Capítulo 18

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Leôncio Hernández

— Você está bem? — Doutor Souza me ajudou a sentar na cama, merda, dói pra cacete — Se quiser posso chamar a polícia.

— Não precisa, eu precisava desse tiro para acordar e ver as minhas consequências dos meus atos.

— Você que sabe! — Diz a contragosto.

Um enfermeiro entrou no quarto puxando uma cadeira de rodas, duas enfermeiras batiam na porta do banheiro onde a Paola estava trancada, podia escutar o seu choro e isso me matava, porque toda essa situação simplesmente é minha culpa. Fui eu que causei tudo isso, e pra ser sincero, não estou pronto para pagar pelos meus crimes e corro risco de perder Bernardo para sempre.

— Venha, senhor Leôncio! Vamos na enfermaria ver a sua ferida e se for preciso fazer uma cirurgia.

Me ajudaram a levantar, antes de ir para outra sala. Olho pela última vez à porta do banheiro, suspiro, espero que ela fique bem.

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Quando o enfermeiro enfiava a pinça dentro da carne, imediatamente as minhas lembranças vão para dois anos atrás quando enfiei a faca nas suas coxas e girei no anti-horário, tirando os seus berros. Meu Deus, como fui um monstro para essa mulher, e jurei amá-la e a joguei fora na primeira oportunidade e na primeira discussão.

— Já está quase acabando! — Diz o enfermeiro ainda introduzindo a pinça. — É corajoso fazer isso sem nenhuma anestesia.

Dou um sorriso amarelo, não é ato de coragem. É o castigo que estou me submetendo, por remorso e tristeza, quero sentir a mesma dor que a Paola sentiu naquela época, quero sentir o gosto de ferro na ponta da minha língua, quero sentir tudo da pior maneira possível.

"Deitei-me com um dos seus capatazes, ele me fodia como animal todos os dias. Me colocava de várias posições diferentes, a sua favorita era de quatro, também comia o meu ânus. Eu me forcei a gostar disso, assim, seria menos difícil de ser usada como puta. Eu já lidei uma vez com isso, com o seu irmão e eu poderia simplesmente suportar novamente. Se não fosse isso, o meu filho estaria magro ao ponto de morrer"

Trinquei o meu maxilar e apertei com força os lençois da cama ao lembrar desse trecho. Alguém a usou, alguém se aproveitou da sua vulnerabilidade e eu vou matá-lo, mas antes disso vou torturá-lo até ele chorar sangue pelos olhos. Estou me arrependendo amargamente por ter matado o Sebastião, deveria ter perguntado antes quem a comeu ao ponto de emprenhar a minha mulher.

Quem seria?

Quem foi o desgraçado?

— Pronto, daqui a pouco te levarei para o raio-x. — O enfermeiro tira as suas luvas, ponha na bandeja de prata — Provavelmente andará de muletas por enquanto e precisará de repouso absoluto a partir de agora. E sinto muito pela a sua fazenda.

Acenei, e ele foi embora levando consigo os seus instrumentos cirúrgicos. A porta foi aberta, é o Bernardo.

— Soube que o senhor levou um tiro. Está tudo bem?

Olho para ele, uma mistura perfeita entre Paola e Alejandro. Uma boa postura, sobrancelhas grossas e uma cascata escura que desciam pelos seus ombros, é lindo igual a mãe.

— Fui que eu a provoquei.

Se aproximou de mim, olhou para minha perna e franziu a testa.

— Paola não poderia ter pegado a sua arma, provavelmente o senhor deu a ela. Por que? Foi uma prova de amor?

— Você é tão perspicaz Bernardo, tenho bastante orgulho de ti. E sim, não irei mentir, foi quase uma prova.

— Se provocá-la dessa forma, o segundo alvo será no seu coração.

A vingança de Leôncio - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora