Capítulo 28

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Cristhian

Fechando a tela do notebook, consciente de que por mais
que tivesse tentado trabalhar, não conseguia prestar atenção nos
relatórios enviados pelos diretores da Motors, e nem mesmo dar a
devida atenção para os documentos referentes aos meus outros
negócios que exigiam a minha assinatura, muito menos rever os
cálculos para checar a rentabilidade de um outro negócio que surgiu
nos últimos dias, apesar de que confiava e muito na pessoa que os
tinha feito.
Precisava daquele refúgio proporcionado pelos negócios,
mas eu não conseguia parar de pensar na mulher frágil que deixei
chorando e sofrendo, nem na preocupação que vi nos olhos da
minha avó depois que deixei o quarto da annemden. Ódio, tristeza,
cansaço, frustração e impotência se misturavam dentro de mim por
não poder fazer nada. Melhor, poderia tentar fazer algo, sim, poderia
tentar convencer o meu pai a voltar atrás, mas sabia que isso não
seria bem-vindo para a minha mãe, que se sentiria ainda mais
humilhada.
Suspirei, passando a mão pelos meus cabelos com fúria,
puxando-os com força, como se desse modo pudesse aliviar aquilo
que sentia. Imaginei que ficar uns momentos a sós com os meus
pensamentos faria com que eu lidasse melhor com tudo o que

estava acontecendo. Nem ao menos tive coragem ainda de mandar
uma mensagem para a benim değerli, avisando que tinha chegado
bem, o que tinha prometido fazer, e ela deveria estar preocupada
pela falta de notícias. Mas Ana  sabia o quanto minha mãe e avó
eram importantes para mim, então me compreenderia, e teria até
alguma palavra de conforto ou mesmo um conselho para me dar.
Algo me dizia que só de ouvir sua voz, eu teria algum alento para
aquele turbilhão.
Ao mesmo tempo em que necessitava dela, eu temia a
dependência que estava criando, não somente pela luxúria, mas
emocional. Nessas duas últimas semanas, algo estava mudando
vertiginosamente na nossa relação, pelo menos para mim, e não
estava sabendo lidar com isso. A satisfação física não me era mais
suficiente e aquilo era um terreno perigoso. O pior é que não sabia
quando tudo tinha saído do meu controle.
E, agora, vítima dos pensamentos e dos sentimentos
angustiantes, tudo o que sabia era que precisava de Anastácia .
Ansiava por sentir o calor do corpo dela contra o meu, o conforto
que isso me trazia. Seu toque carinhoso me fazia esquecer de tudo,
menos dela. O olhar doce e o sorriso franco dando-me a certeza de
que ficaria tudo bem

Queria poder vê-la. Senti-la.
Mas cinco mil milhas me separavam dela, um distanciamento
que não tinha data para terminar. Não poderia deixar minha anne
sozinha naquele estado, nem minha avó.
Sentindo o meu peito queimar, ergui-me da cadeira e
aproximei-me do decantador e me servi uma dose generosa de raki
, necessitando de um pouco de álcool para aplacar aquelas
sensações. Com o copo nas mãos, abri a porta de vidro e caminhei
descalço pela sacada do meu quarto, sendo recebido pela brisa
fresca que soprava e pelas estrelas que cintilavam no céu, alheias a
toda dor e tristeza que havia na Terra. Não sei por que me lembrei
agora daqueles lindos olhos azuis ardendo quando recebia minhas
carícias.
Arfei, sacudindo a cabeça tentando afastar aquele
pensamento fora de hora. Apoiei meus antebraços no balaústre,
tentando focar naquilo que era mais importante no momento, que
era lidar com a raiva e frustração que sentia. Fechei os olhos e
tomei o restante do raki em um só gole, sentindo lágrimas se
formarem com o ardor advindo da bebida forte, mas a sensação em
meu peito não diminuía. Os soluços baixinhos da minha mãe, suas

lágrimas silenciosas, voltavam na minha mente em uma repetição
brutal.
E, por mais que não queria aceitar a dependência que sentia,
abri os olhos e levei minha mão ao bolso da calça, pegando meu
aparelho celular. Não poderia sentir, cheirar, abraçar, mas poderia
ouvir a voz suave e doce da mulher que não saía dos meus
pensamentos. Algo que tinha certeza que aliviaria as minhas dores
só pelo fato dela me escutar.
Precisava dela.
Por alguns momentos apenas contemplei a foto do contato.
Meu coração disparou com a mera lembrança do seu sorriso, uma
emoção se espalhando pelo meu corpo, acalmando um pouco
aquele caos que havia em mim. Um homem tido como severo,
implacável, exigente, rude, se rendendo a sentimentos que
desconhecia. Coloquei a culpa no cansaço que pesava sobre os
meus ombros, um que não era físico, mas mental, na impotência de
não poder agir, algo que não estava acostumado, já que o meu
dinheiro sempre garantiu que eu pudesse fazer tudo o que quisesse
e resolvesse todos os meus problemas com um estalar de dedos.
Mas nem todo o meu ouro e bens curariam o coração partido
da minha mãe.

O Pai Do Meus Bebês É O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora