Capítulo 11

171 34 8
                                    

Bati um dos meus pés no chão esperando qualquer notícia dela. Estou ansioso, nervoso, preocupado e uma ânsia enorme de descobrir a verdade sobre o garoto que está na enfermaria e com cortes artificiais, graças a deus e também solicitei um exame de DNA e amanhã saberei toda a verdade. Como eu não soube disso? Os relatórios não diziam nada sobre Paola estar grávida e ter um filho, se eu soubesse antes tirava ela imediatamente e quando nascesse colocaria ela novamente na fazenda de café. Quando isso acabar, terei uma conversa séria com o Sebastião.

Confiava nele, cegamente. Entretanto, eu deveria ser mais responsável sobre os assuntos da fazenda. Porém, estou sozinho, livrei dos meus irmãos idiotas e o meu pai está impossibilitado de me ajudar e o Bernardo, é o outro caso perdido que vive me dando dor de cabeça, ele só fica quieto quando está perto da Anna Lúcia.

— Tem notícias da Cristina? — Bernardo pergunta, em suas mãos, um copo de café. Se recusou a ir embora e está comigo até agora. — Estou preocupado com ela.

— Não sei, filho! Só amanhã eu saberei.

Provavelmente terei danos e tenho que arcar com as consequências do ato covarde de Geraldo González. Pegando-me desprevenido, sabendo-se que sou o único Hernández que está lidando com os negócios da família. Agora que sei toda a verdade sobre essa richa descabível, e eu achava que o meu avô fosse um respeitador e honesto, mero engano, roubou as terras do seu amigo/amante. E agora eu entendo a raiva que esse homem sente pela a nossa família e a sede de vingança que nutre por tantos anos que foi passado para os seus filhos. Se Geraldo González não conseguir o seu patrimônio de volta, um dos seus filhos conseguem. Eu faria a mesma coisa, botaria terror e pegaria de volta às minhas terras, sem deixar nenhum herdeiro vivo.

Bernardo descansa a sua cabeça no meu ombro, e dá um suspiro melancólico. Tenho que proteger esse moleque, provavelmente o ataque que ele teve dois anos atrás poderia ser armado por ele. Mas quem? Estou cercado de inimigos, e pra piorar me deitei com um.

— Senhor Hernández? — Finalmente o médico veio, a sua expressão não era nada boa.

Bernardo foi o primeiro a se levantar.

— Como ela está, doutor? — Perguntou aflito.

— É assunto delicado e eu preciso tratar com o seu pai em particular. — O doutor Souza me olhou através do meu filho.

Me levantei na cadeira azul.

— Mas eu sou homem, pode falar comigo também! — Recrutou ele irritado.

— Você não é homem, Bernardo, é apenas um menino que ainda assiste "Três espiãs demais" todas as amanhãs. Vá em outro lugar, depois te atualizo.

— Você pode ficar com o bebê, ele está acordado e chamando pela mãe desde que acordou. O seu apoio seria ótimo.

— É mesmo? — Seus olhos brilharam.

— Sim, ele está na última sala do corredor no segundo andar.

Bernardo saiu correndo, ficamos a sós.

— Pode falar, ela está bem?

Antes de responder ele suspirou e balançou a cabeça negando.

— Na verdade não, Leôncio! Paola perdeu uma quantidade de sangue e teve que fazer transfusão de sangue para salvá-la.

— O que era aquilo?

— Aborto, Paola fez um procedimento mal feito e isto resultou feridas no seu útero graves, provavelmente ela nunca terá filhos novamente. Talvez, ela consiga, porém terá bastante dificuldade de segurar o feto. Se segurar até seis meses já é muito.

— Qual tipo de procedimento?

— Sucção e curetagem.

Muitas mulheres fazem esse procedimento quando engravidam dos capatazes, às vezes resultando nas suas mortes em poucos dias. Se a Paola estava grávida, quem é o pai?

— Só isso? Ou tem algo mais?

— Ela bateu a cabeça muito forte, e teve traumatismo craniano leve e uma costela quebrada. Fez cirurgia e está fora de perigo, porém para o corpo descansar coloquei-a em coma induzido e vamos esperar alguns dias.

— Obrigado, doutor!

Fomos interrompidos pelo delegado Queiroz entrando na sala de espera.

— Senhor Hernández?

— Vou deixar vocês à sós. — Souza foi embora.

Queiroz aproximou-se de mim e ficou na minha frente, é um senhor de idade por volta de sessenta anos. Com barba comprida e branca, marcas de expressões bastante evidentes causadas pelo tempo e uma barriga avantajada pela gordura e cerveja, os seus dentes amarelados e tortos me causam nojo. O seu único trabalho na cidade é esconder evidências dos nossos crimes e em troca recebe um milhão de dólares por mês. Daqui alguns meses ou anos ele deixará a sua cadeira, o seu filho mais velho ocupará o seu lugar.

— Tenho algumas perguntas, a sua fazenda foi queimada e quero saber das pessoas que vivem nas suas terras. E com certeza irá sair nos jornais.

O delegado é tão imprestável e corrupto quanto o meu pai.

— Não foi nada demais, fizeram uma festa e as coisas saíram do controle. Só isso mesmo.

— Tem certeza disso? — Arqueou uma das sobrancelhas grossa e falhada.

— Tenho, sim! Amanhã resolveremos esse assunto, agora estou muito ocupado.

Queiroz acena a cabeça concordando. Me afasto dele e vou para o elevador, preciso ver uma coisa. As portas metálicas se abrem no segundo andar, saio e sigo o meu caminho, cada passo que dava o meu coração acelerava e eu suava frio. Ouço as risadas dos meus filhos no fim do corredor, com a respiração entrecortada entrei na sala de enfermaria. Bernardo fazia cosquinhas na sua barriguinha, os dois estavam tão alheios que nem sentiram a minha presença.

A sua gargalhada infantil é tão doce.

— Oi!

Bernardo olhou para mim, e riu.

— O nome dele é Álvaro, nome forte e bonito.

— Álvaro — Repito o seu nome — Ele está bem?

— Sim! Tomou soro, fez curativo, fez raio-x e está com saúde de ferro. Talvez amanhã ele receba alta, e a Paola?

Suspiro — Ela está em coma induzido para recuperar a saúde do seu corpo.

— E o sangue?

Aproximei-me deles, seus olhos infantis me fitaram.

— Paola fez um aborto, e por causa da invasão a sua situação piorou.

— Espero que esteja feliz, papai. Não quero nem pensar no que a Paola fez para sobreviver naquele lugar.

— Bernardo? Cala a boca.

— Mamãe. — Fez beicinho — Mamãe.

Tomei coragem e peguei, ele é um pouco pesado e gordinho, tem quase todos os seus dentes na sua boca.

— A sua mãezinha está dormindo.

O abracei, cheiro a sua cabecinha espessa. Tem um cheiro doce e infantil, ele se acalmou um pouco quando coloquei a sua cabeça contra o meu peito.

— Vai ficar tudo bem! — Acaricio as suas costas. — Amanhã voltará para casa.

— Sabe quem vai ficar feliz? A Guadalupe, Anna Lúcia e o Castiel.

E a Maitê ficará furiosa ao descobrir que tem um neto, na verdade dois netos com pais diferentes, que são irmãos.

— Vai para casa, Bernardo e manda a Anna Carmen arrumar um quarto de hóspede.

— Sim, senhor!

A vingança de Leôncio - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora