Capítulo 34

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Cristhian

Paralisado, fiquei observando as portas de metal se
fecharem, levando a mãe do meu bebê para longe de mim. Fiquei
sem reação para impedi-la, exigindo mais explicações.
Permaneci longos minutos ali, parado, olhando para o nada,
sentindo como se um par de garras estivessem espremendo meu
peito, causando uma dor ainda mais intensa do que aquela que me
invadiu quando descobri que ela havia escondido a gravidez de
mim, quando eu estava mal, precisando de alento. Aquela notícia
teria me dado um sopro de felicidade.
Apesar de ela ter pedido desculpas, de eu ter percebido nos
olhos azuis e na sua expressão o arrependimento, eu me apeguei
ao fato dela não ter me contado, aumentando a proporção, como se
fosse um erro gravíssimo, não um simples mal-entendido.
Mas, no fundo, tinha sido a simples palavra “medo” saindo
dos seus lábios o que mais me feriu e fez com que eu tratasse tudo
de modo frio e prático.
Ela teve medo de contar para mim. Medo da minha reação.
Medo! Aquelas quatro letras ecoavam na minha cabeça, zombando
de mim.

O sentimento de traição tinha me atingido como uma
punhalada. É isso, me senti traído na confiança que tinha
depositado nela. Tinha me aberto para aquela mulher, expondo
minha fragilidade, compartilhando com ela todo o peso que sentia,
sobre minha família, coisa que nunca havia feito antes.
E tudo se tornou mais potente quando ela recusou minha
proposta de casamento à queima roupa, não tinha conseguido
conter a raiva que cresceu em meu interior. Irritado, ferido, tinha sido
inadmissível para mim, para o meu ego, que a mãe do meu bebê
não quisesse se tornar minha esposa. Que ela não agarraria a
oportunidade de ter uma vida luxuosa e confortável que eu poderia
lhe proporcionar. Que egoísta! Ela negaria ao nosso filho o direito de
crescer em um lar repleto de amor, tendo os dois pais com ele! Não
queria agora ponderar as consequências do casamento para nós
dois, queria só focar no meu filho.
Encarei meus dedos trêmulos enquanto o ar queimava meus
pulmões a cada inalação por vários minutos até que pude ver que o
que tinha acontecido era somente minha culpa.
Tinha feito aquilo que jurei não fazer quando via minha mãe
sofrendo, eu magoei a değerli. Estava mais do que transparente no
olhar dela, nos gestos, que eu a magoara por tratar um casamento

como um mero contrato de negócios. E ela me deixou pela quarta
vez. Se essa rejeição fez meu coração bater apertado, saber que
machuquei a mulher que, por mais que eu tentasse mentir para mim
mesmo, estava aprendendo a amar, me cortava ainda mais a alma.
E eu me odiei por causar tanta dor a mãe do meu bebê, por
ter transformado aquele momento de alegria em amargor. Havia
lutado muito para não ser como meu pai e avô, me tornar um
homem diferente deles, mas em uma única tarde tinha destruído
tudo, descendo ao mesmo nível deles.
Não me perdoaria tão cedo por isso. Tinha estragado tudo
com a minha arrogância, e magoei uma das poucas pessoas que
me importava e isso fez com que a raiva retornasse com toda a sua
força, só que dessa vez a ira era dirigida a mim mesmo, à minha
estupidez.
Mas logo a dor tornou-se ainda maior no meu peito, quando a
frase dela “Eu não posso me casar com o homem que eu aprendi a
amar, sabendo que ele não me ama de volta” começou a ecoar na
minha mente, mostrando-me o quão cruel eu tinha sido não apenas
por querer condená-la a apenas uma união de conveniência regada
a sexo, por parecer brincar com seus sentimentos. Tinha ignorado,
inúmeras vezes, todas as pequenas advertências que ela tinha me

dado de que não se doava pela metade, e a prova viva disso era o
fato de que Ana  havia se entregado incondicionalmente ao oferecer-
me um ombro amigo e palavras de ternura em um momento difícil,
em que me sentia perdido.
Foi somente ali, quando tive a consciência que ela não teria
se entregado para mim apenas por diversão, o coração partido dela
na noite da festa era um forte indício disso, que me dei conta que
ela não entregou a mim somente seu corpo. Ela deveria ter
enxergado o homem que nem sabia que existia dentro de mim, um
que era muito mais do que apenas um ser que tinha obsessão por
riqueza e compulsão por poder. Era por isso que o sexo tinha sido
diferente com ela, me feito ansiar por muito mais, mais do que
apenas satisfação física. Ela tinha feito amor comigo várias vezes e,
sem saber, eu fiz amor com a değerli também.
Mas eu a afastei com a proposta de casamento fria. Fui
arrogante, pensando que estava fazendo a coisa certa para nós,
pensando no bem do bebê, mas talvez devesse ter falado que
precisava do seu amor, algo que até então não sabia que
necessitava.
— Aptal — gritei.

Amaldiçoei-me várias vezes, xingando-me em diversas
línguas. Saindo daquele torpor, caminhei em direção ao meu
escritório, mas parei próximo a mesa dela e toquei a caixa de
bombom e a rosa, que tinha mandado entregar a ela naquela
manhã. Como um tolo apaixonado, eu gostava de mimá-la e
imaginar os sorrisos que ela dava ao receber os pequenos
presentes.
Entrei na minha sala e fui direto para o aparador, me servindo
de uma dose de whisky que mantinha ali, mesmo que os meus
preceitos não permitissem aquele hábito. Levei o copo aos lábios.
— Bok — xinguei-me novamente. Traguei o líquido amargo
de um só gole, e me servi de mais uma dose dupla.
Girando o líquido dourado no copo, caminhei até a minha
cadeira e joguei-me nela, atormentado, bebericando o destilado
devagar. Imerso em pensamentos e na raiva de mim mesmo, peguei
meu celular e meus dedos automaticamente buscaram uma
fotografia dela na minha galeria, uma selfie que ela tinha me
enviado alguns dias atrás.
Toquei com a ponta do dedo a imagem como se assim eu
pudesse conjurá-la na minha frente e fazer tudo diferente.
— Özür dilerim, değerli[39].

Continua...

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Beijos até a próxima.

O Pai Do Meus Bebês É O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora