Capítulo 8

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Anastácia

— Bom dia, filha. — Sorri ao ouvir a voz da minha mãe do
outro lado da linha. Espreguiçando-me na cama, tentava afastar o
restante da sonolência que me dominava. — Como foi o voo de
volta?
— Com algumas turbulências, mas ótimo. Só não te liguei
quando cheguei, porque estava muito tarde.
— Você sabe que nunca me importo de receber notícias —
repreendeu-me pela minha fala e eu me senti mal por não o ter feito.
Poderia ser adulta, mas ela sempre seria minha mãe e sempre se
preocuparia comigo. — Estou morrendo de saudades. Parece que
faz meses que não a vejo, não apenas duas semanas.
— Eu também, meu amor. — Senti uma pontinha de culpa
assomar o peito por não ter ido visitar meus pais no Wyoming nesta
semana e acabei externando isso: — Deveria ter ido vê-los.
— Bobagem, menina — pude imaginar o sorriso amplo que
ela me dava, terno, mas com um pouco de repreensão —, não é
todo dia que se ganha uma viagem para Barbados.
— Verdade — sussurrei. — Embora ainda ache estranha
essa minha sorte.
Franzi levemente o cenho recordando-me do arrepio que
percorreu o meu corpo quando, dois dias depois da grande festa da

Motors, o chefe do departamento em que trabalhava entregou-me
um envelope branco contendo as passagens. Me disse que o
escritório estava me dando uma semana de férias remuneradas em
uma praia caribenha pelos bons serviços prestados a empresa.
Tentei protestar, achando que era um absurdo esse gasto quando
sabia que a empresa estava indo de mal a pior. Também não
entendi o porquê de ter sido eu a escolhida para ganhar um prêmio,
mas não me foi explicado. Fui coagida por ele, o que tornou a
situação ainda mais estranha. Ele deu a entender que seria uma
desfeita com a diretoria e que quando houvesse os cortes de
funcionários isso pesaria contra mim, então acabei aceitando. Sabia
que em breve iria perder o meu emprego, mas não queria daquela
maneira.
Pensar na comemoração do aniversário da empresa fez com
que flashes da noite que me permiti nos braços do estrangeiro
voltassem a minha mente, e um calor gostoso se espalhou pelo meu
corpo, transformando-se em mais puro desejo, que fazia de tudo
para sufocar. Por mais que eu tentasse, ainda podia sentir o seu
corpo forte e musculoso mergulhando lentamente no meu, o olhar
negro ardendo de desejo enquanto me penetrava, o gosto dos seus
beijos que pareciam impregnados na minha boca, o modo como ele

me tocava, me fazendo sentir preciosa, bem como os sentimentos
que tinha despertado e que me fizeram deixá-lo sem me despedir,
pois sabia que não conseguiria lidar com eles. Detestaria que ele
me tratasse como mero sexo casual, por mais que não tivesse me
prometido nada, sendo completamente honesto naquilo que queria.
Tinha me envolvido mais do que gostaria. Era uma tola
romântica que nem conseguia separar as coisas. Ele não era o meu
príncipe encantado, minha alma gêmea, a metade que eu sonhava.
Era apenas um desconhecido carinhoso. E a prova do quão boba eu
era é que a todo momento me pegava recordando dele,
principalmente do seu sorriso, seu estado relaxado. Na forma que,
depois de ter feito amor lentamente comigo, envolveu-me em seus
braços, aninhando-me, algo que meu ex nunca fez, até que o calor
dele me levasse a dormir em seu abraço. Me custou muito deixá-lo,
mesmo sabendo que era o melhor para nós. Ele não iria gostar de
uma mulher como eu, que confundia uma noite com uma vida.
— Besteira. — A voz da minha mãe me tirou do transe,
principalmente quando citou uma das suas expressões brasileiras
que custava a entender seu significado — Cavalo dado não se olha
os dentes. Adoraria ter ido no seu lugar — riu e completou,

maliciosa, fazendo-me gargalhar também: — com seu pai, é claro.
Parece um lugar muito romântico.
— Muito.
Emiti um suspiro longo e profundo, enquanto buscava afastar
a imagem criada pela minha mente de Cristh0
removendo o meu
biquíni com suas mãos fortes, me acendendo com uma simples
carícia, e me amando nas areias claras de uma praia deserta.
Tola.
— Não tinha nenhum homem interessante… — comentou,
esperançosa.
— Não, mamãe — interrompi-a, impedindo de continuasse a
divagar, por mais que ela só quisesse a minha felicidade. Não podia
negar que ela era tão sonhadora quanto eu, e sabia que uma ilha
paradisíaca seria palco das suas fantasias românticas. — Se tivesse
também, acredito que não teria me dado conta.
— Entendo — foi a vez dela suspirar.
Minha confidente desde sempre, não pude esconder da
minha mãe o quão imprudentemente me joguei nos braços do turco
e o quanto ele tinha mexido comigo. Nunca poderia omitir tal coisa
dela. Para minha surpresa, não me julgou, apenas disse que eu era
uma mulher jovem, bonita e saudável, que isso era natural. Que eu

O Pai Do Meus Bebês É O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora