it's always better when we're together

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(é sempre melhor quando estamos juntos)

São Paulo, 17 de setembro de 2023

[PA]

"Pronta?" - eu pergunto carinhoso. Ao meu lado, no banco do carona, a Jade tem os olhos fixos na rua a nossa frente.

Estamos estacionados quase em frente ao restaurante onde marcamos um almoço com os seus pais e o seu irmão. Imagino o quanto ela está nervosa com a conversa que viria nas próxima horas, apreensiva pela reação dos pais enquanto ainda tentava, ela mesma, reagir ao que estava acontecendo em seu corpo e em sua vida.

"Impossível. Nunca vou estar pronta para o que está acontecendo." - me encara e posso ver o receio em seus olhos.

"Vai dar tudo certo. Não temos como fugir dessa conversa, e é melhor que eles saibam por nós dois." - seguro sua mão e a acaricio encorajador - "Só fico pensando se foi uma boa ideia trazer os dois juntos. Você sempre fala que eles não podem ocupar o mesmo ambiente sem brigar."

"Eu não vou consegui soltar essa bomba duas vezes. O desgosto vai ser tanto que nem vão se lembrar de brigar." - ela dá de ombros e eu respiro fundo, com certa frustração, percebida por ela. - "Que foi?"

"Jade, preciso ser sincero com você. Eu estou do seu lado, entendo que sua cabecinha está uma bagunça e que tudo isso esteja sendo muito difícil pra você e é por isso que, muitas vezes, eu tento não me prender à forma como você se refere ao nosso bebê." - eu não quero brigar com ela e estou tentando não cobrar que ela reaja bem ao que vem acontecendo, mas preciso cuidar para que ela também não se culpe por isso depois. Vejo quando ela abaixa o olhar e solto sua mão, levando a minha até a sua barriga sem nenhum sinal de gravidez. Ao sentir o meu toque, ela estremece e vira o rosto em direção a janela, ignorando o que eu estava fazendo. - "Querendo você ou não, é o nosso bebê que está aqui. Não estou te pedindo pra aceitar tudo isso da noite pro dia. Mas, por favor, não se refira a ele como 'essa criança', 'esse bebê', 'isso' ou com qualquer outro termo que venha acompanhado com um tom de rejeição. Eu entendo sua dor, mas quero que você saiba que isso me magoa muito. Esse bebê existe, está aqui, e é nosso."

Ela permanece imóvel olhando a rua pela janela lateral. Seu corpo está tenso no banco e eu acaricio a sua barriga por cima da blusa, carinhosamente. Desde que descobri que ela carrega um filho meu, tenho vontade de passar todo o tempo assim, mas guardo minha felicidade de lado para ajudá-la a lidar com a sua confusão interna.

"Olha pra mim." - levo minha mão até o seu queixo, virando o seu rosto pra mim, revelando seus olhos rasos e sua expressão triste - "Quero que saiba que eu te entendo. Mas que preciso que você tente um pouquinho mais, pro seu bem. Pra que lá na frente, você não se culpe pelas coisas que está dizendo agora, tá?"

"Desculpa. É que eu não consigo ter sentimento por ess...nosso bebê." - ela se corrige e eu dou um sorriso, mesmo sabendo que ainda tínhamos um longo caminho pela frente. - "Só tristeza e medo"

"Você vai ter. Vamos ter paciência. Eu te disse que o amaria por nós dois enquanto você ainda não consegue. E se estivermos juntos nesse caminho, será bem melhor. Me acompanha? Não vou soltar sua mão." - pego sua mão e deposito um beijo ali, arrancando dela um sorriso tímido. - "Agora vamos enfrentar as feras".

[JADE]

Entramos no restaurante e buscamos pela mesa na área descoberta, mais ao fundo do restaurante, onde avistamos os meus pais e o Leonardo. Não consegui esconder um sorriso, imaginando o clima que estava ali, mas logo o nervosismo me lembrou do que vinha a seguir e eu senti meu estômago embrulhar. O PA apertou minha mão quando nos aproximamos, e eu sei que ele também está nervoso, embora não demonstre para mim.

Meant To Be - JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora