Capítulo 25

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Alejandro Hernández

Há dois anos estou preso como animal enjaulado.

A minha vida virou um inferno sem tamanho, o meu próprio irmão me colocou nesta prisão cheios de criminosos por causa daquela buceta. Por culpa daquela mulher estou comendo pão que o diabo amassa todos os dias convivendo com esses animais desprezíveis. Entretanto, estou numa cela privativa, tenho uma cama só para mim, pelo menos o desgraçado foi generoso dessa parte. A noite acontece cada coisa bizarra, aqui não tem mulheres para a saciar a nossa fome pelo sexo, então, eles come o cu um do outro. O que tem uma aparência jovem e bonita, sofre. E eu sou bonito, escapei cada estupro coletivo que até perdi as contas.

— Ei playboy, tem visita pra você.

Visita? Quem será? A minha mãe? Não! Maitê me visitou pela primeira e última vez, dizendo que ela não nasceu para visitar presídios. Caralho, eu sou o seu filho!

— Tá bom! — Deixo a minha escova de dente na pia. — Quem é? Homem ou mulher?

— Vai lá que o playboy descobre. — Respondeu irritado.

Bufo

Visto a minha camiseta amarela, fedida e surrada, olho-me no espelho pela última vez e saio, quando a minha cela se abre é uma sensação incrível, mesmo que dure muito pouco e três vezes por semana, é uma sensação fantasiosa e única. No longo corredor, presos me provocavam, davam beijos e faziam gestos obscenos com as bocas e nas suas intimidades, agarrando-a fortemente.

Filhos da puta!

A única coisa que faço é abaixar a cabeça e ficar em silêncio, ignorando os seus risos e gritos. Todas as celas contém três pessoas, uma privada no canto da parede, uma pia e um espelho. Descemos as escadas, o presídio tem três andares, e cada bloco tem polícias fortemente armados até os dentes e alguns deles são corruptos, até tentei comprar um deles, mas o tiro saiu pela culatra. Fui jogado na solitária e fiquei por lá cinco dias, então eu soube, Leôncio Hernández mandava neles.

Chegamos na sala de visita, é uma sala pequena e uma câmera instalada no alto da parede. É a segunda vez que entro nesta sala, e tinha um homem de costas para mim.

— Finalmente! — Fico incrédulo ao ver Humberto Lopez — Temos bastante coisas para colocar na mesa, Alejandro.

Ficamos a sós. Aproximei-me da mesa, puxei a cadeira e me sentei, descanso os meus braços sobre a mesa de metal.

— Leôncio quem te mandou aqui?

Humberto veio até mim, puxou a cadeira e sentou-se na minha frente. Ele não mudou nada, exceto pelas roupas caras, graças à fortuna da minha irmã louca.

— Não, o seu irmão nem sabe que eu estou aqui.

— Então, qual o motivo da sua visita?

— Temos algo em comum, o seu irmão.

— Quer vingança? Contra o meu irmão? Por que? Ele te deu a fortuna da María

— Às vezes Alejandro o dinheiro não é suficiente. Eu trabalhei desde criança naquela casa, seguindo cada passo que o seu irmão dava, eu era o seu lacaio, a sua sombra, e o que mais precisei da sua compreensão, fui jogado no escanteio. E agora você entende a minha raiva? Você está aqui por causa dele, acha mesmo que quilos de drogas daria essa sentença toda?

— Óbvio, que não!

— Leôncio comprou o judiciário todo, só pra vê-lo trancado como bicho.

— Eu já desconfiava. — Bufo — Vai me ajudar a sair daqui?

— Sim! Mas antes disso, quero fazer uma pergunta.

— Então, faça! — Curto e grosso.

— O que você fará quando sair daqui?

Debrucei sobre a mesa e sussurrei.

— Vou matar aquela vagabunda imprestável e o meu irmão, eles irão sofrer amargamente por arruinar a minha vida.

—Você só vingará da Paola, e o seu irmão, quem cuida sou eu. Estamos entendidos?

— Foda-se, você vai me tirar daqui?

— Sim, o guarda que trouxe você trabalha para mim. Daqui há três dias terá uma rebelião e vai aproveitar e irá sair daqui, usando um uniforme de policial.

— Está fácil demais, parece até uma cena de filme de ação.

— Dinheiro compra tudo, até aprisionar a sua liberdade.

Penso. Humberto tem motivos convincentes para se vingar do Leôncio? Humberto sempre foi tratado bem, até a sua filha ganhou um quarto belíssimo no segundo andar e ele ainda se casou com a María e ficou com toda a sua fortuna.

— Também irá ajudar a minha irmã?

— A sua irmã já foi solta, ela está livre e respirando um ar puro nesse exato momento.

— Como?

— Mesma estratégia de fuga, porém um pouco diferente.

Olho para cima, uma câmera filmando tudo. Apontei com o queixo.

— E essa câmera?

— Como eu disse, o dinheiro compra tudo. Então, você aceita ou não?

Esse momento pode ser a minha última esperança, Humberto está dando uma chance de fugir e recomeçar a minha vida e nunca mais irei ficar acordando com medo de ser violentado por esses animais.

— Sim, eu aceito!

Apoia os cotovelos sobre a mesa e entrelaça os dedos — Você só precisa ficar no lugar certo, já organizei tudo, fiquei um ano planejando . Não é fácil tirar alguém no presídio de segurança máxima.

Se levanta na cadeira, antes de afastar da mesa segurei o seu punho.

— Você foi o responsável pelas queimadas? Eu vi na televisão.

— Sim!

— Está trabalhando com a família González? Ou está trabalhando com conta própria?

Humberto riu — Eu sou o filho de Geraldo González, Alejandro. Quando sair daqui explico tudo.

Saiu da sala, me deixando perplexo. Humberto é filho de Geraldo González, nunca desconfiei, mas não importa. A única coisa que eu quero é matar aquela desgraçada, mas, antes de enfiar uma bala no seu crânio. Vou estuprar a Paola até que a minha fome seja saciada.

— Bora, playboy! A sua visita acabou.

Levanto na cadeira, três dias sairei daqui.

A vingança de Leôncio - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora