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[ GETO SUGURU ]

Era uma daquelas noites quentes de verão, daquelas que é melhor passar deitado na praia, com uma cerveja gelada na mão, olhando para os jatos voando acima, com o barulho de  seus motores  estremecendo o céu. Era onde eu deveria estar. Seria a decisão mais inteligente, a escolha óbvia entre ser responsável e ou ir para onde eu estava indo agora.

Ah, foda-se. Eu teria que estar no meu melhor comportamento pelas próximas dez semanas, e se eu precisasse de uma noite de folga para passar por isso, aceitaria.

Uma gota de suor escorreu pelo meu pescoço por baixo do calor sufocante do meu capacete enquanto eu esperava o sinal mudar. O resto do sol estava se pondo atrás de mim, deixando o céu manchado de roxo e azul, e quando o sinal ficou verde, liguei o motor e parti em direção à escuridão.

Minutos depois, guiei minha Ducati 848 suavemente até o estacionamento do bar sem nome - meu Deus, isso era muito duvidoso - e depois desliguei o motor. Não houve hesitação quando saí da moto, tirei o capacete e prendi-o na parte de trás do assento. Então eu tirei minha jaqueta de couro, sentindo alívio quando uma rajada de vento quente esfriou minha pele nua e o suor na minha testa. Enquanto a música tocando lá dentro era filtrada pela porta da frente abrindo e fechando, um ronronar baixo de antecipação encheu meu estômago. Já fazia muito tempo, e eu estava morrendo de fome.

Ao entrar, meus olhos se ajustaram ao ambiente mal iluminado. Era um bar qualquer com cabines de vinil rachadas ao longo  do perímetro, uma jukebox velha perto do bar totalmente abastecido, TV's ligadas e um monte de ninguém assistindo. Para um domingo, não estava muito lotado, mas isso não importava muito, considerando que eu estava aqui com um encontro marcado. Outra varredura rápida no local me disse que ele ainda não havia chegado, então fui até o bar, consciente dos olhares em minha direção, me avaliando.

— Quero uma Heineken — disse ao barman, descansando o cotovelo no balcão e largando a jaqueta nele. Sentar convidaria visitantes e minha noite estava marcada.

Quando o barman abriu a tampa e empurrou a garrafa na minha direção, tomei um longo gole da cerveja gelada e olhei para a única televisão que não exibia um canal de esportes. O noticiário local estava passando, exibindo uma reportagem sobre o show aéreo do fim de semana e, enquanto eu assistia os aviões exibindo manobras, senti um par de olhos me observando.

Olhei para o relógio atrás do bar, optando por ignorar quem quer que estivesse fazendo minha pele esquentar, e xinguei silenciosamente meu encontro atrasado. A última coisa que eu precisava era estar ali sozinho, parecendo querer que alguém se aproximasse. Eu não queria; Eu não era do tipo que vasculha um bar procurando diversão. Eu estava mais interessado em ter um plano e executá-lo. Não haveria surpresas assim. Não tinha como as coisas darem errado.

Mantendo esse pensamento em mente, continuei prestando muita atenção à aeronave F/A-18 Hornet exibida na tela da televisão. Eu achei que estava fazendo um ótimo trabalho ao emitir um ar de "não chegue perto de mim", mas alguns minutos depois alguém apareceu ao meu lado, invadindo meu espaço pessoal de uma maneira que indicava que ele não estava apenas interessado no assento vazio ao meu lado.

Droga, essa era a última coisa que eu precisava.

— Ei, este lugar está ocupado?

O tom arrogante do homem que acabara de dizer aquela frase nada original me disse que ele não estava nem um pouco preocupado com a possibilidade de eu rejeitá-lo. De fato, antes de dizer qualquer coisa, pude sentir o cara deslizando para o assento ao meu lado, o calor de seu corpo esquentando a pele nua do meu braço.

Rangi meus dentes e lentamente me virei na direção da minha nova companhia, e enquanto eu me preparava para dar meu discurso de ‘obrigado, mas não estou interessado’, minhas palavras ficaram presas em algum lugar na minha garganta.

Danger Zone | SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora