Capítulo 36

1K 83 13
                                    

Anastácia

As lágrimas derramadas faziam meus olhos arderem, meu
corpo estava tomado pelo cansaço causado pela gestação e pelas
emoções do dia, mesmo assim, eu virava de um lado para o outro
na cama, não conseguindo dormir.
Depois de ter mandado uma mensagem para minha mãe com
uma pequena mentira de que eu estava bem, avisando que
precisava descansar um pouco, evitando a ligação em que eu
provavelmente acabaria chorando muito ao ponto de preocupá-la, e
uma outra para Cristhian , que não tinha certeza se deveria ter enviado,
motivada pela vontade de mais uma vez demonstrar como eu me
sentia em relação a ele e nosso bebê, havia decidido me deitar após
um banho quente, que não conseguiu oferecer nenhum conforto.
Porém, minha mente, contrariando o meu corpo, estava
completamente alerta, repassando cada momento do dia, desde a
intervenção de Cristhian  ao assédio de Mark, do turco segurando meus
cabelos enquanto eu colocava tudo para fora, o amor que vi nos
olhos dele quando tocou a minha barriga, e a nossa briga pelo
pedido de casamento dele movido somente pelo senso de honra.
Era doloroso pensar que apesar do tempo que passamos
juntos nesse último mês, compartilhando confidências, conversando,
nos amando, não tinha sido especial para o turco quanto havia sido

para mim. Provavelmente, tinha significado apenas sexo e prazer,
mas, como uma menininha romântica, que parecia gostar de
quebrar a própria cara e não tinha aprendido nenhuma das suas
lições, havia fantasiado que ele poderia vir a me amar um dia,
confundindo o carinho e atenção que ele me dispensava como
amante, com algo a mais. E eu sabia que iria pagar caro pelo meu
erro, por ter me entregado de corpo, alma e coração a ele. Não
havia dúvidas de que a convivência com ele pelo nosso filho seria o
maior sacrifício que faria pelo fruto que crescia dentro de mim.
Saber que o turco nunca iria retribuir meus sentimentos doía muito.
— Por que machuca tanto, meu bebê? — sussurrei ao sentir
novamente as lágrimas rolando pelas minhas bochechas e deixei
que caíssem, desejando que elas levassem consigo um pouco do
amor que eu nutria por Yazuv e oprimia meu peito.
— Por que a mamãe não aprende nunca?
Chorando, levei a minha mão à barriga, acariciando-a
suavemente por cima da camisola de algodão, buscando o consolo
e a força que precisava para seguir em frente no bebezinho que eu
tanto amava e já faria de tudo por ele. E sabia que necessitaria de
todo o ânimo e motivação para sobreviver ao dia de amanhã, que
seria marcado por um sentimento agridoce. Não era a minha

primeira consulta com o meu obstetra, mas o doutor Érike tinha me
dito para aguardar um pouco mais para fazer um ultrassom
transvaginal para que pudesse ver algo além do saco gestacional.
Embora com certeza seria difícil me concentrar pela presença
impactante de Cristhian a, eu contava os segundos para ver a imagem
do meu bebê, mesmo que ele fosse do tamanho de uma
sementinha, e quem sabe conseguiria ouvir o coraçãozinho dele no
primeiro ultrassom. Pelas nossas contas, eu deveria estar com
quase sete semanas, mas nem sempre nesse período era possível
escutar os batimentos, mas torcia e muito para que sim. Seria um
momento mágico, e mesmo que não fôssemos um casal, eu queria
o pai do meu bebê junto comigo, que compartilhássemos aquela
alegria.
— Não tenho dúvidas que o papai também se emocionará —
comentei com a voz embargada, meu coração pulsando apertado
pela dor de não ter meu amor correspondido, enquanto deslizava
gentilmente a mão pelo abdômen.
Piscando meus olhos cansados e sonolentos, continuei a
conversar com a criança que crescia em meu ventre, sussurrando
palavras que buscavam me convencer que o amor do turco pelo
nosso filho era o suficiente, ao passo que o arrependimento de ter

rejeitado o homem que amava por uma razão tão imatura quanto o
amor, começava criar suas raízes cruéis em meu peito. Um marido
que te respeita, carinhoso, fiel e fogoso na cama não era mais do
que muitas tinham por aí? Por que não me contentava com isso?
Chiei baixinho, xingando a minha própria tolice, por não agarrar
aquilo que era dado a mim e ao meu bebê pelos meus sonhos
ingênuos, que pareciam cada vez mais distante de serem
alcançados.
Chorando convulsivamente, o sono finalmente me invadiu,
mas enviando-me para um sonho conturbado, onde Mark era o
principal vilão ao tentar atingir minha barriga, bastante volumosa,
com uma faca, para tirar a vida daquilo que eu mais amava. Quando
depois de tentar lutar várias vezes para me defender no meu
pesadelo, vi que Cristhian  estava presente e virava as costas para mim
e o nosso filho, deixando-nos a mercê daquele homem que parecia
mais sádico. Quando Mark estava prestes a me esfaquear, acordei
assustada ao ouvir o meu próprio grito.
Abri os olhos, e como se tivesse uma mola no meu corpo,
sentei-me depressa. Abracei meus joelhos, protegendo minha
barriga instintivamente, e senti que uma fina camada de suor cobria
a minha pele, meu coração batia freneticamente quase saindo pela

O Pai Do Meus Bebês É O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora