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[ GOJO SATORU ]

— Espero que tenham gostado das férias, tenentes, porque as coisas só vão ficar mais difíceis daqui em diante. — o comandante Kento passeava pela frente da sala, os braços cruzados atrás das costas e o olhar avaliador pousando em cada um de nós. — Temos um dia inteiro pela frente, começando com uma discussão sobre a investigação do incidente do tenente Geto.

Olhei para Suguru sentado duas fileiras abaixo de mim, ao lado de Hiroshi, e me perguntei se ter que assistir a uma reencenação do acidente seria a melhor maneira de Suguru voltar ao treinamento, mas não havia nada que eu pudesse fazer a respeito. Ele estava muito longe de mim.

— Mas primeiro, me pediram para lembrá-los sobre o próximo Baile da Marinha que acontecerá em duas semanas. Espera-se que cada um de vocês esteja presente, e você pode trazer um convidado para a noite. O código de vestimenta é estritamente formal e vocês encontrarão todas as informações pertinentes em seus armários no final do dia.

Droga. Eu tinha esquecido completamente o baile militar anual e, se o evento não fosse necessário, eu o ignoraria completamente. Mas não. Eu teria que ir, e Suguru teria que ir, e nós dois teríamos que levar acompanhantes porque ninguém nunca ia a esses eventos sozinho.

Deus, essa era a última coisa que eu queria fazer.

Quando o comandante Kento acendeu as luzes para iniciar o briefing, Suguru olhou para mim por cima do ombro, com uma pergunta em seus olhos. Foi bom eu estar começando a lê-lo muito bem, porque entendi imediatamente: o que diabos vamos fazer com o baile?

De jeito nenhum ele consideraria irmos juntos, e levar outro cara também estava fora de questão. E aí? Ele traria alguma mulher aleatória? O pensamento disso acontecendo fez minhas entranhas se agitarem, meu corpo protestando fisicamente contra a ideia de Suguru aparecendo com alguém que não fosse eu.

Foda-se, pensei, segurando o lápis com tanta força que ele se partiu ao meio. Se não estivesse tão silencioso, ninguém teria notado, mas é claro que Haibara me lançou um olhar interrogativo.

Acenando para ele, larguei os restos do lápis e me recostei no assento, cruzando os braços e fingindo que estava prestando atenção ao que o comandante Kento estava dizendo. Eu não precisava de informações sobre o que aconteceu lá em cima com Suguru; Eu já tinha visto, e não era algo que eu queria reviver. Além disso, eu tinha coisas mais importantes em que pensar. Tipo, quem diabos Suguru levaria para o baile?

Quanto mais eu pensava nisso, mais eu rangia os dentes, porque por que eu me importava? Não significaria nada trazer um amigo ou quem quer que fosse ao evento. Não, não era esse o problema. O problema era que algo dentro de mim estava ligado a Suguru, e não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso.

Sem apegos. Sem deixar ninguém ficar muito perto. Era assim que eu vivia minha vida há anos, e de alguma forma, no decorrer de algumas semanas, Suguru conseguiu entrar em minha mente e, porra, eu não me importava que ele estivesse lá.

Se eu fosse honesto, porém, admitiria que ele fixou residência em mais do que apenas minha mente, mas como eu estava contente em ser um mentiroso por enquanto, não pensaria nisso. O que estava acontecendo entre nós não era sério. Era divertido e sexy pra caralho, e era isso.

Não era?

Duas horas se passaram em um piscar de olhos e, no final do briefing, eu não poderia ter revelado um único fato sobre a investigação oficial já que estava prestando zero atenção.

— Ei. Gojo. Gojo? Cara, acorda. — Haibara me deu uma cotovelada e, quando me levantei na cadeira, ele balançou a cabeça. — Nunca vi alguém dormir com os olhos abertos antes. Isso é assustador.

Danger Zone | SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora