María Hernández
Trancada feito bicho, enjaulada há dois anos neste lugar. Tomando pílulas em cima de pílulas, convivendo com esses animais loucos, cercada por enfermeiros que em seus rostos tinham sorrisos mais falsos. Me trata como se eu fosse incapaz de escolher as minhas próprias decisões, até o par de sapatos não posso usar sem a autorização deles. Toda minha rotina é escrita por eles, até o prato de comida é escolhido por eles, e até os jogos. Culpa de quem? Daquela vagabunda, daquela mulherzinha imprestável que roubou a minha vida perfeita que tanto construí.
Ela acabou com o meu casamento, e tirou o filho de mim, há dois anos que não o vejo. Soube pela minha mãe que a morta de fome está cuidando dele, e chamando-a de mãe. Fiquei destruída emocionalmente quando essas palavras saíram entre os seus lábios vermelhos. Até isso, aquela desgraçada tirou esse momento que toda a mãe sonha ao ouvir pela primeira a palavra do seu bebê "mãe".
O momento foi interrompido quando a porta do meu quarto foi aberta. Ignoro qualquer presença atrás de mim e continuei contemplando o dia lindo através dessa janela cercada por grade.
— Trouxe o seu café! — É a Juana — Café com leite e ovos mexidos.
Colocou a bandeja sobre a mesa e veio até mim, sentou-se ao meu lado e ficamos em silêncio pelo menos cinco minutos.
— Quer saber da notícia maravilhosa? A fazenda da sua família foi incendiada. — Comentou como se fosse uma piada engraçada e continuou — Foi perda total, sem pessoas trabalhando significa sem dinheiro em seus bolsos.
Encaro-a, essa mulher está alojada nesse hospício há seis meses trabalhando como enfermeira. Fez uma proposta, nós manteríamos o nosso ódio, rancor e vingança e direcionaria para uma única pessoa: Paola Flórida. Temos algo em comum, destruir a mesma pessoa e acabar com a reputação de Leôncio Hernández, por culpa dele que estou nesta prisão sem previsão de saída e taxada como louca.
— Oh, é mesmo? Como? Quem fez isso?
— Acho que foi a família González que está envolvida, são bem típicos deles. Destruir tudo que os Hernández tocam, o que é mais engraçado que nós não precisaremos tocar o terror, eles mesmo estão fazendo por nós duas.
— Eu quero sair daqui, passou seis meses.
— Não é fácil, você está numa clínica de segurança máxima. Tenha um pouco de paciência María e alegrar mais o seu dia, adivinha que está no hospital em coma induzido?
Franzi a testa — Quem?
— Paola Flórida — Ela abre o sorriso — Estou tendo caso com o Doutor Souza, e ele está cuidado do seu quadro clínico.
— Ele te contou tudo? Que espécie de médico é esse?
— Você sabe que os homens são fracos quando estão fazendo sexo, eles contam tudo, só precisa ter uma buceta certa e as perguntas certas. O que ele me contou que Paola fez um aborto clandestino e corre risco de não engravidar novamente, e, Leôncio descobriu que tem um filho de dois anos. É cada fofoca cabeluda que é difícil de fechar a boca.
Levantei-me rapidamente, fico em frente à janela e olho-me no reflexo do vidro. Aquela vagabunda tem um filho? Não acredito! Lágrimas de ódio descem pelo meu rosto, fecho os meus punhos.
— María. — Juana fica atrás de mim — Não se preocupe, teremos a nossa vingança. Eu te prometo!
— Está demorando demais — Rosnei.
— A demora leva à perfeição, nunca se esqueça disso.
— Ela está no hospital, fragilizada e impossibilitada de se defender, é o momento certo de agirmos. Quero matá-la.
— Não, você sai e o seu irmão recebe um alerta que a sua irmãzinha fugiu e o Leôncio ponha dois seguranças na porta, não é uma estratégia inteligente.
Engulo a seco, que chegou a doer.
— E o Alejandro? Tem notícias dele?
— Ele está preso, Leôncio pagou um juiz federal para lhe dar a pena máxima.
— O meu irmão não pode ficar preso por trinta anos, foi apenas drogas.
— Cinquenta quilos, no total. — Juana pega os meus ombros e me vira, a encarei — Darei no máximo duas semanas, ocorrerá uma festa de confraternização e estará cheia de pessoas de serviços terceirizados, posso pegar uma farda e você sairá dessa, confia em mim?
— Sim! — Balanço a cabeça.
— Agora tenho que ir, tenho que entregar comidas para outros loucos.
Juana sai do meu quarto. Um quarto branco e uma mesinha de metal para fazer as minhas refeições diárias, nada de televisão ou geladeira, um quarto sem graça. Volto a olhar pra janela, nada de varanda, porém tem uma vista linda de um jardim que é repletos de peônias brancas e rosas. Todo esse tempo trancafiada nesse lugar, adquirir outras habilidades, além de insultar aquela vagabunda, estou fazendo um auto retrato do meu filho. Tenho as suas fotos que a minha mãe traz para mim quando me visita: Duas vezes por mês.
É a única coisa que posso ter dele, uma simples foto e nada mais disso, sendo criado por outra mulher e chamando-a de "mãe" por uma mulher que deveria ser a sua empregada.
Culpa da Paola!
Os seus dias estão contados desgraçada, tirou tudo de mim. E agora, é a minha vez de tudo de você.... dolorosamente.
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A vingança de Leôncio - LIVRO 2
RomantizmContinuação da história "Bela Posse" Leôncio Hernández foi enganado por várias pessoas, a sua ex-falecida esposa fez uma emboscada para manter o seu casamento com o herdeiro do Cartel Hernández com a ajuda da Paola Flórida. Entregar o seu filho que...