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[ GETO SUGURU ]

Eu tive que sair de lá.

Tudo estava um borrão quando saí correndo do prédio, minha mente girando. Eu realmente retribuí o beijo de Satoru? Na base? Poucos minutos depois do confronto com meu pai?

Ao montar na minha moto e ligá-la, eu não tinha certeza de para onde estava indo, mas sabia que não podia mais ficar na base. Eu corri cegamente pelas ruas, tentando fugir das palavras de meu pai, tentando esquecer como era bom beijar Satoru.

Merda, eu realmente o beijei. E não só isso, senti cada centímetro de seu corpo contra o meu, e foi alucinante. Passei todo o tempo tentando evitá-lo, afastando-o a cada passo, e a explosão entre nós aconteceu quando eu menos esperava.

Ninguém nos viu, pensei, tentando acalmar o pânico em meu cérebro. Ninguém mais sabe.

Engolindo em seco, corri pela cidade apenas para me encontrar indo em direção ao aeroporto. Havia um parque próximo, deserto desde que me lembro, e antes mesmo de poder dirigir, eu ia de bicicleta para ver os aviões decolando.

Parei e estacionei a moto ao lado dos balanços enferrujados, olhando para cima enquanto um 737 corria pela pista e depois puxava seu corpo pesado para o céu. Sempre me dava arrepios ver como os pilotos navegavam com facilidade em aeronaves tão grandes e, a cada decolagem, eu me perguntava para onde eles estavam indo. Eu nunca considerei seguir uma carreira em voo comercial - com meu pai sendo quem era, isso nunca foi uma opção, mesmo se fosse algo que eu desejasse.

Sentei-me entre as barras do carrossel e recostei-me nas mãos. Foi surpreendentemente pacífico entre os jatos decolando - exatamente o que eu precisava para lidar com o caos no meu cérebro e acalmar meu corpo.

Momentos depois, um barulho de cascalho me alertou de que eu não estava mais sozinho e nem me incomodei em me virar para ver quem era o intruso. Eu já sabia.

— Você colocou um rastreador em mim? — eu disse, mantendo os olhos na pista, onde um airbus tinha começado a subir.

Satoru riu enquanto seus passos se aproximavam. 

— Não. Eu só te segui.

Deveria ter me incomodado que ele tivesse vindo aqui, que tivesse interrompido um momento privado. Mas quando ele apontou para o local ao meu lado no carrossel e disse: 

— Este lugar está ocupado? — eu realmente não me importei com o fato de ele ter vindo até aqui. E, para ser honesto, esperava que ele viesse. Talvez eu quisesse que ele viesse.

— Não o impediria se estivesse.

Satoru sorriu ao se sentar. 

— Fico feliz em ver que você está finalmente entendendo.

— Como eu disse, você não é sutil.

— Não, eu não sou.

Observamos em silêncio enquanto outro avião decolava, o som alto o suficiente para abafar o barulho na minha cabeça, e foi exatamente por isso que eu subconscientemente escolhi este lugar.

Pelo canto do olho, vi Satoru esfregando os lábios. Aqueles lábios que tinham um gosto tão bom quanto pareciam. 

— Você fugiu meio rápido.

— Sim.

— Eu não sinto muito.

O comentário foi tão impenitente, tão... Satoru, que meus lábios se curvaram. 

— Não estou surpreso.

— Você quer que eu peça desculpas?

Olhei para o céu enquanto pensava sobre isso. Meu corpo estava em guerra com minha mente, metade de mim desejava que ele esquecesse essa coisa entre nós, e a outra metade desejava desesperadamente o que ele queria dar.

Danger Zone | SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora