Capítulo 40

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Cristhian

Olhando-a pelo retrovisor, constatando que ela ainda tocava
a barriga, dirigi com uma única mão e pousei a livre sobre a coxa
macia. Ela nem havia percebido que em algum momento o vestido
dela tinha subido. O contato de pele contra pele pareceu tirá-la do
torpor que se encontrava envolvida. Virando seu rosto para mim,
sorriu-me e pousou a palma sobre a minha mão.
— Três — sua voz foi doce e ao mesmo tempo emocionada
—, ainda não consigo acreditar que são trigêmeos.
— Eu também nunca poderia imaginar, aşk. — Desviei meu
olhar para o trânsito quando uma buzina exigiu que eu voltasse a
minha atenção.
— Existe histórico de gêmeos na sua família? — perguntou,
sem esconder a curiosidade. — Na minha não houve nenhuma.
Tentei puxar na minha mente se alguma vez houve uma
gestação do tipo, recordando-me de algo que minha anne tinha me
contado uma vez:
— Acho que meus tetravós maternos chegaram a ter um
casal de gêmeos — fiz uma pausa, virando o volante —, mas não
três de uma vez.
Não contive uma risada eufórica ao pensar na minha grande
sorte, novamente me deixando levar por aquele sentimento infantil

de satisfação e orgulho, e o riso baixinho da mulher que eu estava
apaixonado se juntou a minha. Porém, logo se transformou em um
choro baixinho e pude perceber um certo temor. Senti um
desconforto por saber que algo a incomodava e a fazia chorar.
Parando o carro no acostamento da rodovia, removi o cinto e fiz o
mesmo com o dela, segurando o rosto molhado entre meus dedos,
fazendo com que ela me fitasse.
— Por que está chorando, benim değerli? — falei baixinho.
— Você não tem medo, Cristhian? — sussurrou e levou a mão à
barriga, acariciando-a suavemente.
— Do quê, aşk?
— Eu já amo os meus bebês, mas me apavora pensar em ter
três ao mesmo tempo. Fico me questionando se conseguirei cuidar
deles, oferecer o amor que eles precisam.
Fez uma pausa e uma nova onda de lágrimas escorreu pelo
rosto dela, a qual eu limpei com o polegar.
Entendia a insegurança que sentia, pois sabia que a
maternidade era algo muito mais pesado para a mãe, e não era
somente a gestação. Por uma fração de tempo compartilhei aquele
receio junto com ela, pois embora eu dispusesse de recursos, eu
não queria que meus filhos fossem criados por uma babá. Desejava

estar presente para vê-los crescer, educá-los e enchê-los de amor
paterno, algo que não sabia o que era.
Então foi impossível para mim não me questionar se eu daria
conta. Queria ser um bom pai para os meus três bebês, mas e se eu
não fosse?
— E se eu falhar com eles, Cristhian? — externou a minha
dúvida que se tornou a mesma que a dela. — Tenho medo de, na
minha inexperiência, me tornar uma péssima mãe.
Fitei-a por alguns segundos, engolindo em seco.
— Xiu — consolei-a.
Acariciei a face dela, mesmo que minha vontade fosse puxá-
la para o meu colo e aninhá-la em meus braços, sussurrando várias
palavras doces. E, enquanto a fitava, a minha própria incerteza
sobre a minha capacidade tornou-se uma confiança de que
conseguiremos, de um modo ou de outro.
— Não tenho dúvida de que você será a mãe mais amorosa
para os nossos bebês, você será maravilhosa.
Deixei um selinho nos lábios dela, deslizando minha boca
pelas pálpebras que se fecharam com o meu contato, ao passo que
minha mão procurava a dela, e entrelacei nossos dedos.

— Eu não tenho tanta certeza. — Fungou. — Parece tão
assustador.
— Você não estará sozinha, değerli — deixei um beijo na
ponta do nariz dela —, poderemos sempre contratar pessoas para
nos auxiliarem.
— Eu sei, querido.
— Além disso, acho que seus pais e a minha mãe irão querer
estar sempre presentes — disse suavemente —, não há dúvidas
que nos darão uma série de conselhos, embora possa haver
divergências por questões culturais.
— Verdade.
Soltou uma pequena gargalhada, me fazendo rir também.
Mas logo, tornei-me mais sério.
— Eu sou inexperiente igual a você, talvez até mais, mas
sempre irei te auxiliar em tudo o que nossos filhos precisarem — fiz
uma promessa que ia do fundo da minha alma —, dia e noite.
— Obrigada — sussurrou e levou minha mão aos lábios,
plantando um beijo nela. — Me conforta saber que você irá me
ajudar.
Dei de ombros, não iria retrucar que era mais do que a minha
obrigação.

