A marca

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As labaredas dançam à luz da noite, enquanto me vejo ali, observando Eliza. Seus dedos delicados deslizam pelos cabelos de Emerson, que repousa serenamente no forro azul. A fogueira aquece a cena, e o crepitar sutil se mistura ao sono tranquilo do meu filho. No silêncio, sinto a magia da conexão entre Eliza e a criança, imerso na serenidade desta noite única.

Enquanto observo Eliza e Emerson, meus ouvidos captam o suave som do cavalo ao lado, mastigando a grama com uma cadência preguiçosa. Cada mastigação é como uma nota tranquila na sinfonia noturna, adicionando uma camada serena à cena.

O sorriso suave de Eliza contrasta com a lembrança da criatura que rosnou mais cedo pra mim.

Seus olhos negros , ficaram vazios pontuam estante , agora brilham com uma escuridão intrigante. Uma inquietude se instala em mim, como se entre a tutora serena e a criatura selvagem, houvesse uma dualidade envolta em mistério, desafiando a compreensão.

Observo atentamente as mudanças sutis em Eliza, desde a forma como ela anda até o domínio evidente de seu Eco. Uma sombra de dúvida paira, questionando se essas transformações estão ligadas aos testes da vacina. A incerteza cresce, como se estivesse testemunhando uma metamorfose silenciosa, e a pergunta sobre o que se desenrola diante dos meus olhos paira no ar.

Red, o Morphileon, grunhe ao meu lado, usando nosso dialeto primitivo:
_Não entendo como ela fala com nossa espécie. Como?

Sinto uma inquietude crescer enquanto seus olhos a observam com quase devoção.

_Não encara. Ela não gosta.
Minto, criando queixas fictícias de Eliza para acalmar a curiosidade primal de Red. A comunicação entre nós soa como murmúrios ancestrais, perdidos na dança das chamas da fogueira.

_Por que nos seguiu Red?
Pergunto já imagino a resposta.
_Precisava saber se realmente ela falava idioma Morphileon. E embora outros também tenham ouvido nenhum de fato acreditou.

Atraído pela curiosidade.
Eu deveria entender mas não gosto da sensação de Eliza está chamando atenção.
Principalmente de Morphileons.

_E o que pretende?
Pergunto.
_Enteder...
Ele diz a olhando fixamente, Eu praguejo internamente ao notar que ele não vai nos deixar tão cedo a menos que eu o mate.

_Ela é sua fêmea?
A pergunta me pega desprevenido, fazendo-me dar um passo em falso. Preciso me corrigir no chão, e esse movimento atrai os olhares de Eliza e Emerson. Uma tensão momentânea paira no ar, enquanto busco uma resposta que não revele mais do que necessário sobre os laços complexos que compartilhamos

_Sim_,rosno defensivamente, mas ele não demonstra medo.

_Não parecem, não vi sinais de acasalamento entre vocês. Talvez esteja mentindo.

Uma raiva crescente inflama meu peito, as unhas se evidenciando. A tensão entre nós aumenta,

_Você não entenderia nem mesmo se eu explicasse, não passa de um animal que perdeu a sua humanidade há muito tempo._As palavras escapam de minha boca em um rosnado furioso, carregadas de um veneno que parece sangrar em ambas as direções.

Me levantando com uma expressão fechada caminho até Eliza.
_Emersom, Eliza acabou a noite vamos descansar, partiremos logo ao amanhecer.

Embora surpresos ambos me obedecem, um milagre genuíno.

A inquietação me consome enquanto Eliza coloca Emerson para dormir, e o outro Morphileon observa como uma sombra vigilante com olhos de chamas crepitantes.

Indago-me como Eliza suporta essa constante vigilância.
A barraca ao lado da carroça promete uma noite sem descanso para Emerson que se meche em várias direções . Deitada virada para o lado oposto noto Eliza, o silêncio dela é apenas superficial, e sei que o repouso não encontra seus olhos.

Refúgio BrutalOnde histórias criam vida. Descubra agora