O verdadeiro começo.

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O vento gélido sussurrava segredos antigos em nossos ouvidos enquanto cavalgávamos decididos na direção do grupo de almas aflitas no horizonte. Minhas mãos agarravam as rédeas com a determinação de quem enfrenta o desconhecido fazendo meus dedos frios endurecerem , mas a tensão em meu peito era como uma melodia sombria. À medida que nos aproximávamos, as sombras do crepúsculo se estendiam, lançando um manto de mistério sobre a cena. Sabia que nossa partida da fazenda marcava o início de uma jornada que desvendaria segredos obscuros em meio ao inverno implacável, despertando os mais profundos anseios das almas góticas que buscam a escuridão e o enigma.

Enquanto nos afastávamos da fazenda depois de quase 20 minutos cavalgando em um embalo frenético , meus olhos perspicazes captaram um vislumbre na paisagem distante. Um homem, vestido de trapos, corria na nossa direção, cada passo uma dança de dor. Ele mancava visivelmente, como se a terra sob seus pés fosse um fardo insuportável. Seu corpo estava marcado por ferimentos e sua respiração era um gemido arrastado. A agonia estampada em seu rosto parecia ecoar a tensão que sentíamos.

Não preciso ativar seu eco!
Jorge grita como se eu fosse capaz de fazer isso sozinha. Com agilidade, ele se lança do cavalo, agarrando o homem antes que ele desabe na grama. No entanto, eu não o sigo. Não estou interessada em um moribundo. Na minha mente, o homem já está morto e, provavelmente, só está nos atrasando.

_Jorge, precisamos ir!
insisto, sentindo a urgência pesar em minhas palavras.

_Você não vem!
ele responde, deixando seu companheiro agonizante sentado ao chão.

Eu o encaro, minha expressão teimosa e determinada. Jorge sobe em seu cavalo e me olha de soslaio, seu tom autoritário inabalável.

_Eliza, isso não é uma negociação, você não vai vir!
Ele declara com autoridade, seus olhos fixos nos meus.

Mas eu não o respondo. Em vez disso, trinco os dentes e empino o nariz, revelando toda a teimosia que possuo. Meu olhar se desvia do de Jorge, e concentro minha atenção no homem machucado no chão. Ele parece chocado ao notar que estou desafiando Jorge.

Confesso que a forma como ele está me encarando faz o medo aumentar, como se estivesse olhando uma onça pintada prestes a avançar, suas pupilas dilatadas refletindo o brilho pálido da lua. É um olhar hipnótico, que sugere a iminência de um confronto sombrio, onde a obediência e a desobediência são duas faces da mesma moeda.

O vento cortante rasga a noite, arrancando suspiros do meu peito enquanto troto com o cavalo em direção à incerteza. Cada batida do casco ecoa como um tambor funesto, marcando nosso caminho através de sombras retorcidas. O vento se enreda em meus cabelos, como dedos esqueléticos a acariciar meu rosto pálido, e a escuridão iminente envolve tudo com sua capa gótica.

Percebo Jorge cavalgando atrás de mim, como um caçador sombrio em busca de sua presa, os olhos dele faiscando em desafio.

Dou um sorriso, a adrenalina percorrendo minhas veias como um elixir antigo que há muito tempo não experimentava. No entanto, antes que eu possa saborear plenamente essa sensação, sinto um braço firme envolvendo minha cintura, e sou bruscamente arrancada de Ugo, meu cavalo. O mundo gira, e eu rolo pela grama úmida, com Jorge rolando junto comigo, uma confusão de braços e pernas.

A desorientação toma conta de mim por um momento, meu raciocínio lento para compreender o que está acontecendo. A grama, agora vista de perto, parece uma tapeçaria de sombras, e o aroma da terra úmida invade minhas narinas. O que quer que tenha acontecido, deixou-me atordoada e incerta sobre o que virá a seguir.

A tensão entre Jorge e eu cresce exponencialmente quando sinto suas mãos firmes segurando meus punhos, como se fossem algemas, no chão ao lado da minha cabeça. Minha respiração se acelera, e a escuridão da noite parece pressionar sobre nós.

Refúgio BrutalOnde histórias criam vida. Descubra agora