Bernardo Hernández
Me arrependo amargamente de ter voltado para escola após os escândalos que a minha família está enfrentando e depois ter esquecido o meu capuz em cima da minha cama, queria esconder o meu rosto através de um pano grosso. Sem nenhuma solução, ponho o meu fone de ouvido no volume alto para abafar os cochichos desses insolentes. Enquanto não chegava a minha sala que ficava no último corredor, tenho que enfrentar um longo caminho pela frente e enfrentar olhares de julgamentos, só não mexe comigo por causa do meu sobrenome.
Esbocei um sorriso ao encontrar Anna Lúcia vindo em minha direção sorrindo, seu corpo se chocou ao meu e deu um abraço bastante apertado. Eu retribuí o seu abraço, e depois me afastei um pouco, seus olhos estão brilhando, a sua presença na minha vida me faz esquecer a ausência da Soraya. Há dois anos nunca ligou para mim, enviou mensagens ou escreveu cartas todo esse tempo. Talvez a nossa amizade nunca tenha valido a pena.
— Vamos, Bernardinho!
Começamos a caminhar.
— Quer ir a outro lugar?
Sempre ponho ela numa fria com a sua irmã, porém, Anna Lúcia é a minha única amiga que tenho e eu não quero fazer merda sozinho ou apanhar sozinho.
— Vamos!
Pegou a minha mão e saímos, provavelmente a diretora sentirá a minha ausência daqui há duas horas e depois ligará para o meu pai falando da minha fuga, quer saber? Estou nem aí!
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Dou uma mordida considerável no meu pastel recheado de queijo e presunto, e logo após bebo a minha Coca-Cola. Estamos na pastelaria no centro da cidade, tiramos a nossa farda, porém não adianta. Todos os moradores sabem que estamos fugindo dos nossos deveres e também só tem duas escolas na cidade, para crianças de 2 a 9 anos e a outra de 10 a 18 anos.
— Está sabendo que teremos um novo morador? — Digo.
— Quem?
— Paola teve um filho com o meu pai, o nome dele é Álvaro e tem dois anos de idade, o infeliz do meu pai colocou-o na fazenda. E até agora não sei os motivos dele.
— Mas, o seu pai não sabia da sua existência?
— Não! — Bebo a Coca-Cola — Na verdade eu não sei, ele está sob pressão durante dois anos. Por causa de vários fatores, o meu avô e os nossos tios, está lidando sozinho com os negócios da família.
—E você também não ajuda, Bernardo. Só pensou facilitar a vida do seu pai?
Olho para ela incrédula — O quê? Está ao lado do meu pai? Esqueceu que ele fez com a minha mãe? Por causa dele, ela morreu durante parto.
Seus olhos azuis me fitaram intensamente.
— Você é o primogênito do seu pai, vive fazendo discurso de ódio dos negócios da sua família. Porém, recebe mesada todo mês e não faz nada para mudar o destino daquelas pessoas. Você deveria fazer é o seguinte, participar e criar um novo ambiente, porque possivelmente passará uma grande turbulência de perdas de algumas vidas e o seu pai terá que repor essas pessoas e aí você entra com as suas ideias anarquistas.
Anna Lúcia é uma menina muito inteligente.
— Seria impossível, infelizmente nós não podemos soltar essas pessoas. Seria a nossa ruína.
— Eu acho que não, depois de ontem acho que será difícil. — Bebe o seu suco natural de laranja — A sua família age como tivesse quinhentos anos atrás, estamos em 2018 e temos equipamentos agrícolas que equivale cem trabalhadores numa vez só e o seu pai pode substituí-los todos eles.
— Você tem razão, Anna Lúcia! Talvez seja um presságio, algo bom, quer conhecer o meu irmãozinho?
— Quero sim!
— Então vamos! Gostei da sua visão, quando for sentar na cadeira do meu pai eu te chamarei para ser a minha sósia. Aceita o convite?
— Mas, antes disso eu preciso me formar na escola. E agora adiante, nada fugir da escola e só assim você não precisará ir para Itália.
— Está certa!
Saímos na pastelaria e fomos para o hospital. Soraya nunca pensaria assim, Anna Lúcia é uma menina de ouro mesmo.
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A vingança de Leôncio - LIVRO 2
RomanceContinuação da história "Bela Posse" Leôncio Hernández foi enganado por várias pessoas, a sua ex-falecida esposa fez uma emboscada para manter o seu casamento com o herdeiro do Cartel Hernández com a ajuda da Paola Flórida. Entregar o seu filho que...