Anastácia
— Casar? — Disse a palavra com a voz tão esganiçada que
ela pareceu soar aos meus ouvidos como um guincho de um animal
ferido, e observei os olhos insondáveis através dos meus úmidos,
vendo a expressão desprovida de emoção. Novamente a bile subiu
pelo meu esôfago, mas dessa vez a contive, inspirando fundo.
Afastei do toque que parecia queimar a minha barriga, depois
de ficar paralisada por um tempo, dando vários passos para trás,
precisando colocar uma distância entre nós dois e sua proposta
dolorosa. Passando um braço na minha cintura, envolvi a mim
mesma em um abraço, demonstrando a vulnerabilidade que sentia.
Contudo, o homem que eu amava e me olhava como se fosse um
dos seus negócios, não concordava comigo que o afastamento
fosse uma solução, caminhando em minha direção, parando a
milímetros do meu corpo. Erguendo a mão, segurou o meu rosto
pelo queixo, inclinando a minha cabeça de modo que eu não
conseguisse desviar os olhos dos seus.
— Sim, sevgili — soou áspero e eu estremeci, não porque eu
me sentia intimidada pela presença máscula e poderosa, que
poderia fazer qualquer um curvar aos seus desejos, mas pela frieza.
Para quem havia recebido o carinho dele, aquele tratamento
gélido era doloroso.— Você se tornará minha esposa — falou e eu fechei os
olhos ao ser rasgada ao meio pelas suas palavras.
Como eu desejei ouvir aquilo, como ansiei por cada
promessa que viria com elas, a de felicidade, companheirismo e
amor.
Mas não havia nada da alegria conjugal na frase de Cristhian ,
somente a indiferença de alguém que pegava o que queria. A
arrogância de quem achava que sairia vencedor, mesmo que com
um casamento infeliz.
— Daremos uma família ao nosso bebê — completou, me
tirando do pequeno transe, e a dor se intensificou ainda mais.
Uma família. Outra fantasia que tinha secretamente ansiado e
que esse homem destruía pela frieza com que pronunciava a minha
sentença.
Não, eu não iria aceitar a condenação. Nem a dele. O amava
demais para castigá-lo a um casamento de conveniência, como
tinha sido os dos próprios pais.
Eu precisava ser forte por mim, por ele, e principalmente pelo
meu bebê.
Não sujeitaria meu pequeno a infelicidade de crescer em um
ambiente sem amor, em que com o tempo só restaria ressentimento.Abracei-me ainda com mais força, como se protegesse meu
filho dessa proposta, e empreguei a voz mais firme que tinha, mas
não sem antes afastar-me do seu toque:
— Não!
— Não? — rosnou. — Nós vamos nos casar, karı, quer você
queira ou não — sentenciou, mas não respondi.
Passou a mão pelos cabelos em um gesto que fazia quando
buscava um pouco mais de controle, e o silêncio, quebrado apenas
pelas nossas respirações entrecortadas, caiu sobre nós. Pigarreou,
empregando um tom mais ameno, aveludado, como se mudasse de
tática:
— Não criarei meu filho fora do matrimônio como muitos
vermes fazem. — Puxou o ar com força. — Meu bebê terá o meu
sobrenome.
Balancei a cabeça em negativa. Como a minha gravidez,
algo que deveria ser comemorado com muito amor e alegria, se
transformou em uma discussão amarga?
Nunca poderia me casar com alguém que não me amasse,
vivendo um casamento vazio, infeliz.
— Não sei como funciona na Turquia, Cristhian , mas nos
Estados Unidos não precisamos nos casar para registrá-lo. Acreditoque não teremos problema em solicitar a dupla cidadania, se é isso
que o preocupa.
— Você não pode me impedir de assistir o crescimento do
meu filho — ignorou minha fala e continuou: — e o casamento é a
única forma de garantir isso.
— Nunca o impediria de conviver com o nosso bebê. —
Minha voz soou triste.
Abracei a minha barriga. Doía e muito pensar que ele
acreditava que eu seria capaz de proibi-lo de participar do dia a dia
da criança. Não era esse monstro cruel que negaria ao meu filho o
convívio com o pai por mero capricho, como forma de retaliação só
porque ele nunca poderá retribuir meus sentimentos.
Cristhian não podia imaginar o sacrifício que eu faria ao ter que
conviver ele, o homem que eu amava, pelo meu filho, assistindo-o
seguir sua vida. Deus, não queria nem pensar na tristeza que
sentiria ao vê-lo com outra pessoa no futuro.
— Quero participar do cotidiano dele, benim değerli — disse
com um tom melancólico ao se aproximar novamente de mim, suas.
mãos pousando sobre os meus ombros —, quero trocar fraldas, ter
minhas quotas de noites insones, e isso não será possível se não
estivermos casados, morando na mesma casa.
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O Pai Do Meus Bebês É O Ceo
FanficESSA HISTORIA NÃO ME PERTENCE Uma mocinha ferida, um milionário arrogante e uma gravidez acidental... Depois de flagrar o homem que achava que seria o seu príncipe encantado transando com uma colega em plena festa da empresa, Anastácia refugiou-se...