Refúgio Brutal

Ciúmes parte 2.

Debaixo das cobertas, meu corpo testemunhava a dança fervorosa da paixão recém-desperta, e cada músculo parecia sussurrar os segredos de uma primeira vez marcante.

Deitada sobre ele, ouço a melodia tranquila de sua respiração, e seus dedos dançam delicadamente em minha nuca, criando arrepios sutis.
_Acho que você precisa de uma palavra de segurança.
Ele diz depois de um silêncio prolongado.
Eu uno minhas sobrancelhas.
E o encaro,existe preocupação genuína em seu olhar.
_Entao, eu não sei muito sobre essas coisas, e eu não tinha uma vida agitada antes de tudo.

Sinto-me mais desconfortável quando ele inclina o rosto na minha direção, uma tensão palpável no ar.
_ Aqui, eu não fui casada, e nem morei no exterior, eu vivi aqui e estudei na cidade mas só isso.
_Entendo.
A resposta dele é quase instantânea, como se estivesse se esforçando para me tranquilizar.
_Eu não sou 100% humano e a coisas podem sair do controle num piscar de olhos , tamanho sabemos se os efeitos dessa cura que o doutor fez é duradoura e se eu perder o controle e te machucar?

Enquanto meu coração se aperta no peito, a ideia de poupar o médico deixa de ser uma opção e se transforma em uma necessidade crucial ele mesmo sendo um cientista louco é o mais próximo de um médico que temos acesso.

_Por isso a palavra de segurança, se em algum momento eu me tornar um animal e por acaso você sentir medo ou dor com qualquer coisa que eu faça você deve dizer, e então eu saberei que devo parar imediatamente.

Enquanto sua mão se eleva, seus olhos amplificam a urgência e seriedade de suas palavras; um afago reconfortante em minha bochecha suaviza a atmosfera
_Pense em algo, e use, através do Eco se necessário, eu saberei que esse é o seu limite.

Eu concordo.
_O que vamos fazer com aqueles corpos?
_Esqueca isso por um estante, como eu ja disse o Red está cuidando disso.
Eu o olho de baixo.
_Nao é maldade da sua parte deixar o trabalho pesado pra ele enquanto estamos aqui deitados? E o Emerson cadê?

Ele gargalha, revelando dentes com pontas que, vez ou outra, desaparecem, como se estivesse em uma constante busca por manter apenas sua humanidade visível quando próximo a mim.
_Ok, primeiro que eu estou debilitado, - meu sorriso desmancha ao ouvir isso.
E antes que ele conclua eu pergunto.
_Por que?
_O Red se alimentou de mim, em três pontas e eu me curei se me alimentar, por isso ele agora fala normalmente, e eu estou um caco.

Uma onda de frustração me envolve, e eu o encaro de forma acusatória.
_Deveria ter se recuperado direito antes de voltar! - eu me sento pronta pro Sermão- Quantos dias correu sem se alimentar? Pela velocidade com a qual chegou, você nem se quer parou de correr duram o dia!

_Eu teria se você não tivesse fugido.

Sua resposta, dita em tom baixo, é desconcertante, fazendo-me perder toda a compostura altiva que mantinha segundos atrás.
_Voce colocou a vida de todo o grupo em risco não tem consideração pelos companheiros?

Arregalo os olhos.
Ele não parecia estar bravo comigo, mas eu me enganei.
Ele estava bravo sim porém esperou a hora certa para me repreender.
_Voce poderia escolher não vir.
Disse em uma fraca tentativa de virar o Jogo.
_Nao aja como se você não tivesse agido de forma calculada você sabia que eu viria, sabia que eu traria o Red, sabia que mataríamos a todos, você só se usou de isca enquanto brincava com a cabeça deles.

_Nao levou em conta que deixava uma criança de oito anos sozinha em uma cidade abandonada com dois Morphileons feridos.

Minha garganta fecha.
_Mau conhecíamos o Red e se ele se aproveitasse da situação pra ferir Emerson, talvez até me matar?