Danger Zone | Satosugu

02

[ GOJO SATORU ]

— Gojo, meu chapa. — uma mão bateu no meu ombro quando eu abri o armário que me foi designado, e olhei por cima do ombro para ver Gucci, também conhecido como Yu Haibara, meu melhor amigo, com um sorriso grande e pateta no rosto. — Dá pra acreditar que estamos fazendo isso?

— Porra, dá sim — eu disse, enquanto batíamos nossas palmas e iniciamos o aperto de mão especial que havíamos inventado uma década atrás, quando éramos adolescentes bobos com grandes sonhos. Agora éramos apenas idiotas tolos com sonhos ainda maiores.

— Você já conferiu seu avião? — ele perguntou, abrindo o armário ao lado do meu.

— Você sabe que sim.

— Algum otário colocou uma placa no meu dizendo Chanel. Chanel! Dá pra acreditar?!

Bufei, desempacotando o conteúdo da minha mochila no meu armário.

— Gucci, Chanel. Erro fácil.

— Vá se foder, cara. É culpa sua que eu esteja preso a esse nome pelo resto da vida.

— É o que você ganha por vomitar na bolsa de uma garota antes do treino.

Haibara gemeu, batendo a cabeça no armário várias vezes.

— Quatro rodadas de Três Sábios e você esperava que eu mantivesse essa merda no meu corpo? Por que não me apelidaram de 'Sábio'?

Eu levantei uma sobrancelha.

— Você realmente quer que eu responda isso?

— Ou até 'Peso Leve'. Eu aceitaria isso.

— Poderia ser pior. Você poderia ter ficado conhecido como ‘Vômito’.

— Sim, sim. — Haibara jogou ao acaso seus produtos de higiene pessoal no armário, murmurando: — Chanel…

Com mais cuidado do que meu ex-copiloto, coloquei cada item em seu lugar e passei os dedos sobre o traje de voo marrom pendurado - eu já estava usando o verde. Pronto para o primeiro dia. A Naval Aviation Fighter Academy, ou simplesmente NAFTA, aqui em Tóquio, seria minha casa pelas próximas dez semanas. Eu estava acostumado a viver com uma mochila, indo de base em base onde quer que fosse designado, sem nunca criar raízes em lugar nenhum. Quem sabia onde diabos eu terminaria quando terminasse a competição aqui? Acho que dependeria se eu falhasse ou ganhasse a competição.

— Então, o que você fez ontem à noite? — Haibara soltou um riso idiota ao acrescentar: — Ou está cansado demais para responder?

Um sorriso apareceu em meus lábios quando fechei a porta do armário.

— Você é uma figura, Gucci.

— O que posso dizer, minha mãe me criou bem.

Ao me encostar no armário, pensei na noite passada e no Bonitão, e embora eu desejasse que o leve desconforto no meu corpo esta manhã fosse devido a ter sido fodido no meu colchão por aquele corpo fenomenal, o álcool era o responsável pela minha condição nada excelente.

Mas Haibara não precisava saber disso.

— Sua mãe é uma senhora maravilhosa que teve a infeliz sorte de ter você como filho dela.

Haibara deu um sorriso cheio de dentes.

— Que seja. Sou o filho favorito dela.

— Você é o único filho dela.

— Exatamente. Minhas irmãs podem brigar sobre quem é a filha favorita, mas eu vou sempre ser o filho favorito.

— Você é um idiota.