer enxergar com olhos menos pressionados para nós dois, se eu conseguia ver algo mudando em relação a ele, se eu estava me iludindo outra vez...eu simplesmente não sei.

"O que foi?" - ele me pergunta. A Maya se joga para frente, apoiando o corpo nas mãos.

"Nada." - eu tento disfarçar minhas inseguranças e pego um brinquedo da Maya - "Podemos pedir uma pizza, ou japonês. Escolhe..." - eu dou de ombros.

"Depois não reclama" - ele resmunga e se levanta indo até o telefone para fazer nosso pedido aqui no hotel mesmo. Distraio a Maya, a incentivando a se movimentar, mas somente seus pés se movem e ela não consegue sair do lugar. - "Pedi os dois." - ele volta pouco tempo depois, se jogando no tapete e assustando a bebê, que solta a mão do chão, se virando de barriga pra cima em seguida.

"Exagerado." - eu nego, colocando a Maya sentada novamente - "Precisamos nos organizar com relação aos próximos dias. Eu pensei em quase tudo, mas me fala se acha que algo pode ser diferente."

"Dê as ordens, mamãe Jade." - ele puxa uma almofada para o chão, e deita com a cabeça sobre ela, depois de puxar a Maya para ficar encostada em seu corpo, de frente para mim. Os dois me olham curiosos.

"Idiota." - eu reviro os olhos e foco no que tenho a dizer - "Meu curso é à tarde, começa às 14h e vai até às 19h30, 20h. Então pela manhã eu vou estar com vocês pro café e almoço dela. Acho que conseguimos fazer o almoço dela por aqui, com o que compramos, e deixar para o jantar também. Mas, se precisarmos, eu conversei com o hotel e eles podem nos servir algo para bebês." - os dois continuam me olhando com atenção - "Vou tentar tirar leite o suficiente, todos os dias, para o tempo que eu ficar fora, mas não posso garantir, depende dela. Se não der, você vai precisar levá-la até mim, não é muito longe." - ele afirma com um sorriso tímido - "Tem uma bolsa com remédios e todas as indicações nas coisas dela. E qualquer coisa que acontecer é só me ligar. Não queria mexer na rotina dela, então todas as sonecas e horários se mantêm e as mamadas continuam livre demanda, ok?"

"Sim, senhora!" - ele bate continência e eu tenho vontade de dar um tapa nele. Olho para a Maya e quero chorar de raiva porque ela traz exatamente a mesma expressão dele: um olhar quase acolhedor e um meio sorriso quase debochado. Não sei se acho fofo ou se brigo com os dois - "Que foi?" - ele pergunta.