01 | MAMÃE?

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Dias atuais
São Paulo, Capital.
ARABELLA

PEGO AS MALAS que estavam na esteira de bagagens e fui ao encontro da minha alma gêmea, minha Bella, minha melhor amiga.

É um daqueles dias em que permitimos chorar, era a primeira vez que nós víamos desde o dia em que fui morar em Paris, coincidentemente já fazem mais de três anos.

Como é uma quinta-feira o dia estava tranquilo com isso o transito também estava, não demorou para que chegássemos em Itaquera, ah, Itaquera foi o local onde escolhi para morar, naquele momento, era o valor que cabia no meu orçamento.

— Esse é seu ap, Bellinha. Não é o que está acostumada, mas foi o que deu com o valor que me deu. — Bella desabafou, mas eu sabia que ela havia feito tudo o que podia para me dar o maior conforto possível.

Deixo um sorriso escapar e dou um abraço, abraço repleto de saudade e emoção, podemos sentir as lágrimas descendo por nossos rostos e sabíamos que isso significava fim de abraço.

— Meu amor, está tudo bem. É tudo perfeito. — Eu deixei as malas no quarto e retornei à sala me sentando no sofá pequeno que havia ali, não era um dos mais confortáveis, mas não estava em posição de reclamar.

— Amiga, vais na sessão hoje ainda?

Puta merda, eu havia esquecido completamente que havia marcado uma sessão de fotos para hoje. Eu ainda não me sentia 100% para trabalhar como estilista, então optei por voltar a fazer alguns trabalhos como modelo. Dava dinheiro e com o laser que eu havia feito, a cicatriz do parto já não era visível.

Desde que eu soube da noticia de que Yuri estava no Zenit na Russia, eu sentia a necessidade de voltar, ao menos por alguns meses para matar a saudade de todos e vi nesses trabalhos uma oportunidade para me reerguer novamente.

— Vou, preciso disso Bellinha. — Bellinha se preocupava, não entrava em assuntos delicados como Yuri e nem se quer a menina.

Eu sei que todo mundo deve pensar "por que não fuxicar o perfil dele.", Yuri deu um jeito de me apagar da vida dele, não tinha acesso a mais nada dele e talvez essa fosse a melhor escolha que ele poderia ter feito com nós dois. Mas a minha mente era traiçoeira e vez ou outra eu me pego pensando "como será que eles estão?"

— Sabe o que eu estava pensando? — Bellinha balançando a cabeça, negando em resposta a minha pergunta. — Se eu visse o Yuri hoje, eu o reconheceria?

Bellinha engoliu seco, preferiu se abster de respostas e me deixou sem respostas. Eu deveria estar louca, não era momento para pensar nisso. Mas não posso negar, vez ou outra eu me pegava pensando nos dois e me imaginava sendo "mãe", será que eu seria uma boa mãe para a Ysis?

— Acho melhor mudarmos de assunto. — Ela finalizou e eu concordei.

— Vou me arrumar, estamos atrasadas.

Ela havia ficado estranha após a nossa conversa, como se estivesse me escondendo algo o que era engraçado, já que eu e ela não tínhamos nenhum segredo. Apenas ignorei o um milhão de pensamentos pertinentes em minha cabeça e optei por ficar maravilhosa para o meu primeiro trabalho em três anos.

Com a ajuda da minha mãe nos locomovemos até o local, foi um choro absurdo da minha mãe quando me viu, dela eu me afastei por 4 anos, já que se soubesse da minha gravidez iria me matar e jamais me deixaria ir embora. Minha mãe foi minha mãe muito nova e com certeza eu levaria um sermão histórico.

— Pronto mi amor, quando sair, liga para a mamãe.

E lá estávamos eu me sentia uma criança novamente, mas uma criança bem cuidada e com o carinho da minha mãe. Lhe deixei um beijo em sua bochecha e me despedi, entrando com Bella no estúdio. Fui recebida pelos meus ex companheiros que também não me viam a cerca de quatro anos. Aquele estúdio estava em festa, mas logo nosso barato foi cortado pela Diretora que viria me dar instruções.

— Primeiro de tudo seja bem-vinda de novo Arabella, depois de 3 longos anos. — Ela me deu um abraço bem curto. E continuou o que falava. — Então, querida te chamei para este ensaio para uma marca de roupas de mãe e filha, de imediato quando vi a menina pensei em você.

Eu senti meu corpo estremecer e engoli seco, era um trabalho, mas precisava de fato ser esse trabalho? Arabella, você não pode negar! Ela então continuou.

— Ela tem cerca de 3 anos e veio acompanhada do pai e da avó. Vai ser super rapidinho, são apenas três trocas de roupa. — Ela disse feliz da vida. — Vai ali com os meninos e em seguida eu trago ela pra você conhecer.

Eu assenti, três anos, provavelmente a idade que a Ysis teria hoje. Eu estava nervosa, tremia como se não houvesse amanhã e a Isabella sentiu isso. Ela imediatamente segurou em minha mão e foi andando comigo estúdio a fora, até que as pernas dela congelaram e eu via ela branca como papel.

— Meu Deus.

— O que foi Isabella?

Ela não falou nada, um silêncio tomou conta daquele local e eu só escutei uma mini voz que provavelmente não me viu apontando para a minha foto tirada a anos atrás pendurada no estúdio.

— Quem é essa papai? Parece comigo.

E imediatamente ao ver a feição da menina as minhas pernas bambearam, mas bambearam mais ainda ao ver o homem que acompanhava a criança.

— É, ela parece muito você.

— Poderia ser a minha mamãe, papai.

— Esquece isso, Zizi.

Meu coração gelou, meu ar faltou e eu sentia que desmaiaria ali mesmo, aquela voz, aquele apelido, aquele cheiro, aquele homem, eu conhecia, era o filho da puta que me engravidou com uma noite.

— Vem, Arabella. — Em um ato falho Isabella me puxou, mas minhas pernas estavam imóveis.

Como ele estava ali? Seu futuro já estava concreto fora do país, Zenit, Russia. Não era possível, não poderia ser verdade. Quando Isabella me chamou pela ultima vez, o rapaz teve a sua atenção voltada para nós e eu o via branco e pálido.

— Arabella? — a voz agora masculina tomou o ambiente e isso fez com que a criança virasse e em sua tamanha inocência olhou para mim e para seu pai.

— Arabella é o nome da minha mamãe, pai! Igual ao da moça.

Pude sentir todo o meu almoço voltar pelo estômago e eu tive apenas capacidade para regurgitar tudo o que eu havia comido naquela lixeira.

Oi vidocas! Espero que gostem, pretendo postar mais um ainda hoje! Estou me habituando a escrever aqui e juro que estou dando o meu melhor!

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CHOICE$ - Yuri AlbertoOnde histórias criam vida. Descubra agora