— Se for necessário, podemos frequentar aqueles cursos
para pais de primeira viagem para que ganhemos mais confiança —
mudei de assunto.
Os olhos azuis dela cintilaram com a surpresa, seus lábios
desenhando um sorriso que era capaz de roubar o meu ar.
— Você realmente faria isso por mim? — perguntou com a
voz rouca, e começou a brincar com os pelos da minha barba. —
Não consigo imaginar você frequentando esse tipo de aula.
— Por nós dois, aşk, e pelos nossos trigêmeos — sorri para
ela —, para ser o melhor pai possível para eles.
— Obrigada, Cristhian. — Sua boca encontrou a minha em um
beijo breve, sua língua travessa provocando a minha, deixando-me
alucinado por aprofundá-lo, por tê-la. Por fazer amor com ela outra
vez.
Mas não ali.
— Acha mesmo que eu sentiria vergonha de fazer esse curso
com você? — perguntei ao segurar sua face com as duas mãos,
ofegante.
— Bom… — Pareceu sem graça, e eu arqueei a sobrancelha
para ela. — Só é difícil imaginar um CEO como você participando de
aulas para aprender a como cuidar de um bebê. — Fez uma pausa,

sua voz saindo trêmula: — Você é arrogante demais para fazer esse
tipo de coisa.
Bufei, exasperado, minha expressão se tornando uma
carranca enquanto ela caía na risada mais uma vez. Porém,
observar que a tensão havia desaparecido da sua expressão e que
ela não parecia mais tão presa ao medo, fez com que eu sorrisse
também.
— Estou disposto a aprender tudo o que for possível — dei
um selinho nos lábios dela, fitando-a com intensidade —, não quero
que chegue a hora e eu acabe com medo de segurar os meus
bebês nos braços, e nem saiba trocar uma fralda.
— Fico feliz em ouvir isso, Cristhian  — acariciou os cabelos da
minha nuca —, mas…
Fiz que não com a cabeça, prevendo aonde ela queria chegar
com aquele mas.
— Faremos o melhor que conseguirmos para sermos bons
pais para os três, değerli — sussurrei com a voz embargada,
levando a mão dela aos meus lábios —, não será fácil,
provavelmente será bem difícil, mas cuidaremos deles juntos. Para
sempre.

— Cristhian  — murmurou o meu nome, novas lágrimas se
formando nos olhos azuis, e puxou-me para outro beijo.
Seus lábios eram cálidos e convidativos, movimentando-se
suavemente contra os meus, sua língua traçando minha boca,
pedindo passagem em meio a um gemido. Nunca um beijo pareceu
tão doce, tão perfeito.
— É impossível não me apaixonar ainda mais por você,
sabia? — deixou uma série de selinhos em meus lábios.
— Vamos ver se daqui a algum tempo repetirá isso — fiz um
pequeno suspense: — você ficará doida para se livrar dos meus
cuidados excessivos e exageros.
Foi a vez dela arquear a sobrancelha perfeitamente
delineada, seu rosto se transformando em uma careta.
— Se acontecer, vou para a casa dos meus pais — ficou
calada por alguns segundos — Sozinha! —, brincou comigo, dando
uns tapinhas no meu rosto e eu rosnei, principalmente quando ela
se ajeitou no assento, recolocando o cinto.
— Só se for por cima do meu cadáver — ameacei com a voz
suave e ela gargalhou.
— Isso que veremos, papai possessivo — colocou a mão na
barriga e voltou a acariciá-la —, estou doida para chegar em casa e

ligar para minha mãe, contando as novidades. Fora que o sono está
começando a pesar sob minhas pálpebras.
— Tudo bem, aşk — inclinei-me sobre ela, dando mais um
beijo —, todos os seus desejos de grávida serão atendidos.
— Todos, é? — perguntou em um tom sonolento, enquanto
eu me acomodava no meu banco, voltando a colocar o cinto.
— Cada um deles.
— Gosto disso — emitiu um bocejo.
— E eu vou adorar mimá-la.
Não respondeu enquanto eu dava partida e voltava a dirigir,
indo em direção a minha casa, já que ela não tinha especificado
para qual lugar deveríamos ir e parecia completamente alheia à rota
que eu tomava. Não podia negar que queria que meu apartamento
no prédio histórico se tornasse nossa casa.
Nosso lar. Para mim. Para ela. Para Aylla. Para os nossos
trigêmeos.

Continua....

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Beijos até a próxima.

O Pai Do Meus Bebês É O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora