Capítulo 23

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Paola Flórida

Entro na cozinha, Anna Carmem está lavando louça calmamente e cantarolando uma música animada que está tocando pelo rádio em cima da bancada, desliguei o rádio e chamei a sua atenção. Cruzei os braços e fiquei encostada na batente da madeira, a encarei numa forma maldosa e petulante.

— Senhora...

— Está apaixonada pelo seu o seu patrão? — Fui direta, ela precisa saber onde é o seu lugar — Seria bastante bizarro que você é casada com o Thiago.

Anna Carmen desligou a torneira, pegou o pano e enxergou as suas mãos, ficou encostada na pia.

— Sou uma mulher de respeito senhora, eu só estava ajudando ele.

— Colocando as mãos em cima dele? — Levanto uma das sobrancelhas —Interessante! — Afasto-me da batente da porta e caminho em sua direção com passos lentos — Eu darei um aviso e eu espero que você siga ele com os olhos abertos, Leôncio Hernández é meu. Posso até agora odiá-lo neste momento, porém, ele é meu, nós temos um filho junto. E eu espero que você seja uma boa menina, a sua função é ser cozinheira dessa casa e não amante do seu patrão, estamos entendidas?

— Sim, senhora! — Engole a seco — Eu sei onde é o meu lugar nesta casa senhora, não precisa falar duas vezes.

Nessa hora o Castiel entrou, correu para as pernas da sua mãe adotiva.

— Admiro você criar um filho que não é seu, quando olho para esse moleque imediatamente a vejo.

Anna Carmen segurou o seu bebê.

— Castiel não tem culpa dos pecados da sua mãe, é uma criança como qualquer outra. — Diz.

Reparo na cozinha, tem frutas, legumes e carnes em cima da mesa.

— Quero cordeiro assado para jantar e purê de batata.

Dois anos trancafiada naquele lugar, irei comer qualquer coisa. A minha dieta de lá era muito restrita, mesmo trabalhando na cozinha eu nunca poderia pegar um pedaço de bife a mais. Se eu pegasse eu seria igual a Kátia.

— Sim, senhora!

Falando em acontecimento desastroso, o que Leôncio fez com os corpos? Eram muitos corpos no chão e pessoas feridas também, sem perder tempo com essa mulher vou atrás de Leôncio. Entro no escritório sem bater, Leôncio está lendo alguns papeis.

— O que você fez com os corpos? E cadê o corpo da minha mãe?

Leôncio levantou o olhar, tirou os óculos e pós na mesa.

— Os enterrei a quilômetros de distância, todos eles, e as crianças órfãs estão no orfanato e a sua mãe está enterrada no cemitério da família.

Kátia e Carla enterradas como desconhecidas nos país que não são delas, nem as suas mortes tiveram dignidades e as suas famílias nunca irão saber o que realmente aconteceu com elas.

— Não sente remorso?

— Pelo quê?

— Vidas inocentes foram jogadas como se fosse nada, e as crianças foram separadas do seus pais. E você aí, tranquilo e trabalhando.

Leôncio suspirou.

— Não tenho culpa, Paola! É negócio de família, essas pessoas que sustentaram a nossa fortuna durante décadas. O que posso fazer? Libertá-las? Para daqui a pouco o governo bate na porta. Eu não poderia fazer isso, e pra falar a verdade, estou um pouco aliviado com esse ataque. A família González fez um grande favor se livrando delas.

Favor? Quando vou dormir só ouço berros, choro e a minha mãe sendo morta na minha frente, perdi minhas amigas naquele lugar. Aquelas pessoas eram boas e tinham esperança de escapar do inferno.

— Você é um monstro, Leôncio! Vejo pelos seus olhos que você é igual ao seu irmão, a sua família é o câncer dessa humanidade.

Leôncio esboçou um sorriso.

— O sujo falando do mal lavado.

— O que quer dizer com isso?

— Esse ataque foi planejado pela a sua família, Paola!

— O quê? — Franzi a testa confusa. — O que diabo está falando?

Leôncio levantou na poltrona de couro e veio até mim, ficou na minha frente me encarando de uma forma que deixou os meus pêlos arrepiados.

Não é excitação, é medo.

— Você é filha de Geraldo González, o sangue que percorre das suas veias pertencer à família González.

A vingança de Leôncio - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora