Capítulo 1. um novo amanhecer.

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E.U.A oito anos atrás.

No coração dos imponentes picos dos Apalaches, um laboratório clandestino  se esconde de uma população inocente , dissimulado pela folhagem exuberante que o abraça. Uma fachada moderna e futurista emerge entre as árvores como um segredo bem guardado. Os corredores silenciosos conduzem a salas estéreis, onde a luz artificial dança em equipamentos de ponta, testemunhas silenciosas da pesquisa genética avançada. Monitores piscam com a promessa e o mistério do desconhecido, enquanto cientistas circulam com a gravidade de quem carrega o destino nas mãos. Cada passo sussurra a saga de descobertas proibidas, confinadas nos limites do isolamento.

_Vamos combinar agora o material genético "a386" com o "A 285".
Disse o jovem Frank distraído em sua tela.
_ok - respondeu sua assistente - doutor? O que usaremos de cobaias dessa vez? Um coelho?

Frank sorriu.
_Estou pensando em algo maior.
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Presente.
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Meus olhos estavam colados com o peso do cansaço eu mau podia me mover de exaustão pelo dia vivido e pela noite intensa, mas o silêncio da noite foi quebrado pelos soluços de Emerson. Abri os olhos sonolentos e o vi parado à beira da cama, seu rostinho frágil revelando um medo infantil.

_Eliza... - A voz dele era um sussurro trêmulo. - _Eu ouvi um barulho estranho, acho que é um Morphileon.

Minha exaustão desapareceu instantaneamente. Afastei as cobertas, oferecendo um convite silencioso para ele se juntar a mim. Seus olhos, cheios de temor, encontraram os meus antes de ele se enroscar ao meu lado.

_Não precisa ter medo, Emerson.

Minha voz, suave como uma brisa noturna, tentava dissipar as sombras que o assombravam. Ele se aninhou contra mim, buscando abrigo em meus braços.

A escuridão do quarto cedia espaço à ternura que compartilhávamos. Senti a pequena mão de Emerson agarrando o cobertor, como se estivesse tentando segurar seus medos.

_Estamos seguros aqui. - Murmurei, afagando seus cabelos. -_Nenhum monstro ousará nos incomodar, seu papai está lá fora lembra?

Ele concorda com a cabeça.

O silêncio se tornou nosso aliado, e juntos mergulhamos em um sono tranquilo.
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Os primeiros raios de sol tentam penetrar as cortinas cerradas, e eu me vejo enredada entre o limbo do sono e da vigília. Sob o calor dos lençóis, meu corpo reluta contra a ideia de se desvencilhar do abraço confortável da noite. Meus olhos, como pesados protagonistas relutantes, resistem a se abrirem, como se o próprio despertar exigisse um tributo de esforço. Com paciência, venço a resistência do sono, e lentamente minhas pupilas se abrem, revelando um mundo que se desenha aos poucos. Cada centímetro conquistado é uma vitória sobre a relutância matinal, e eu emergo, envolta na névoa do despertar.

Émerson se estende ao meu lado esticado feito uma estrela do mar com a boca aberta, tenho a sensação de que ele não tem dormido desde que a mãe faleceu.
Suspiro ainda meio dormindo.

Imagens da noite anterior se formam em minha mente e eu me encolho novamente dentro das cobertas.

Evitar pensar nisso é essencial para a minha sanidade, afinal, a intensidade da noite passada foi assustadoramente prazerosa de uma maneira sinistra.

Jamais imaginei algo assim quando mencionei acelerar o coração, mas concordei no momento em que a proposta partiu dele. Preciso aprender a dizer não, ou acabarei com uma coleira, chamando-o de mestre.

Ao visualizar a cena em minha mente, ergo uma sobrancelha e dou dois tapinhas em meu rosto para afastar o calor que se intensifica.

É imperativo recordar que acabei de emergir de uma relação incrivelmente complicada, e embora Marcelo seja irresistivelmente atraente de uma forma intensa, eu simplesmente não estou pronta para isso. Agora que o pior já ficou para trás, sobram os emaranhados dos laços que tracei no caminho. A pergunta persiste, e eu admito não ter a resposta: o que realmente sinto por Marcelo? É uma emoção distinta daquela que nutria pelo "encosto".

Refúgio BrutalOnde histórias criam vida. Descubra agora