broken pieces

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(pedaços quebrados)

Paris, 27 de setembro de 2024

[JADE]

É o nosso último dia em Paris. Fiz um último trabalho, que eram fotos para uma campanha da Adidas, até o início da tarde. Passei rapidamente no hotel e viemos todos almoçar e aproveitar o tempo que nos resta nessa cidade que eu tanto amo. Passamos um bom tempo andando pela Champs-Élysées e apesar do cansaço, eu estava empolgada entrando de loja em loja e me dando o direito de ter alguns mimos de luxo. O tempo todo a Maya se mostrou sorridente e bem acordada prestando atenção em tudo enquanto reveza de colo em colo. Mas o seu colo preferido para passear pela rua era sem sombra de dúvidas, o do pai.

Eu precisei insistir um pouco para que ele não voltasse no dia seguinte para o Brasil. Já que tinha vindo e nós ficaríamos apenas mais alguns dias, não custava nada ele aproveitar conosco e principalmente, com a Maya. O clima entre nós dois era de tranquilidade e me confortava sentir o carinho com que eles nos cuidava. Ele parecia conformado com a minha decisão, embora não concordasse. Mas já não havia um atrito que nos fizesse perder a razão e dizermos coisas que não gostaríamos de dizer ou ouvir. Enfim, estávamos juntos no que mais importava agora: sermos os pais da Maya e convivermos em paz com ela e por ela. Se o meu coração ainda estava machucado? Muito. E eu tenho certeza que o dele também. Se havia alguma chance de tudo isso mudar? Não faço a mínima ideia e não é algo que eu queira pensar no momento. Preciso estar centrada em mim, em curar meu coração e não deixar que mágoas e desapontamentos falem mais alto do que o amor que ainda existe nele.

O céu ainda está claro, já é noite em Paris e a temperatura caiu consideravelmente. A Maya estava, literalmente, a ursinha do pai dela. Paramos na Ladurée Paris para um último café. Mesmo sendo muito boazinha, a Maya demonstrava sinal de cansaço e, pra falar a verdade, nós também. Sentei ao lado da minha mãe no banco confortável da área externa da loja, onde tínhamos toda a visão da avenida movimentada. A Nina e o PA se sentaram a nossa frente, e se divertiam escolhendo os sabores de macarons, enquanto minha mãe me ajudava a me livrar do casaco para que eu pudesse amamentar a Maya.

"Vocês parecem crianças." - eu reclamo, já acomodada com a minha filha - "Pede um de cada e provamos todos."

"Ela é bem mandona, né?" - a Nina diz - "Quem te viu, quem te vê. Virou a mãezona do rolê."

"Ah, me poupe!"- eu dou risada e volto minha atenção para o cardápio, escolhendo o meu pedido - "Vocês ainda querem passar em algum lugar?"

"Por mim, fim de passeio. Vocês andaram demais. Eu tô pregadão." - é o PA quem responde e tenho que concordar.

"Como se você não tivesse feito muitas compras." - a Nina diz - "Mas eu tô de boa também. Quero um banho quente e cama. Foram dias exaustivos, amigona."

"Não sei como ela está de pé." - é minha mãe quem diz e eu nego, rindo - "Ainda tem que fechar todas as malas. Como eu não sei..." - ela olha para as sacolas ao nosso lado. E essas são apenas as compras do último dia, haviam muitas outras no hotel.

"Nem eu sei como aguento. Foram 15 dias muito intensos, nos superamos dessa vez Nini." - eu assumo e meu corpo descansa no banco - "Essa mocinha também se cansou..." - acaricio o cabelo da minha bebêzinha que me olha concentrada.

"...mas amou a farra. Só veio reclamar agora." - o PA diz e nós rimos. Ela realmente mal resmungou durante a tarde, e só veio chorar agora, quando sentamos, com os olhinhos cansados de sono.

Fizemos nossos pedido e tomamos um café gostoso em meio a uma conversa leve e descontraída sobre todos esses dias que passamos por aqui. Já havíamos terminado quando minha mãe se levanta e encara a Nina.

Meant To Be - JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora