she looks like you

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(ela se parece com você)

Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 2024

[JADE]

Saio do quarto da bebezinha junto com a minha mãe, depois de arrumarmos todas as roupinhas dela, e não eram poucas. Ela aproveitou que a obriguei a vir me ajudar para fechar a mala da maternidade, mesmo eu dizendo que achava cedo. Apesar da Viviane dizer que agora, com 38 semanas, quase 39, ela poderia nascer a qualquer momento, a previsão era no início de março e eu realmente acho que chegaríamos lá, porque eu não via nem sinal dessa preguiçosa querer sair daqui.

Me permiti diminuir o ritmo de trabalho no início de fevereiro, apesar de estar bem disposta até hoje.  Eu havia, finalmente, chegado a reta final e isso me deixa um pouco mais aliviada, até porque não senti todos os incômodos que as pessoas diziam que eu sentiria. Acho que nisso minha menininha me ajudou, mesmo estando super apertado para ela aqui dentro, me deixando apenas um pouco cansada e sentindo ela pressionar tudo aqui embaixo. Essa parte eu prefiro nem pensar. Dou risada sozinha e o PA me olhar parado na porta do meu quarto.

"Você podia quietar esse facho hein? Como para essa menina, Moniquinha?" - ele brinca e eu o abraço de lado, recebendo um beijo na testa.

"Eu sei quem vai sossegar ela logo, logo. Já mandei aproveitar pra descansar o que puder, mas não me ouve..." - minha mãe responde e segura minha mão - "Vou deitar e a senhorita deveria fazer o mesmo. Leva ela, PA."

"Vocês são bem chatos, isso sim. Boa noite, mãe!" - reviro meus olhos e recebo um beijo dela.

Enquanto o PA fecha a porta eu vou até o banheiro e logo ele aparece atrás de mim, me observando lavar o rosto e escovar os dentes, satisfeito por eu ter me dado por vencida.

"Tu é marrenta mesmo viu? Não aceita ser contrariada." - ele me provoca e eu acerto um pincel no seu ombro. Continuo o que eu estava fazendo e ele sai rindo para o quarto. Assim que termino, aproveito que estou ali para arrumar a bancada e as gavetas, que estavam uma bagunça. Não demora muito para ouvir ele me chamar e eu o ignoro, entretida na minha arrumação. Logo ele está na porta de novo me olhando de cara feia e eu finjo nem ver - "Jade, pelo amor de Deus. Vamos deitar, amanhã você continua sua faxina."

"Odeio ver as coisas bagunçadas. Não tô com sono. Pode ir..." - eu digo sem olhar pra ele que cruza os braços ainda me encarando - "Já já tô indo. Não quero ficar rolando na cama sem sono. Deitada sua filha começar a me chutar por todos os lados. Prefiro deitar quando tiver certeza que vou dormir."

Não percebo ele vindo em minha direção, mas logo seus braços me abraçam por trás, me assustando. Ele beija meu pescoço e eu o encaro pelo espelho.

"Deixa de ser teimosa, cara. Vamos ficar conversando então, não quero ficar sozinho na cama." - ele pede com uma cara de cachorro sem dono e eu não consigo dizer não.

"Tá bom, seu chato. Vem..." - seguro sua mão e vamos em direção ao quarto onde ele se joga deitado na cama. Eu sento com as pernas cruzadas no meio dela, olhando pra ele com a cabeça no travesseiro. Viro a garrafa de água que peguei antes de sentar e o encaro enquanto ele rir. - "O que foi?"

"Vai levantar 15 vezes pra fazer xixi essa noite desse jeito." - tenho vontade de jogar o resto da água na cara dele, mas prefiro matar a minha sede.

"Para de me irritar ou eu volto pro banheiro." - ameaço e ele abre os braços em rendição. Fecho a garrafa e apoio meus braços atrás do meu corpo, esticando minhas pernas e passando o meu pé quase na rosto dele.

Meant To Be - JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora