Quando as correntes caíram no chão, soaram de forma silenciosa, aos ouvidos do médico. Mas Eliza as ouviu perfeitamente, cada elo se chocou contra o chão a seu próprio tempo.O médico agarrou Emerson nos braços e mancou pelos ferimentos até a casa grande. Uma de suas mãos havia sido decepada, tornando-se um cotoco de braço.
Ele lavou a ferida em água abundante e aplicou o remédio de uma seringa em Emerson. No entanto, o menino de olhos abertos não reagiu.
Já no banheiro da casa grande, ele deitou a criança e iniciou uma série de massagens para restabelecer os batimentos cardíacos. Porém, foi inútil. Às 7:00 da manhã de um dia desconhecido de um ano que ninguém contou, Émerson faleceu. O menino de oito anos, picado por um inseto, teve uma forte reação alérgica e simplesmente deixou o mundo dos vivos, tornando-se um lembrete da delicadeza que representa a vida humana.
::::
Minha mão ainda está em cima do menino.
Eu realmente tentei salvá-lo.
Deus é minha mais verdadeira testemunha.
E embora eu tenho certeza que qualquer se chocaria mas sim eu acredito em Deus.E foi ele é mais ninguém que reclamou o garoto para si.
Eu me sento no chão azulejado da fazenda.
Eu não gostava do menino.Não nutria por que ele nenhum sentimento mas por conta dela eu tentei salvá-lo.
Mas então uma sombra negra cobriu a luz que eu via.
::::Existe um limite para as pessoas, acho que o meu chegou. Olhei para Emerson no chão, olhos arregalados, boca espumante, e só conseguia pensar em carma. Envenenei outros, e agora a criança que eu... As palavras não se formam na minha mente.
Uma parte do meu cérebro foi cauterizada. Deixo o médico ofegante e ando pela casa bagunçada.
Algum Morphileon deve ter entrado e revirado tudo em sua loucura dane-se!. Vou até a cozinha, existe algo,aquele gosto amargo e azedo na boca, doce e salgado, um gosto de tudo e nada ao mesmo tempo. O momento exato em que tudo se torna nada e nada e tudo que se tem.
Pego meu facão.
O metal frio contra a pele quente da minha mão ressoa como um prelúdio para decisões sombrias, enquanto a escuridão da culpa me envolve, em um estado de choque.
Émerson está....
Ignoro a palavra e volto até o médico. Ele me encara, pavor atravessando seus olhos ao perceber minha decisão. O facão desce, um golpe seco rasgando sua carne, banhando eu e os azulejos em sangue.
O golpe profundo selou seu destino separando o ombro de seu pescoço por uma fenda que cospia um rio de sangue
O homem grita, a dor ecoando enquanto se arrasta pelo chão, deixando uma trilha vermelha pela sala.
_Nao, foi -minha-culpa...
Ele geme enquanto se arrasta deixo-o fazer isso, como um último desejo de um moribundo. Não há prazer, apenas ação frenética em meio ao choque, como se estivesse assistindo a um filme de horror pessoal, desconectado da realidade enquanto me afundo no abismo do desespero.Ele vira para suas costas para mim em sua tentativa patética de fuga, está fraco demais para isso .
E eu enfio o facão entre suas costelas, usando a força de minhas duas mãos .
Ele se contrai e grita, em seguida."Como não pode ter sido sua culpa? Tudo é sua culpa."
Espanto o pensamento não quero pensar nisso ou vou chorar e sofrer por Emer.Pelo menino.
Pelo Menino!
"Isso! não pense em um nome não lembre do rosto.
Apague isso coloque essas lembranças em um porão no fundo do seu inconsciente!"Essa convicção me dá força e eu puxo o facão.
Ele torna a urrar e sangue salpica meu rosto embaçando minha visão eu mau consigo ver por trás da cortina vermelha que cega meus olhos.
Eu me ajoelho passando minhas pernas ao redor dele e apoio seu pescoço na lâmina, ele tenta se livrar de mim apoiando a mão e o cotoco no chão mas não chega a ser uma luta.Eu puxo o fio lentamente sentido o sangue escorrendo pelos dedos, é quente e pegajoso.
Ele engasga e murmura coisas desconexas."Eu não salvei ninguém, nem mesmo o garoto eu pude evitar morrer."
O pensamento me atravessa como uma flecha, é rápido demais para evitar e logo ele es instala.Levanto-me e encaro o corpo no chão. Minhas pernas bambeiam, e escorrego pelo piso. De repente, tudo perde o sentido. Por que eu queria tanto esta casa? Por que eu queria tanto vingança? Coloquei todos na rota da morte!
A realidade é um borrão de culpa e horror, as decisões que me trouxeram até aqui pesando como uma âncora na minha alma. A casa que um dia quis agora parece um sepulcro macabro, e a vingança que almejei tornou-se um veneno que me envenenou também.
Fecho meus punhos e dou alguns socos em meu peito.
_Engole o choro! - eu me alerto - Anda!Um espasmo me toma, ao imaginar passar pelo banheiro e ver -Emerson- o garoto morto.
Não posso.
Não pense nesse nome.
Não lembre desse rosto.
Eu fico de pé e caminho.
Para onde?
Não sei!
Por quanto tempo?
Não tenho ideia.Eu só preciso sair daqui, e esquecer tudo e todos que ficaram pra trás.
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Refúgio Brutal
Diversos"Minha história não se encaixa no molde dos romances convencionais. Na verdade, duvido se posso chamá-la de romance de todo. Os romances geralmente se concentram em jornadas de aprendizado e crescimento interior, mas a minha é uma história de pura s...