A culpa me corrói por inteiro, mas não podia voltar atrás. Maitê fez algo impensável e precisava pagar por seus erros, porém, o maior culpado dessa história: Só eu. Sou o responsável por jogá-la naquele lugar sem certificar-se se ela estava grávida de mim, tenho certeza que a Paola ficou esperando, esperando e esperando por mim para buscá-la. Mas, fui covarde e só me concentrei na vingança que tinha contra ela e da sua mãe, que morreu, Paola sabe disso? Será um choque quando ela descobrisse.
Respirei fundo e saio do carro, estou no estacionamento do hospital há um hora, criando coragem para vê-la novamente. E como sou adulto, está na hora de encarar as minhas burrices. Ponho o meu chapéu e vou caminhando até chegar no elevador. O médico falou no telefone que ela está melhorando um pouco e só precisava descansar, recuperar a sua saúde mental e física.
306
É o número do seu quarto, no terceiro andar virando à direita e está no último quarto do corredor. Abro a porta, e soltei um suspiro pesado ao encontrá-la dessa forma, parecia que estava morta. Com passos lentos e indecisos fui aproximando da cama, Paola Flórida parecia serena e relaxada.
Levei a minha mão ao seu rosto, quente. Dou um suspiro de alívio.
— Minha cachorra! — Saiu antes que eu pudesse conter.
Paola não era mais a minha cachorra ou minha mulher, não era nada para mim. Se ela acordasse agora como seria o nosso relacionamento a partir de agora? Será que ela me perdoaria os meus erros? Óbvio que não, que pergunta mais idiota. Aposto que ela me odeia até o último fio do cabelo seu e agora com a morte da sua mãe é bem capaz de me matar a sangue frio. E eu não tiro a sua razão.
Debrucei sobre ela, o seu rosto estava próximo ao meu. Podia sentir a sua respiração fraca e morna.
— Paola, acorda meu amor! Os nossos filhos precisam de você, e eu também.
Lágrimas desciam pelo meu rosto e molhavam a sua pele, sou um homem arrependido. Deixei as minhas emoções me levarem e decidisse as decisões mais importantes, fiquei cego pela raiva e não queria ouvir as suas explicações. Quase a perdendo, percebi que ela é uma vítima da família Hernández, engravidou do seu algoz e quase foi vendida para uma família estrangeira. Às vezes fico imaginando isso, essa possibilidade. Se a Paola fosse levada, consequentemente ela estaria grávida do Bernardo e o meu filho seria capacho daquela família italiana para o resto da sua vida.
— Paola, você fez o certo. Perdoa-me por perceber isso agora.
Admiro o seu rosto angelical, acaricio os seus cabelos longos e sedosos que ainda continuava bonito. Saudade dos seus olhos escuros profundos que brilhavam com paixão, ternura e que me desafiavam sempre. Somos interrompidos pela porta do quarto se abrindo, Bernardo entra segurando um buquê de flores, são peônias brancas.
— Você faltou aula, garoto.
— Não gosto daquela escola, papai.
Bernardo aproximou-se, ficou no outro lado da cama. Seus olhos de ébano fitavam a sua mãe, outra pessoa que também não vai me perdoar. Se ele soubesse...
— Eu falei com o médico quando estava indo visitar o meu irmãozinho, o doutor falou que só falta assinar os papeis para liberar o Álvaro.
— Daqui a pouco eu já vou assinar os papeis.
— Por que bateu na vovó?
— Porque ela sabia sobre o Álvaro e dava dinheiro para Sebastião pra não contar sobre o seu paradeiro.
— E você sabe que essa história tem o único culpado, não sabe?
Bernardo é tão petulante quanto a sua mãe.
— Eu sei disso, Bernardo! Não precisa esfregar na minha cara.
— Claro que eu preciso, sou o seu filho.
Filho, é triste imaginar que esse garoto petulante não é o meu filho biológico e que ele também está sendo enganado por todos esses anos, e eu não sei se tenho coragem para dizer toda a verdade.
— Oh, pai, quantos morreram na fazenda? E como a família vai lidar com essa situação?
— Tivemos bastante prejuízo, Bernardo, não tenho ainda uma conta estimada.
— E a tia Cristina? Como ela está?
Chegou a parte dolorosa.
— Ela morreu, teve a garganta perfurada pela bala. Eu sinto muito!
Bernardo ficou estático e as primeiras lágrimas começaram a descer pelo seu rosto, o seu lábio inferior começou a tremer.
— Essa situação é toda culpa sua. — Diz com a voz trêmula.
— Foi a família González.
— Não importa! — Se afastou da cama e apontou o dedo na direção da Paola — Toda essa situação é culpa sua, ela quase morreu junto com o meu irmão e agora... — Começou a chorar — A tia Cristina morreu, quem vai fazer o meu bolo de cenoura?
Fui em sua direção e o abracei.
— Perdoa-me, meu filho! — O abracei forte e impossibilitado caso ele fuja — Eles vão pagar por tudo isso.
Seus soluços machucavam a minha alma, suas lágrimas eram as minhas lágrimas também. Bernardo nunca escondeu os seus sentimentos dentro de si, sempre demonstrou, é o sinal que ele é totalmente diferente de mim e do seu pai.
— Eu vou consertar, eu te prometo.
Bernardo me empurra.
— E vai mesmo, a primeira coisa que o senhor vai fazer é libertar a Paola e o seu filho, vai deixá-los livres.
Meu filho biológico longe de mim? Nunca!
— Não! — Firme e grosso — Os dois são as minhas propriedades.
— Puta que pariu pai, então, merece sofrer mesmo. — Jogou as peônias contra o meu peito — Espero que a Paola torne-se a sua vida num inferno ao ponto de você tirar a própria vida.
Após falar isso, Bernardo saiu do quarto. Deixei as peônias caírem no chão de propósito, olho para Paola, com raiva aproximei-me da cama.
— Está escutando, Paola? É toda culpa sua! — Sussurrei ao seu ouvido — Quando você acordar, vamos continuar o nosso acordo.
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A vingança de Leôncio - LIVRO 2
RomanceContinuação da história "Bela Posse" Leôncio Hernández foi enganado por várias pessoas, a sua ex-falecida esposa fez uma emboscada para manter o seu casamento com o herdeiro do Cartel Hernández com a ajuda da Paola Flórida. Entregar o seu filho que...