A resposta da natureza part 3

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Fico parado, observando Eliza com perplexidade. Seus risos ecoam na clareira, e meu rosto assume uma expressão confusa, incapaz de compreender o motivo de sua reação. Meus olhos seguem seus gestos, tentando decifrar a mudança em seu comportamento.

O som de sua risada corta o silêncio que envolvia o momento, e meu interior permanece inalterado, uma calmaria em meio à tempestade de emoções que ela parece experimentar. Por um breve instante, questiono o que pode levar um humano a rir diante de uma revelação tão séria. O enigma de suas emoções continua a escapar de minha compreensão, e eu permaneço ali, estático, tentando decifrar o que se passa na mente complexa dessa criatura tão diferente de mim.

Observo atentamente cada detalhe enquanto Eliza ri. Seus batimentos cardíacos acelerados não passam despercebidos, pulsando como o ritmo de uma melodia desconhecida. Cada risada, um traço peculiar de sua espécie, reverbera na clareira, e eu absorvo cada inflexão, tentando decifrar o código de suas emoções.

Seu gesto de limpar os dentes com a língua entre cada risada me intriga, um comportamento tão humano que, mesmo após absorver tanto sobre essa espécie, ainda me parece enigmático. Fico ali, observando, absorvendo, tentando compreender os sinais sutis de sua reação diante do que acabou de compreender.

_Um humano não pode ser um animal de estimação._ Ela declara. _Somos valiosos demais.

_Está errada, os humanos a meus olhos são animais como os outros_ - seus olhos se estreitam, mas eu prossigo - _mas seu erro não se limita a isso. Você não é humana.
Concluo.

O impacto da revelação reverbera através de Eliza, uma onda invisível de emoções que dança em seus olhos, mesmo que eu, desprovido de sentimentos, não possa experimentar essas nuances. No primeiro instante, seus olhos refletem o choque, uma expressão de perplexidade diante da verdade que acaba de ser revelada.

Então, como sombras passageiras, a tristeza se insinua. Os olhos, uma entrada para a alma humana que agora sei não ser totalmente humana, ganham uma melancolia fugaz. Um esboço sutil de dor se desenha em seu olhar, uma resposta que não consigo compreender plenamente, mas que testemunho como um observador desprovido das cores das emoções.

Permanecemos em um impasse, nossos olhares travados como se cada olho fosse uma peça de um quebra-cabeça, tentando decifrar o outro. Eliza ruminando a informação recém-revelada, enquanto eu absorvo cada detalhe dela, atento aos sinais sutis que indicam suas reações.

Um brilho azul, como um lampejo fugaz, passa pelos olhos castanhos de Eliza. Uma manifestação peculiar que, mesmo desprovido de sentimentos, reconheço como o Eco dela. Observo atentamente, registrando cada nuance desse fenômeno único, como se estivesse decifrando uma linguagem desconhecida.

O silêncio entre nós persiste, e, embora Eliza não pronuncie uma palavra, há uma mudança tangível em sua fisiologia. Seu coração, antes pulsante com choque e tristeza, agora dispara de uma forma diferente, uma cadência que denota nervosismo. Observo suas mãos trêmulas, testemunhando a manifestação física do desconforto que parece envolvê-la.

Enquanto continuamos nesse impasse silencioso, percebo sua respiração tornar-se mais pesada, e seus olhos, que antes refletiam perplexidade, agora começam a lacrimejar. Cada detalhe sutil é como uma pincelada no quadro das emoções humanas que, embora eu não compreenda completamente, observo atentamente. A tensão no ar torna-se palpável, e minha perspicácia é guiada pelos sinais que Eliza emite, buscando compreender uma linguagem que transcende as palavras.

_O que sentiu em seu Eco?_ Pergunto, precisando tocar seu braço para que ela me note. Seus olhos voltam a si, e ela responde. _Estão vindo, Jorge o médico e mais dois homens. Se você se concentrar, em breve os notará.

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