Capítulo 24

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Leôncio Hernández

Lágrimas saíam pelos seus olhos e deslizavam pelas as suas bochechas magras, afastou-se de mim e foi caminhando até o sofá, cambaleando e tropeçando pelos próprios pés. Paola precisa saber das suas origens, precisar saber quem é o seu pai e também precisa saber que a sua querida mãe não passa de uma prostituta barata e que entregou-se para o vosso inimigo, e teve um fruto dessa paixão descabida. Mesmo que tenha passado vários dias, essa notícia ainda não foi ingerida dentro do meu estômago. Na minha frente, uma herdeira González.

— Você está mentindo para mim, só pra me machucar. — Seu lábio inferior tremia e os seus olhos escuros perderam o foco e o brilho — Está enganado, a minha mãe jamais faria isso.

— Está enganada, a sua mãe dormiu com aquele homem desprezível e ele sabe da sua existência.

Paola negava e chorava ainda mais, aproximei-me dela e sentei ao seu lado, peguei o seu cabelo escuro e ponho atrás das duas costas que tremia enquanto soluçava.

— A sua mãe sabe de uma coisa que eu não sei?

Olhou para mim — Ela tinha dezoito anos quando saiu pela primeira vez nesta fazenda, pediu a permissão para a minha avó. Conheceu um homem na festa e deitou-se com ele, quando estava grávida de mim descobriu quem era aquele homem. E por isso, não queria a minha presença nessas terras e também por causa do Bernardo.

— Faz sentido, e eu achava que a sua mãe era uma prostituta dele.

Paola bofeteou a minha cara após falar isso.

— Prostituta é a sua mãe e sua irmã, a minha mãe é uma santa que morreu para me proteger. Nunca se esqueça disso, seu infeliz de merda. — Ela se levantou — E agora? O que você vai fazer comigo? Vai me matar? Ou vai me usar?

— Você não tem culpa, Paola! E você? Vai se importar se eu matasse todos eles? Você tem vários irmãos...

— Estou pouco me importando sobre eles. Se quiser matar eles hoje, por mim, tanto faz. A minha única família morreu em meus braços.

— E quanto a mim? Não sou a sua família? — Me levanto no sofá e agarro os seus ombros forçando-a olhar para mim.— Você disse que me perdoou.

Paola me empurra — Eu falei que te perdoaria quando você trouxer a vadia da sua mãe, e então, cadê ela? Cadê a cachorra?

— É difícil, e solicitei a ajuda de Zeus Lambertini para encontrá-la.

— Você pediu a ajuda de um porra traficante italiano para achar a sua mãe? —Zombou — Aquela desgraçada está escondida nos hoteis mais caros ou em spa na Suíça, você está simplesmente com preguiça de achá-la.

— Eu tenho problemas maiores, Paola! As minhas terras quase viraram cinzas, perdi trabalhadores e agora, eu tenho que recomeçar tudo de novo.

— Oh, coitado! — Riu — Leôncio Hernández querendo ser uma vítima na história, me poupe, mudando de assunto antes que arranque a sua língua. Quero saber do Liam, cadê o meu dinheiro?

Antes de responder, vou à direção no mini bar e me sirvo um conhaque puro.

— Tenho péssimas notícias, o seu amante suicidou-se pulando na mesma ponte que a sua mulher e filha pularam.

— Richard? Tem certeza disso? Conhecendo ele, Richard não tinha coragem.

— Mas teve — Bebo — Ele não aguentou que a sua amada o tinha abandonado e então, decidiu tirar a própria vida.

— Você matou o Richard? — Fechou os punhos. — Você não enjoa em acabar a vida das pessoas?

— Eu matei? — Apontei o dedo para mim mesmo — Eu não fiz nada, a escolha era dele, foi fraco e idiota.

— Pelo menos, ele me amava. — Diz —Tirou a sua própria vida que não conseguiria viver sem mim, isso sim, era amor verdadeiro ao contrário de você. Que me trancafiou naquele lugar e por culpa sua, tive que fazer um aborto sem nenhuma anestesia nas veias.

Meus olhos se encheram de lágrimas, limpei de uma maneira desajeitada.

— Me perdoa, Paola!

— Ache a cachorra da sua mãe e depois nós conversaremos.

Paola saiu do escritório pisando duro, nessa agora o meu celular começou a tocar. Peguei atrás do bolso, é o Zeus, atendo no segundo toque.

— Alô.

— Achei a sua mãe, está hospedada em Nova York. Estamos com ela, vou enviar uma foto agora mesmo. — Desliga o telefone.

Alguns segundos depois Zeus enviou a foto da minha mãe, Maitê chorando e amarrada numa cadeira.

— Te achei, mamãe!

Eu sei que a Paola só está me usando, só para se vingar. Mas, por outro lado, ela está certa, culpa dela eu não soube da existência do Álvaro. Ele poderia ter morrido, levando um tiro ou sendo queimado vivo, um dos dois.

Digito no celular.

" A traga para cá"

Enviei...


💵 Paola Flórida 💵

Limpo a sua lápide, o seu nome gravado com a data de nascimento e a data do seu falecimento, com letras douradas. Ao contrário das minhas amigas, a minha mãe foi enterrada com dignidade e eu sei onde ela está, eu posso visitá-la quando eu quiser. Mesmo descobrindo toda a verdade, deitou-se com o Geraldo González e gerando uma filha, estou pouco me fudendo com esta história. A única coisa que eu quero é ter meus filhos ao meu lado e a cachorra da minha sogra debaixo da solas do meu scarpin.

— Paola! — Ouço a voz do Bernardo, ele está vindo na minha direção. — Preciso falar com a senhora.

Ele está tão bonitinho usando a roupa de cowboy, usando um chapéu preto igual o seu pai e uma fivela dourada grande e bonita, ele tem muito bom gosto, puxou para mim.

— Oi!

Ficou ao meu lado, olhou para a lápide.

— Eu sentirei saudade dela, ela foi uma ótima mãe para mim. Que nem a minha própria mãe não foi, mas, no fundo, queria que ela fosse a minha avó.

Depois dessa, comecei a chorar. Bernardo me abraçou me consolando e dizendo que ficaria tudo bem, meu deus, sou uma mulher tão estúpida por ter deixado ele para trás, mas não tinha outra escolha. Não posso contar nada para ele, eu receberia o seu ódio quando descobrisse toda a verdade.

Eu e o Leôncio precisamos fazer um pacto de silêncio.

A vingança de Leôncio - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora