Resposta da natureza part.2

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Flutuo na água da cachoeira, os dedos deslizando suavemente pela superfície líquida até alcançar o rosto dele. O toque é delicado, uma conexão tênue entre a água que nos envolve e o ser enigmático à minha frente. Meus olhos permanecem fixos nos dele, que estão paralisados em mim, sem emitir qualquer emoção humana.

 Meus olhos permanecem fixos nos dele, que estão paralisados em mim, sem emitir qualquer emoção humana

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A cachoeira murmura ao nosso redor, enquanto a atmosfera se enche de uma tensão silenciosa. Cada segundo parece uma eternidade, uma troca intensa entre a humanidade e o mistério que ele representa.

_O que é você? -Deslizo meus dedos por seu rosto; sua pele, embora bela, é áspera, quase escamosa.
Seus olhos concentrados e sua expressão fria e duradoura .
Ele permanece congelado feito um robô em minha frente.

_Sua espécie me chama de Morphileon.

Eu tento reprimir o medo primitivo que nasce em mim.
Quero sair imediatamente daqui porém minha vida já está uma merda e morre aqui ou lá já não faz muita diferença.

Estar diante de um ser como ele, que permanece me olhando sem tentar me matar, supera até mesmo tudo o que eu vivi até agora. Sua presença é intrigante, uma mescla de beleza e rugosidade, e meus dedos deslizam por seu rosto com uma curiosidade incontrolável.

Cada toque revela uma textura quase escamosa, uma peculiaridade que só amplifica o mistério ao meu redor. O medo, embora presente, cede espaço à fascinação diante do enigma que é esse Morphileon. Ele permanece congelado como uma estátua, seus olhos fixos nos meus, deixando uma impressão indelével em minha mente.

_Por que sua comida saiu pela boca?_ Ele pergunta com um rosnado porém não existe raiva é como conversar com uma onça . Como explicar a ele que foi aquela injeção? Que agora sou uma cobaia para um novo tipo de vacina para a doença que ele mesmo porta?

Ele permanece quieto, como se nem mesmo estivesse pensando, embora eu duvide disso.

_Foi por conta do médico que estava no quarto. Sua mão me feriu, mas estou bem._ A resposta sai, tentando simplificar o complexo, mas a incerteza permanece, pairando no ar como uma sombra constante.
Ele não expressa nada com minha resposta como se ela tivesse sido mais do que clara.

Mas não quero responder perguntas, quero fazer perguntas.

_Por que sua espécie odeia os humanos?

_Não odiamos humanos - ele pensa consigo, então completa - Talvez eu odeie.

Não faz sentido.

_Então, por que nos matam?
Pergunto, sentindo os dedos das mãos dele cobrirem toda a minha cintura, impedindo que a correnteza me leve, como se eu fosse abraçada por um Carvalho plantado ao meio das águas, que nem mesmo se balança ao ser açoitado por elas.

_Para comer.

A resposta vem como um choque, e percebo que estou diante talvez da maior ameaça que já enfrentei, minha mente me alerta que eu devo ter medo embora ele não esteja interessado em mim.

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