Laços qe nos desunem.

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Na penumbra do quarto, a Marechal fechou a porta, deixando para trás a quietude da madrugada. O eco do silêncio era interrompido apenas pela presença ansiosa do médico.

Ao arrastá-lo para um aposento discreto, a Marechal sentiu a urgência na voz trêmula do médico.

_Você...- ele gaguejou - Vo-você acha que ela está falando a verdade?
_Esta, ela tem detalhes sobre coisas que ela nem sabe, como o experimento do doutor que começou aqui, a Pamela, os Homens que seguiram o Jorge que eram meus homens...

A Marechal, refletindo sobre as revelações obscuras, inclinou-se sobre a cama, tentando encontrar clareza no emaranhado de verdades enterradas

O silêncio na sala parecia mais denso do que nunca, como se ocultasse segredos ainda mais sombrios.

_Deveríamos matá-la, ela matou nossa filha.

O médico proferiu as palavras, e a Marechal respondeu com um suspiro pesado.

_Te darei dois minutos para reconsiderar suas palavras.

Enquanto o médico tremia, a ansiedade dançava no quarto. Dois minutos eram desnecessários; o arrependimento já marcava seu rosto, revelando que Azula, de alguma forma, conhecia seus pensamentos.

Aproximando-se, ele a encarou com olhos marejados.
_O que faremos? Se revelarmos a cura, a cúpula suga cada gota de sangue dela, mesmo que isso signifique sua morte.

Revoltada, a Marechal se ergueu.
_E quanto a mim? Acha que eu não me apeguei? Todos estamos felizes, você não vai mais ao distrito vermelho eu não fico só na base e até Clarisse está feliz, Temos uma família agora, Temos uma família de novo e tirar Eliza daqui não é a solução.

O médico sorriu, lágrimas nos olhos. _Ela confia em você.
Deveríamos levá-la para longe da cidade, mantê-la segura.

A Marechal o encarou com fúria.
_E levá-la para além dos muros para copular com um Morphileon selvagem? Por quanto tempo aquela fera se manterá lúcida antes de tomar ódio mortal pelos humanos e comer o coração dela?

Suas palavras ecoaram, carregadas de indignação profunda, recusando-se a tolerar a ideia de sacrificar Eliza a uma fera.
E o médico lá no fundo sabia que isso estava fora de cogitação uma vez que Azula disse, não.

_No momento em que ela ousar ultrapassar os muros, ela será uma isca viva para ele. É um verdadeiro milagre que ele ainda não esteja aqui seguindo os rastros dela, essa fazenda dever ser longe o bastante para o sinal do Eco dela não alcançar mas se ela ficar mais forte...

A Marechal ponderou, olhos fixos no horizonte incerto.
_Esta decidido . Manteremos Eliza longe da cúpula, e a história da cura está proibida, pelo menos até que eu forje uma saída para este pesadelo.

O médico se ajoelhou entre as pernas dela, urgência em seus olhos.
_Azula, agora, mais do que nunca, tomar o poder da cúpula é uma necessidade urgente.

Azula, relutante, movimentou-se enquanto o médico insistia.
_Só você tem o poder militar e a inteligência necessários. Não pense apenas em Eliza; observe os distritos mais pobres, onde as pessoas sequer têm acesso a um hospital.

Um lampejo de raiva percorreu os olhos azuis da Marechal.
_Você não tem se comunicado com os revoltosos, não é?

O médico negou com a cabeça, mas isso não foi suficiente. A mulher avançou com fúria, e ele, em reflexo, encolheu-se.
Ela parou instantes antes do golpe, respirando fundo.

_Se você se unir aos revoltosos, eu não poderei te salvar. Eu só tenho você, e perder você seria minha ruína.

Azula se ajoelhou diante do marido, acariciando seu rosto. O homem sabia que tinha se aproximado perigosamente de convencê-la, uma rara ocasião em que Azula permitia consolo. Ele aproveitou cada instante, aninhando-a em seus braços._

Refúgio BrutalOnde histórias criam vida. Descubra agora