Capítulo 32

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Anastácia

— Desculpe por isso.
Passei a mão pelo meu rosto limpando o choro e dei um
sorriso fraco quando ele gentilmente me sentou no sofá do
escritório.
— São os hormônios — completei com uma meia-verdade.
Dentre todas as reações que imaginei que ele pudesse ter,
nem nas minhas fantasias mais doces poderia ter imaginado que o
turco fosse carinhoso, cuidando de mim, logo depois de eu ter
confirmado a gravidez.
Quando ele segurou os meus cabelos com cuidado para não
os sujar enquanto eu colocava tudo para fora, pensei que
desmoronaria. Mas foi o olhar repleto de amor que ele tinha lançado
para a minha barriga enquanto a acariciava e depois sua fala
completamente protetora que me levou às lágrimas. De felicidade,
de amor, por saber que o meu bebê já parecia ser muito amado pelo
papai. De tristeza por mim mesma, achando que o sentimento não
estendia a mim, embora houvesse gentileza no fato dele me
carregar e se preocupar comigo.
Deus, o que eu estava esperando? Que ele me amaria só
pelo fato de descobrir que eu estava esperando um filho dele?

Deveria estar nas nuvens pelo simples fato dele amar essa criança
tanto quanto eu, disposto a tudo para protegê-lo.
— Quer que eu pegue sua bolsa? — Disse tão próximo a
mim, inclinando-se na minha direção, que eu pude sentir o hálito
dele tocando a minha pele, o leve cheiro de menta era delicioso.
E, por um momento, ressenti-me do meu estado deplorável
que me impedia de puxá-lo para um beijo. Estava mais do que louca
por um banho, mesmo que não tivesse nada respingado em mim,
contudo sabia que não poderia sair sem termos uma conversa.
Nossas vidas estavam ainda mais entrelaçadas uma na outra, de
modo irrevogável.
— Sim, está na primeira gaveta da minha mesa. Pode pegar
um copo de água também, por favor? — tinha me esquecido
momentaneamente do remédio.
Percebi que ele não gostou muito do meu tom e não contive
um sorriso ao ver a carranca dele, algo que estava morrendo de
saudades de contemplar. Sim, estava apaixonada pelos sorrisos
dele, mas também pelo modo como suas feições se fechavam
quando desgostava de algo. E a ternura que sentia por ele fez com
que eu levasse minha mão a barba bem aparada. O grunhido
baixinho que ele me brindou, bem como o olhar intenso, repleto de

desejo, fez meu corpo formigar, um calor se acumulando em meu
ventre. Não podia negar que queria muito fazer sexo com ele.
— Certo — pegou a minha mão gentilmente, pousando um
beijo nela, antes de se levantar fazendo o que pedi.
Não demorou muito, ele me entregou o que pedi e tomei o
meu remédio.
— É muito recorrente, bebek? — me perguntou suavemente,
nossos olhos se encontrando quando ele agachou.
— O quê?
— O enjoo.
Fiz que sim com a cabeça.
— Começou há duas semanas — confessei.
Vi um brilho cintilar nas duas ônix, fazendo com que uma
onda de terror se apoderasse de mim novamente. De algum modo,
ele parecia furioso, pelo menos achei que sim. Subitamente ele se
ergueu, virando as costas para mim. Meu coração se apertou pela
reação dele e um silêncio pesado caiu sobre nós. Não contive as
lágrimas.
— Há quanto tempo você descobriu a gravidez? — Sua voz
não escondeu a dor que sentia, o que foi uma grande surpresa.
— Um dia depois que você viajou. — Encolhi-me no assento.

— Por que não me contou? — Virou-se para mim e encarou a
minha barriga, que por instinto eu acariciei. — Por que escondeu
isso de mim? Seria algo que teria aliviado a dor que eu sentia.
— Achei que seria menos impessoal contar frente a frente —
me desculpei, sentindo o arrependimento me invadir —, falar por
telefone que eu estava grávida, me pareceu tão frio. E eu também
tive medo, no início, da sua reação.
Como se fosse possível, o rosto dele se tornou uma máscara
fria, me mostrando porque ele era conhecido como “Sr Severo”. Fui
uma idiota em confessar a ele o que senti.
— Medo? — disse, seu tom aumentando vários decibéis: —
Que merda de homem você pensa que sou, aşk? Pensei que você
me conhecia.
Engoli em seco.
— Que você confiasse em mim — sussurrou.
Não tive forças para responder suas acusações, por mais que
estivessem erradas. Eu confiava nele. Muito.
— Não importa.
Soltou uma risada sombria, que me fez tremer, mas que me
deu coragem para fazer o que era correto. Erguendo-me devagar,
sentindo minhas pernas mal sustentando o meu peso, me aproximei

dele, pousando minha mão sobre seus ombros. Pensei que ele iria
me rejeitar, porém não o fez.
— Desculpe, Cristhian  — segurei seu rosto para que ele
sustentasse meu olhar —, eu tomei uma decisão errada, você tinha
o direito de saber assim que descobri. Não foi minha intenção
magoar você. Me desculpe… — Pisquei, e mais lágrimas
escorreram pelo meu rosto.
Ele só balançou a cabeça em concordância, e tocou a minha
barriga, a acariciando. O gesto pareceu transformar seu semblante,
tornando-o mais suave, e mais uma vez vi os olhos dele
transbordarem com amor pelo pequeno ou pequena, intensos. Meu
coração se acelerou por ver aquele sentimento lindo nele e meus
dedos buscaram os seus que se movimentavam com cuidado.
— Eu teria voltado na mesma hora — disse tão baixinho, que
imaginei que não era intenção dele que eu escutasse.
— Sua mãe precisava de você.
— Ela teria entendido que meu lugar é com o meu filho —
disse com um tom que soava como se não tivesse nenhuma dúvida.
Não foi a certeza da sua afirmação que me atingiu como um
tiro à queima roupa, mas sim o fato dele frisar as palavras lugar e
filho, meu cérebro compreendendo de vez que não havia espaço

para mim em sua vida, só para o bebê. A dor que apertou o meu
peito foi intensa demais, mesmo assim não conseguia impedi-lo de
tocar a minha barriga. Eu devia isso a ele, como um pedido de
desculpas. Ele era o pai do meu bebê.
Porém, depois de vários minutos em que um silêncio
perturbador pairava entre nós, não imaginava que o meu coração
sangraria ainda mais ao ouvir sua próxima fala, que nada tinha a ver
com o meu erro, mas parecia uma forma de punição. Foi uma
sentença que massacraria meus sonhos românticos, pois não era
um pedido, mas, sim, uma ordem, e em um tom confiante de quem
tinha tudo o que desejava, com a arrogância de quem nunca aceita
não como resposta:
— Nós vamos nos casar!

Continua...

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Beijos até a próxima.

O Pai Do Meus Bebês É O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora